Conheça tudo sobre a psicologia!
Muito se fala em psicologia no nosso atual contexto histórico e sociocultural. No entanto, é raro encontrar alguém que saiba definir o que é a psicologia e que entenda as possibilidades de atuação dessa ciência.
Buscar a ajuda de um psicólogo, felizmente, tem sido cada vez mais comum. Isso reflete uma preocupação crescente na sociedade com a saúde mental, aspecto que tem grande impacto na qualidade de vida. Mas você sabia que a psicologia vai muito além do atendimento terapêutico?
Neste artigo, você vai conhecer melhor o universo da psicologia desde a sua origem. Vai entender as diferentes abordagens teóricas que embasam a prática profissional, bem como as diversas possibilidades de atuação. Boa leitura!
Entendendo mais sobre a psicologia
O entendimento sobre a psicologia deve passar por sua conceituação, sua história, seu objeto de estudo e seu funcionamento. Quer aprender mais sobre esses aspectos? Então continue lendo.
■O que é a psicologia?
A palavra "psicologia" tem origem grega. Etimologicamente, ela pode ser entendida ao dividi-la ao meio e analisá-la. Como muitas pessoas já sabem, o sufixo "logia" refere-se ao estudo de algo.
Já "psico" vem de "psique", termo que se refere à alma ou espírito. Segundo o dicionário online Dicio, pode também significar "a parte imaterial, incorpórea e inteligente" do ser humano. O mesmo termo dá nome à divindade Psiquê, da mitologia grega, que representaria a personificação da alma humana, afetada por todas as suas paixões e adversidades.
A psicologia, portanto, é o estudo da psique: a ciência que busca compreender aspectos imateriais do intelecto, das emoções e do comportamento humano. Apesar de suas inúmeras divisões em abordagens, o que faz com que muitos falem em "psicologias" (no plural), sua essência sempre se volta para isso.
■Origem e evolução do estudo da psicologia
Um fato incontestável é que a psicologia, como conhecemos atualmente, deve muito de sua origem à filosofia grega. Muitas abordagens e ideias da área bebem de fontes como Aristóteles e Descartes.
De acordo com algumas versões, o primeiro uso da palavra "psicologia" partiu de um filósofo alemão chamado Christian Wolff, que a definiu como a "ciência que estuda a alma". Na verdade, muito da origem da psicologia é alemã: o primeiro instituto da área foi fundado na Alemanha em 1879, o que impulsionou o desenvolvimento acadêmico dessa ciência.
Principais nomes da psicologia
O médico e filósofo Wilhelm Wundt, também alemão, foi responsável pela criação do primeiro laboratório de psicologia experimental. Por isso, é considerado o pai da psicologia científica.
Desde então, diversas abordagens surgiram, e com elas grandes nomes da história da psicologia. O maior deles, provavelmente, é Sigmund Freud: o médico alemão fundou a psicanálise, uma corrente importante para as origens da psicologia e que até hoje tem muitos adeptos na área.
Associado ao nome de Freud está o de Carl Jung, que inicialmente era discípulo do pai da psicanálise e acabou por apresentar ideias divergentes e dar origem à psicologia jungiana.
Na área comportamental, destacam-se Ivan Pavlov, com sua teoria do condicionamento clássico, e Burrhus Frederic Skinner, que aprofundou o estudo do condicionamento e de outros fenômenos e deu origem ao behaviorismo.
A verdade é que cada abordagem e área de atuação têm seus grandes nomes. No entanto, estes são os mais conhecidos em geral.
■História da psicologia no Brasil
Ideias acerca dos fenômenos psicológicos já existiam no Brasil desde o período Colonial, em especial na medicina e na área educacional. Com a criação de um laboratório de psicologia pedagógica no Brasil por Medeiros e Albuquerque, no final do século XIX, essa ciência começou, efetivamente, a ganhar espaço.
Waclaw Radecki, psicólogo polonês, foi um verdadeiro ativista na disseminação da psicologia no Brasil, com a publicação de diversas obras que visavam disseminar conhecimento sobre a área.
Em 1962, o curso de formação em psicologia foi oficializado pelo MEC por meio da Lei nº 4.119. E, no final de 1971, foi publicada a Lei nº 5.766, que instituiu o Conselho Federal de Psicologia e os Conselhos Regionais e regulamentou a profissão.
■Impacto da psicologia para indivíduos e sociedade
As intervenções da psicologia normalmente se aplicam à esfera individual ou a grupos de pessoas, mas, a partir disso, têm um impacto social significativo. Através da compreensão de fatores que afetam o comportamento e as emoções humanas, dentre outros aspectos, essa ciência é capaz de intervir nesses fatores ou na forma como lidamos com eles e provocar mudanças internas e interpessoais.
Com isso, a psicologia é capaz de aumentar a produtividade em ambientes de trabalho, por exemplo, além de promover bem-estar em diversas esferas da vida humana.
■Para que serve e como funciona a psicologia?
A psicologia é muito ampla em suas formas de atuação. Basicamente, onde há ser humano, há espaço para psicologia. Dentre os benefícios que ela pode promover estão:
• autoconhecimento;
• maior inteligência emocional;
• desenvolvimento de estratégias comportamentais para lidar com problemas;
• maior habilidade de se comunicar de forma funcional e assertiva;
• ressignificação de traumas;
• aumento da produtividade;
• autonomia na tomada de decisões.
A aplicação mais conhecida dessa ciência é a psicoterapia: o clássico atendimento de consultório, normalmente individual. Essa é uma vertente importantíssima, mas é apenas uma em meio a uma infinidade de possibilidades.
Por exemplo, a psicologia pode ser aplicada a grupos ou no planejamento de projetos educacionais ou de trabalho, dentre outros. Também é comumente usada na aplicação de testes psicológicos e na elaboração de laudos para diversas finalidades, além de pesquisas acadêmicas e diversos outros cenários.
Seu funcionamento varia muito de acordo com o profissional, a aplicação e a abordagem que embasa determinada atuação. A seguir, você aprenderá um pouco mais sobre as abordagens.
Principais abordagens da psicologia
As abordagens psicológicas são o embasamento teórico que o profissional da psicologia tem para atuar. O mais comum é que se escolha uma abordagem para seguir, mas é possível que um psicólogo tenha afinidade com múltiplas abordagens. Confira a seguir as principais.
■Psicanálise
A psicanálise é uma teoria que vai além da psicologia. Enquanto muitos a consideram uma abordagem psicológica, outros a colocam como um conjunto de princípios e práticas à parte. Psicanalistas não necessariamente são psicólogos, mas é comum que sejam, e a psicanálise é sempre abordada na graduação de Psicologia devido à sua relevância histórica.
Criada por Sigmund Freud, inegavelmente um grande nome da psicologia, a psicanálise é um ramo clínico-teórico que aborda questões psíquicas profundas e defende a existência do inconsciente, camada mais profunda da psique humana.
Embora não possa ser diretamente acessado, o conteúdo inconsciente, segundo a teoria psicanalítica, se manifesta de várias formas, a exemplo dos atos falhos. A clínica psicanalítica se baseia no discurso e na captação do que está implícito, além de dar grande importância para a infância e o papel dos pais do analisando.
■Análise do comportamento
A análise do comportamento, também chamada de behaviorismo, se ocupa principalmente do que é diretamente observável. Ela reconhece a existência de fenômenos internos como o pensamento, mas os caracteriza como comportamentos privados aos quais não se pode ter acesso.
Ela não descarta a influência que os comportamentos externos e observáveis podem ter sobre o comportamento interno. No entanto, atém-se à ideia de que não é possível intervir no que não pode ser observado, e defende que a estratégia mais eficiente é atuar no que está ao nosso alcance.
As intervenções dessa abordagem são muito objetivas e eficazes. Elas atuam principalmente nos antecedentes e nas consequências do comportamento em questão, elementos que podem ser descritos por meio de um método chamado "análise funcional".
Por meio de princípios como o condicionamento, a prática clínica comportamental é altamente eficaz na aquisição de novos repertórios comportamentais e na extinção de comportamentos indesejados. Além disso, os princípios behavioristas podem ser aplicados a diversas esferas da vida cotidiana para induzir resultados de interações com outras pessoas.
■Cognitivo-comportamental
A abordagem cognitivo-comportamental é o que embasa a famosa Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), sem dúvida uma das modalidades mais buscadas no Brasil atualmente. Ela combina ideias da análise do comportamento com teorias cognitivistas.
Essa abordagem busca entender como o indivíduo interpreta as coisas que acontecem e as estruturas cognitivas que regem seu modo de agir, pensar e sentir. Trabalha muito com a ideia de distorções cognitivas e dá muita importância à influência dos pensamentos na vida do indivíduo.
Existe um foco grande na detecção de crenças, hábitos e padrões de comportamento, e a teoria trabalha muito a relação entre pensamento e emoção.
■Outras abordagens
A psicanálise, o behaviorismo e a abordagem cognitivo-comportamental são as escolas da psicologia que têm mais adeptos no Brasil. No entanto, existe uma diversidade ampla de outras abordagens, que também são muito importantes e merecem atenção.
Algumas outras abordagens psicológicas são:
• psicologia analítica (Jung);
• psicologia humanista (Maslow);
• gestalt (Perls);
• psicologia corporal (Reich);
• psicologia positiva (Seligman).
Principais áreas da psicologia
As áreas de atuação podem contar com diferentes abordagens teóricas. Elas são a parte prática da psicologia. Confira a seguir as principais áreas de atuação!
■Psicologia clínica
A psicologia clínica é a atuação psi que engloba a psicoterapia, mas não se resume a ela. Essencialmente, o psicólogo clínico é aquele que trata de transtornos mentais e de sintomas disfuncionais de ordem psicológica.
O psicólogo clínico não necessariamente dará um diagnóstico ao paciente, mas isso pode acontecer. No entanto, independentemente de diagnóstico, esse profissional pode realizar intervenções no sentido de minimizar o sofrimento psíquico.
■Psicologia experimental
A psicologia experimental, como o próprio nome indica, trabalha com a experimentação científica. Portanto, ela estuda aspectos ligados à psique humana por meio da manipulação de variáveis, da observação de fatos e da anotação de resultados.
Essa área de atuação é a que valida ou desbanca teorias psicológicas no meio científico. A experimentação pode ser usada por diversas ramificações da psicologia para comprovar (ou não) fatos e guiar o desenvolvimento da psicologia enquanto ciência.
■Psicologia da saúde
A psicologia da saúde é a área de atuação que estuda a psique humana e promove intervenções no contexto do adoecimento físico e dos cuidados à saúde física. Profissionais da área podem, por exemplo, atuar em centros oncológicos para dar amparo emocional aos pacientes em tratamento contra o câncer.
Essa área também é muito conhecida como psicologia hospitalar, mas não se limita necessariamente ao ambiente hospitalar. É possível que os profissionais da área atuem em departamentos acadêmicos, por exemplo.
■Psicologia educacional
A psicologia educacional é também conhecida como psicologia escolar. Os profissionais da área atuam majoritariamente em escolas e podem exercer atividades como aconselhar familiares de alunos, planejar projetos junto ao professores e promover intervenções grupais para melhorar aspectos específicos, como as relações interpessoais.
■Psicologia infantil
Psicólogos com direcionamento para o atendimento com crianças normalmente realizam atendimento clínico infantil, mas podem exercer outras funções. Esses profissionais têm conhecimento sobre questões da psique infantil que diferem do funcionamento de um adulto, e podem trabalhar questões emocionais, cognitivas e muitas outras.
■Psicologia jurídica
Essa área de atuação representa a intersecção entre Psicologia e Direito. O psicólogo jurídico pode atuar nas varas civil, trabalhista ou criminal como um especialista que usa seus conhecimentos psicológicos para auxiliar um juiz ou uma das partes de um processo judicial. Funciona, portanto, como um assessor, e comumente emite laudos após realizar entrevistas e avaliações psicológicas.
■Psicologia cognitiva
A psicologia cognitiva lida, principalmente, com o aprendizado. Ela aborda questões como a memória e a percepção e busca entender em como o ser humano apreende e evoca informações, além de intervir nesses processos.
■Psicologia esportiva
Também chamada de psicologia do esporte, essa área de atuação lida diretamente com atletas e pode ter um papel importantíssimo na saúde mental deles e no rendimento de times. O psicólogo esportivo ajuda o atleta a lidar com a pressão cotidiana comum ao esporte profissional, dentre outros fatores que geram sofrimento psíquico e podem impactar a produtividade.
■Psicologia social
A psicologia social valoriza muito a ideia de não abordar o indivíduo de forma isolada, e sim como parte de um contexto social. Ela é fortemente influenciada pela sociologia, pela antropologia e pela história.
Divide-se em duas vertentes: a psicologia social psicológica, que trata do indivíduo na presença de outras pessoas e diante de estímulos sociais, e a psicologia social sociológica, que dá mais importância aos fenômenos que surgem nos diferentes grupos e modelos de sociedade.
■Psicologia organizacional
A psicologia organizacional é aquela que aborda o ambiente corporativo e o comportamento de indivíduos, grupos e instituições, considerando o contexto empresarial. Pode abordar, por exemplo, questões como a satisfação profissional dos colaboradores, as relações entre colegas de trabalho e a produtividade da equipe.
Outras informações sobre a psicologia
Você já se perguntou sobre a origem do símbolo que representa a psicologia? A seguir, você terá a resposta para essa e outras questões, como os pontos negativos da psicologia, a atuação do psicólogo e como se tornar psicólogo. Confira!
■Símbolo da psicologia
A psicologia é comumente representada pela letra grega psi (Ψ), que, com o tempo, passou a ser nomeada pelos romanos de "psique". Logo, como a psicologia é o estudo da psique, faz total sentido usar o símbolo para representá-la.
■Pontos negativos da psicologia
Felizmente o estigma associado a quem busca um psicólogo tem se dissolvido cada vez mais com a disseminação de conhecimento. No entanto, ele ainda existe. Especialmente em gerações mais antigas, é comum a ideia de que terapia é coisa de louco — o que é um pensamento totalmente equivocado.
Um problema também muito comum que está longe de ser resolvido é a patologização da vida: o ato de rotular em excesso o sofrimento psíquico de transtorno psicológico. Transtornos existem, mas é importante ter cuidado para não categorizar as pessoas de forma banalizada.
A disputa entre abordagens também pode ser um problema. Embora os psicólogos normalmente demonstrem muito respeito por profissionais que seguem abordagens divergentes da sua, é comum que existam brigas ideológicas entre abordagens muito diferentes. O atrito mais significativo é o que existe entre o behaviorismo e a psicanálise, abordagens muitas vezes colocadas como rivais, mas que podem (e devem) coexistir.
■Como é a atuação do psicólogo?
É praticamente possível estabelecer uma regra geral para a atuação do profissional da psicologia. Isso depende muito do contexto em que ele atua e da abordagem que segue. As possibilidades de atuação são muito amplas, mas uma coisa é certa: a atuação do psicólogo deve visar a promoção da saúde mental e do bem-estar.
A psicoterapia
A psicoterapia é o atendimento clínico terapêutico feito por um psicólogo, geralmente em consultório. É mais comum que ela seja individual, mas existem modalidades de casal, familiares e até mesmo grupais.
Esse tipo de atendimento é o que vem à mente da maioria das pessoas quando se fala em psicologia. Normalmente, acontece com o profissional e a pessoa atendida frente a frente, sentados. Mas, em alguns casos, isso pode variar: por exemplo, o paciente pode estar deitado, como na imagem clássica do divã, associada à psicanálise.
Praticamente todas as abordagens psicológicas têm o poder de ajudar o indivíduo que busca terapia a elaborar vivências, se entender melhor e desenvolver estratégias para lidar com outras pessoas e com os problemas da melhor forma possível.
■Como se tornar um psicólogo?
Os critérios variam de país para país. Nos Estados Unidos, por exemplo, é comum que a graduação de base dos psicólogos não seja em psicologia — eles obtêm o título após ingressar em níveis mais avançados com ênfase na área, como o doutorado em psicologia (que na verdade seria um grau de instrução estadunidense conhecido como graduate school).
No Brasil, a única forma de se tornar um psicólogo é cursar uma graduação em Psicologia em universidade ou faculdade. Na maioria das instituições, o curso dura em média 5 anos, mas esse tempo varia a depender de como você constrói sua grade curricular. Por isso, é possível concluir a graduação em mais ou menos tempo — o que não define a qualidade do profissional.
Ao concluir com êxito uma graduação brasileira de psicologia, você já é considerado psicólogo. No entanto, para muitas atuações (a exemplo da prática clínica), é necessário ter inscrição ativa no Conselho Regional de Psicologia (CRP) do estado em que você reside e atua.
A inscrição ativa no CRP indica que o profissional está apto a exercer todas as atividades básicas que competem à profissão e o coloca em subordinação às normas éticas da psicologia. Isso significa que ele deve conhecer e seguir o código de ética da categoria e pode ser denunciado ao respectivo CRP caso não o faça.
A psicologia é o estudo científico da mente e do comportamento!
Como você já sabe, a etimologia da psicologia aponta para o significado do termo como um equivalente de "estudo da psique" ou "estudo da alma".
Alguns, para afastá-la de definições ligadas a religiões e à espiritualidade, podem defini-la como “estudo da mente”. Outros, a exemplo dos profissionais da Análise do Comportamento, preferem não usar termos como “mente”, e aproximariam sua definição de um estudo do comportamento. Alguns também podem expandir essa definição para um estudo dos pensamentos, das emoções e do comportamento.
Todas essas, na verdade, são nomenclaturas para descrever basicamente a mesma coisa: os mistérios do funcionamento do ser humano que não cabem em explicações totalmente biologicistas.
Psicóloga recém-nascida e redatora do Sonho Astral. Católica e noiva.
"Não gosto da vida em banho-maria, gosto de fogo, pimenta, alho, ervas. Por um triz não sou uma bruxa" (Martha Medeiros).