Considerações gerais sobre agressão verbal
Cada ser humano tem sua personalidade, sua forma de agir, que pode ser tanto positiva quanto negativa, sua forma de interpretar informações e de se comunicar. Quando há falhas na comunicação e no entendimento do que está sendo passado, tende a se tornar um grande problema.
Uma simples conversa pode se tornar uma discussão e uma discussão pode se tornar uma agressão verbal quando há emoções negativas sendo colocadas junto da conversa, como a raiva. Além dos sentimentos intensos, o abuso verbal se faz presente em uma conversa quando passa do limite do saudável.
A agressão verbal é usada quando uma pessoa não consegue impor suas opiniões sobre a outra, quando não está sendo ouvido e precisa partir para uma atitude mais violenta para que o indivíduo concorde com o que está sendo agressivo. Existem outros motivos para chegar a esse ponto, descubra quais são lendo esse artigo!
Entenda o que é a agressão ou violência verbal
A agressão verbal está presente no cotidiano de muitas pessoas, principalmente as que vivem um relacionamento abusivo, que pode ser romântico ou não. Entenda o que é a agressão ou violência verbal e como identificar nos tópicos a seguir.
■O que é a agressão verbal ou violência verbal
A agressão ou violência verbal nada mais é do que um comportamento agressivo, usado para menosprezar a vítima, diminui-la ou manipula-la, afim de torna-la sua dependente. Muitas vezes a agressão verbal é praticada para sentir poder e se sentir importante nas relações, o que pode ser considerado crime.
Porém, também existem situações em que isso acontece pelo fato de o indivíduo não ter um filtro ou controle emocional, se tornando grosseiro ou violento nos momentos de raiva, sem ter a noção das consequências desses atos. Com o acúmulo de pequenas discussões e brigas, a tendência é evoluir para uma agressão física.
■Identificando a agressão verbal
É possível identificar uma agressão verbal através de certas atitudes e sinais quase imperceptíveis da pessoa. Além disso, é preciso entender que o abuso verbal vai além de ofensas, pode vir disfarçado de palavras gentis, por exemplo, ao dizer que mulheres são frágeis, fica oculto o objetivo de minimizar a parceira ou amiga.
A vítima pode questionar sobre sua própria capacidade, duvidar dos próprios pensamentos ou percepções, começa agir de forma mais passiva, pode esconder pensamentos ou ideias para evitar desgastes emocionais, a autoestima diminui drasticamente, a saúde mental é prejudicada, anula a si mesma e as discussões podem evoluir para uma agressão física.
Outros sinais que indicam uma agressão verbal são que os argumentos ou discussões sempre são irrelevantes, qualquer conversa se torna uma briga podendo partir para um ataque, o agressor tenta se impor e não aceita outros pontos de vista, sentimento de esgotamento ao interagir com o indivíduo, além de ser interrompido toda hora ao tentar falar a sua opinião.
■A agressão verbal indireta e silenciosa
Uma forma de agressão ou abuso verbal silencioso é o gaslighting, um tipo de abuso psicológico em que o agressor distorce as informações, não condizendo com a realidade. Essa prática é muito comum em relações abusivas onde a parceira é vista como louca e poucas pessoas conseguem perceber essa manipulação.
O agressor nega qualquer fato que a vítima diga, omite informações ou as distorce, manipulando situações e fazendo com que a mesma comece a duvidar de si mesma. Tudo isso para que o abusador torne essas situações favoráveis para si próprio e a pessoa prejudicada assuma toda a culpa.
A forma como o agressor se expressa, os gestos que faz e o tom de voz quando fala também sinaliza uma agressão verbal, mesmo que não perceba que é assim. Quando está sendo manipulador ou tentando intimidar outra pessoa, principalmente nos relacionamentos afetivos, não necessariamente utiliza palavras agressivas ou grosseiras para manipular a vítima.
A agressão verbal indireta e silenciosa é a mais perigosa, pois é a mais difícil de ser percebida graças às palavras e às falas disfarçadas de gentileza. Para lidar com isso, é preciso ter muito cuidado ao abordar o problema com a pessoa e manter uma conversa franca, apontando as atitudes que machucam, pois a mesma pode não saber que está sendo uma agressora.
Da conversa à agressão
Ao se relacionar com qualquer pessoa, seja um parceiro amoroso, um amigo, um colega de trabalho ou um chefe, é preciso estar atento para que a conversa não chegue ao ponto de uma agressão física ou um abuso psicológico mais intenso. Descubra a seguir como uma conversa evolui para uma agressão e o que fazer caso seja uma vítima.
■Quando a conversa vira discussão
É normal qualquer tipo de relacionamento passar por dias ruins, haver discordâncias, crenças diferentes e acontecer um desentendimento ou discussão. Depois do desentendimento, a interação entre as pessoas volta a ser como antes, com respeito e compreensão.
Porém, a conversa se torna problemática quando há muitos atritos e discussões constantemente por conta das emoções à flor da pele, sem ter um filtro para evitar que palavras mais pesadas sejam proferidas. Nenhuma pessoa escuta a outra, uma quer falar mais alto que a outra e não tem intenção de entender o ponto de vista ou opinião da outra.
■Quando a discussão vira abuso
O problema é quando a discussão é constante na relação, com muitos atritos, acusações, humilhações, ameaças, imposições e tentativas de calar e controlar o outro. Não existe mais respeito ou confiança, as agressões e as humilhações aumentam, todos querem estar na razão mesmo que seja necessário partir para atitudes mais violentas.
É preciso lembrar que o agressor também é um manipulador, pode se justificar e pedir desculpas, sendo uma forma discreta de manipulação para transferir a sua culpa para a vítima. Quando o agressor ganha a intimidade da vítima, os abusos começam a ficar mais evidentes, enquanto no início da relação os sinais são sutis.
■As consequências da agressão verbal
As consequências da agressão verbal podem se tornar um problema para a vida inteira, podendo ser tanto transtornos psicológicos quanto emocionais ou até mesmo físicos, caso o abuso verbal evolua para uma agressão física. Os danos e o sofrimento podem levar a vítima a entrar em uma depressão severa ou até a óbito.
Uma vítima de agressão verbal pode levar anos para reconhecer que uma situação que viveu ou ainda vive é abusivo. Muitas permanecem em silêncio pois tem medo de enfrentar o agressor, de pedir ajuda e o mesmo cometa algum tipo de crime ou de se desgastar emocionalmente mais do que já desgasta.
A agressão e o abuso verbal também vêm de estranhos pelas redes sociais, aumentando mais ainda as chances de a pessoa ter a autoestima e a saúde mental prejudicadas. Os agressores também podem abusar de suas vítimas controlando suas redes, ocorrendo muitas separações por conta dessas atitudes.
■O que fazer caso seja vítima de agressões verbais
O primeiro passo é identificar se está sendo vítima de agressões verbais e então ir atrás de ajuda de psicólogos ou outro profissional da psicoterapia para impedir que essas agressões continuem sendo perpetuadas. O segundo passo é não se permitir ser abusado, não entrar no jogo de manipulação do agressor e não permitir o desrespeito.
Não deixe de se consultar com um psicólogo de confiança, pois com sua ajuda e orientação o processo de se livrar dessa situação será mais tranquilo. Apesar das agressões e abusos verbais seres prejudiciais para todo mundo, lembre-se de que algumas pessoas não percebem que estão cometendo esses atos.
Como reagir a uma agressão verbal
Existem algumas formas de reagir a um abuso verbal de forma que atitudes mais violentas possam ser evitadas, porém, não hesite de pedir ajuda caso for necessário. Veja nos tópicos a seguir como reagir a uma agressão verbal.
■Não revide
Jamais revida as agressões e violências verbais que sofrer, muito menos de forma agressiva, no mesmo nível do agressor. Essa reação piora a situação, a tensão aumenta e o indivíduo se sente desafiado ou confrontado, aumentando mais ainda os abusos e as palavras grosseiras.
Além disso, as discussões e os abusos verbais podem evoluir para uma agressão física, tornando a situação ainda mais preocupante. Reaja de forma empoderada e pacífica, com bons argumentos e evitando cair em suas manipulações.
■Respire fundo
Ao perceber que a pessoa está discutindo agressivamente, segure as emoções respirando bem fundo para se acalmar, pois ao agir de “cabeça quente” as palavras são ditas sem filtro e não há um tempo para pensar em uma forma diferente de agir, causando mais problemas e arrependimentos depois.
Quando o agressor percebe a outra pessoa não está se importando ou se comportando como esperava, aumentando a discussão, fica frustrado e pode desistir de continuar discutindo. Se for possível, se afaste do indivíduo, deixe-o falar sozinho e converse sobre suas atitudes quando o mesmo estiver mais calmo em outro momento.
■Mostre que está ocorrendo uma agressão
Em qualquer conversa saudável é imprescindível mostrar à outra pessoa o que está fazendo de errado, que tal atitude está incomodando ou que o diálogo foi em um tom agressivo. Dê a ideia de resolver esse inconveniente de uma forma mais tranquila e que o agressor tome consciência para não cometer mais abusos verbais.
Evitar de falar com a pessoa sobre o mal que está fazendo para si, e provavelmente para outras, faz com que esse indivíduo pense que está tudo bem. Guardar as mágoas e despejá-las em uma discussão que não tem mais como esconder a dor diminui sua credibilidade e pode romper uma relação que poderia ter tomado um rumo diferente.
A conversa tem que ocorrer de uma forma calma, demonstrando respeito e empatia, ao invés de apontar o dedo e acusar a pessoa. Mostre como foi ou como está sendo agressiva, caso continue com as mesmas atitudes, a melhor solução é começar a se afastar e acabar com a relação se for possível.
■Valorize as ideias e as opiniões do outro
Lidar com uma pessoa agressiva não é fácil, porém, é possível dispersar as agressões dando mais foco no reconhecimento das ideias e opiniões que façam algum sentido. Assim, o agressor tende a diminuir a discussão e a grosseria, dando abertura ao que está sendo dito.
Não é preciso concordar com o que o agressor está dizendo, apenas mostrar que suas opiniões, sendo diferentes, estão sendo notadas e levadas em consideração. Então, a conversa tem mais chances de virar um diálogo mais saudável e mostrar que não é preciso usar a violência para se chegar a algum lugar.
■Dê espaço
É possível dar espaço, passar um tempo afastado para que o agressor tenha tempo para pensar em suas atitudes, porém, existem situações em que é necessário excluir a pessoa da vida, mas não será possível fazer isso com todas. Então, na maioria das vezes, o melhor é diminuir a interação com o agressor para evitar confrontos.
Nem sempre é uma boa ideia virar as costas para esse tipo de pessoa, pois pode desencadear uma reação mais violenta, mas se for possível, corte as relações. Por isso, analise o comportamento do indivíduo e veja qual a melhor solução para esse problema, seja diminuir a interação, cortar a relação ou tentar tornar o convívio menos hostil.
Quais os tipos de violência verbal
Existem algumas atitudes e comportamentos que prejudicam o psicológico, o emocional e a vida de outras pessoas que podem ser usados tanto em uma conversa cara a cara, quanto pela internet. Para saber quais são os tipos de violência verbal, continue a sua leitura.
■Xingamentos
As pessoas costumam falar palavrões e xingamentos em diversos momentos em que as emoções estão mais intensas, seja de frustração, tristeza ou raiva. Porém, essa atitude se torna mais vigorosa em discussões, onde a raiva dificilmente é controlada e um bate boca pode evoluir para um crime.
Os xingamentos têm por função atacar outras pessoas e não resolvem nenhuma situação. Quando alguém começa a proferir palavras ofensivas frequentemente querendo humilhar e diminuir o outro por não conseguir o resultado que desejava, é importante ficar alerta para evitar que algo pior aconteça.
■Acusações
As acusações servem para o agressor transferir toda a culpa e responsabilidade para a vítima, evitando ao máximo ter de arcar com as próprias consequências. Essa atitude se encaixa como um tipo de manipulação, já que a pessoa que recebe as acusações acredita que tal culpa é sua e se sente mal por isso.
Isso está presente no cotidiano de qualquer um, mais do que se imagina. Por exemplo, quem tem pais tóxicos, recebe culpa pelas frustrações que sentem, ou, um amigo pode colocar toda a responsabilidade afetiva em cima do outro por não ter dado atenção suficiente quando queria, fazendo-o se sentir culpado.
■Ameaças
O agressor faz uso do medo para que sua vítima se sinta atacada e cercada para fazer alguma coisa. O medo é um mecanismo de defesa que o ser humano (e animais) possui e que algumas pessoas conseguem manipular as outras através desse sentimento tão primitivo e que foi essencial para a sobrevivência da espécie.
Por conta dessa necessidade de salvar a própria vida, as ameaças são as principais armas de um agressor para controlar a vítima. Um exemplo que é muito comum ser visto em relações abusivas, amorosas ou familiares, é ameaçar partir para a agressão física se a pessoa não fazer o que foi mandado.
■Manipulação
A manipulação é uma forma silenciosa e discreta do agressor controlar a vítima para que faça tudo o que mandar. Não importa qual o tipo de relação, se é amorosa, familiar, amizade ou profissional, qualquer pessoa pode usar desse mecanismo para conseguir o que quer.
Além da agressão verbal, a vítima recebe muita chantagem emocional, a ponto de ceder o controle parcial ou total de sua vida para o agressor. Quando a manipulação acontece em uma relação amorosa, além de existir outras formas de agressões verbais e psicológicas, pode evoluir para a violência doméstica.
■Julgamentos
Os julgamentos são outras formas de ataques à vítima, o agressor frequentemente fala mal da aparência, da inteligência, de seus interesses, de seus gostos, de suas escolhas, de suas roupas, de seu modo de ser, de suas amizades, entre outros. É um comportamento que diminui e banaliza as realizações ou até mesmo a existência da pessoa.
É muito comum os julgamentos serem disfarçados de críticas construtivas, pois assim a vítima pode dar razão ao que o agressor diz, dificultando uma possível rejeição. Quanto mais a vítima é humilhada e julgada, mais passiva e manipulável se torna, apagando sua essência.
■Desmerecimento
O desmerecimento tem o propósito de fazer a vítima desacreditar em seu potencial, que todo o esforço que faz nunca é o suficiente. Essa prática é muito comum no ambiente de trabalho, onde um chefe ou um superior humilham o funcionário ao invés de dar o devido reconhecimento, mas isso também pode ocorrer em relações afetivas.
■Piadas
As piadas são uma das formas silenciosas que o agressor pode usar para agredir verbalmente sua vítima e humilha-la, tanto na frente dos amigos quanto sozinha. Normalmente são piadas machistas, racistas, preconceituosas, que atacam a autoestima e que denigrem a imagem da pessoa.
Caso tome uma atitude contra essas agressões verbais disfarçadas, o agressor pode acusar a vítima de não ter senso de humor, tentando trazer constrangimento para a mesma. Assim, a vítima se sente mal e tenta aceitar as risadas, mas vale ressaltar que existem pessoas que não aceitam isso e confrontam o indivíduo.
■Comentários em redes sociais
Com o avanço da tecnologia, as ofensas, os ataques, as humilhações, os julgamentos e as manipulações se tornaram mais frequentes em formas de comentários em redes sociais. A internet facilitou o contato entre as pessoas, e com isso, as agressões verbais e outros tipos de violência também.
Os comentários agressivos podem aparecer em posts, fotos ou vídeos e tem como objetivo impactar propositalmente a autoestima da vítima. Porém, é possível de livrar disso bloqueando o agressor, excluindo o que foi comentado, desfazendo amizade ou tornando o perfil fechado.
Caso se identifique como vítima de agressão verbal, não hesite em pedir ajuda!
Seja nas redes sociais, no trabalho, no ambiente familiar, entre amigos ou com o parceiro romântico, é preciso prestar atenção para não ser vítima de agressões verbais e manipulações. Existem diversos sinais que identificam quando o agressor está tentando atingir outra pessoa.
É importante que haja respeito em qualquer interação social e interpessoal, tendo em mente que é normal ocorrer desentendimentos e discussões. O que não pode acontecer é as discussões serem frequentes, com ataques à autoestima ou desmerecendo a pessoa.
Caso se identifique como vítima de agressão verbal, imponha limites, se afaste o máximo possível do agressor e não hesite em procurar ajuda. Um amigo, um familiar ou um profissional de psicoterapia de confiança podem te auxiliar a passar por essa situação.
Leitora, entusiasta de esoterismo e espiritualidade, estudante de administração.