Rituais africanos: história, características e outras informações!

A cultura e rituais africanos possuem inúmeras formas de diversidade, sendo muito rica em patrimônios imateriais, formados pela grande diversificação étnica, quanto influenciada pela vinda de povos do Oriente Médio e da Europa. Diversidade essa, formada no decorrer da história dos africanos ao se relacionarem com esses povos.

Devido ao grande movimento migratório, unido à colonização dos europeus e a diversidade étnica existente no interior africano, criou-se no país uma mistura de culturas. Desta forma, nas várias regiões do continente encontra-se uma grande variedade de religiões e idiomas, caracterizando assim uma cultura pluralizada.

Neste artigo você encontrará informações que mostrarão a riqueza dos rituais africanos e a cultura deste povo, você irá entender estes rituais, suas principais características dos rituais e da cultura, alguns desses rituais e sua influência no Brasil.

A África é um continente com vasto território, portanto existe muita diversidade, inclusive determinada entre a região norte, África Saariana e região sul África Subsaariana. Cada uma dessas regiões possui sua própria diversidade de culturas e rituais africanos.

Neste trecho do texto, você encontrará várias informações sobre estes rituais, sua história, como funcionam e sua utilidade, sua variedade ao longo do continente e como se deu a chegada desses rituais ao Brasil.

A cultura e os rituais africanos passaram por um processo de grande destruição, durante os períodos de colonização. O que levou a uma colisão entre os países africanos e o nacionalismo árabe e o imperialismo europeu.

Desta forma, foi possível manter muitas culturas tradicionais preservadas, que acabou sendo levada por vários locais da África, principalmente como consequência do processo migratório pelo continente. Assim, conseguiu-se manter vivas culturas e rituais africanos, além de criar uma coalizão entre várias características dos povos africanos.

Muitos rituais africanos são ligados a religiões tradicionais da África, elas são formadas por líderes espirituais e alguns tipos de sacerdotes. Eles exercem um papel bastante importante para a preservação da espiritualidade e religiosidade da comunidade. Alguns destes representantes têm a responsabilidade de realizar cura e adivinhação, é como se fosse uma forma de aconselhamento, comparado aos rituais xamânicos.

Estes representantes dos rituais africanos normalmente são indicados por ancestrais ou deuses. Estas pessoas são treinadas de maneira rigorosa, assimilando as competências necessárias. Estes aprendizados incluem o conhecimento sobre ervas usadas em processos de cura, além de outras competências místicas.

Por ser um continente com um território bastante extenso, ele é dividido em duas faixas territoriais, sendo ao norte a África Saariana e ao sul a África Subsaariana. Ao longo destas regiões os rituais africanos acabam criando suas próprias características, apresentando uma grande diversidade.

A parte norte da África durante sua história recebeu a influência de vários povos como os fenícios, árabes, gregos, turcos, romanos e do extremo oriente. O que trouxe características únicas ao rituais desta área. Já a parte sul do continente foi influenciada por povos como Bantos, Jeje e Nagô, tendo assim rituais com diferentes características.

Com a realização do tráfico de africanos para terras brasileiras, no intuito de os escravizar para trabalhar em terras dos colonizadores portugueses, os rituais africanos acabaram por serem adotados no país. Mesmo a igreja Católica tentando impedir que os escravizados praticassem e disseminassem sua cultura, forçando-os a aderirem ao cristianismo, a tradição foi mais forte.

Os africanos escravizados realizavam seus rituais em datas que eram usadas para celebrações católicas, fazendo mobilizações e festividades. Mesmo quando alguns aceitavam participar de festas cristãs, não deixavam de ter sua fé em voduns, orixás e divindades tradicionais de sua terra.

E assim, a participação nas duas formas de religião acabou por trazer novos cultos, com características africanas, cristãs e indígenas. Desta forma, os rituais africanos se perpetuaram, receberam novas influências e se propagaram por todo o Brasil, e resiste até hoje.

As culturas tradicionais e rituais africanos possuem características bastante diversificadas, tanto por receberem influências de povos estrangeiros em seu continente. Desta forma, esta é uma cultura rica e possui muita diversidade.

Neste trecho do artigo, falaremos sobre algumas das características mais marcantes da cultura africana como, seus aspectos gerais, a forma de organização política, suas religiões, sua culinária, suas formas de arte e seus rituais de danças.

A cultura africana conhecida atualmente foi transmitida de geração a geração, por meio de narrações das histórias conhecidas pelos povos tradicionais. Apesar de já conhecerem a escrita, também era uma tradição africana o registro por meio da oralidade, ou contação de história.

Outra característica tradicional existente na África era a organização da população em tribos, que possuíam chefes políticos. Essas tribos viviam da prática da agricultura, da caça e pesca, além de realizarem rituais africanos entre eles. Estas organizações da população podiam ser nômades ou terem moradia fixa.

A cultura tradicional africana fazia com que seu povo se organizasse politicamente em moradias fixas, usando um território para formar grandes impérios, ou como nômades que viajavam através por entre deserto. Havia a possibilidade de se organizarem em pequenas tribos, ou em reinos maiores, onde a mesma pessoa poderia ser o governante e o mestre religioso.

Independente do tipo de governabilidade estes povos tinham, seja por clãs com boa linhagem, ou por determinadas classes sociais, o que importa, é que criaram um enorme patrimônio imaterial e material, que vivem até os tempos de hoje.

Entre os habitantes da região norte do continente africano é preciso destacar seus costumes voltados às tradições islâmicas. Desta forma, é comum, principalmente no Marrocos e no Egito, as mulheres muçulmanas usarem véu. Assim como, a implantação do patriarcado como modelo de família.

Porém, no sul do continente prevalece uma cultura bem mais diversificada e bastante extensa. Desta forma, em algumas áreas da África do Sul, há uma maioria de cultura cristã. Já outros lugares, principalmente no interior, como o Congo, Quênia, Moçambique, Serra Leoa e Somália, praticam religiões politeístas.

Neste continente, além dos rituais africanos, algo bastante peculiar também é a culinária única existente em cada país. Mas independente do tipo, a forma de cozinhar desses povos é bastante única e requintada. Não só na África, mas em todos os países do mundo, a culinária é o ponto primordial para conhecer a fundo sua cultura.

A riqueza dos alimentos de cada região, a influência do país que colonizou a área, as tradições e a maneira de preparar, mostram peculiaridades que deixam perceptíveis a marca deixada por um povo e por suas tradições e rituais.

Assim como na culinária e nos rituais africanos, nas artes também existe muita diversidade, principalmente ligada às crenças religiosas. Estas características estão presentes em objetos como o trançado das cordas, estátuas e máscaras que são elaboradas por escultores e artistas em madeira, pedras ou mesmo tecidos.

Estes objetos de arte são a representação de divindades e também de artefatos de uso no dia a dia de trabalhos e rituais africanos. O significado destas obras possuem representações diferentes para cada tribo, demonstrando o divino, o mundano ou atividades culturais, como lutas por poder e as colheitas.

As danças também fazem parte dos rituais africanos, e das características desta cultura tão rica, suas danças possuem muitos traços de sua etnia. Algumas dessas danças são a capoeira, que também é conhecida como arte marcial, o afoxé e também o coco e o maracatu.

A arte da dança originária dos povos africanos têm muitas características relacionadas às suas religiões. São bastante usadas para comemorar cultos e tradições, e também como forma de agradar e atrair os bons espíritos, além de serem uma ferramenta para afastar os maus espíritos.

Dentre as características dos rituais africanos estão a influência de povos colonizadores, religiões e a forma de viver dos povos tradicionais. Estas características são fundamentais para determinarem como será a cultura de uma nação.

Abaixo, conheça um pouco mais sobre os rituais africanos voltados para a dança e instrumentos musicais, jogos e competições, sua visão do meio ambiente e natureza, os sacrifícios e mutilações tradicionais praticados e suas comidas típicas.

Existe uma grande ligação entre a dança, os instrumentos musicais e os rituais africanos, abaixo conheça alguns dos instrumentos tradicionais deste povo:

- Um instrumento de percussão, o Atabaque é feito em madeira e couro de animais e tocado com as mãos. Muito usado no samba, axé, capoeira e maracatu;

- Com origem de Angola, o Berimbau é um instrumento elaborado com arme, caixa feita de cabaça e um arco em madeira e tocado com uma vareta. Usado comumente na capoeira:

- Um instrumento feito de metal, o Agogô, possui duas campânulas (boca de sino sem o pêndulo) unidas em hastes, tocado com uma baqueta de madeira ou metal:

- Este instrumento é elaborado com uma cabaça, envolta por uma rede de linhas com sementes, o Afoxé, ao ser movimentado, as sementes produzem o som parecido com um chocalho.

Existem inúmeras brincadeiras, jogos e competições que sempre foram usados por crianças em várias regiões do mundo e que surgiram a partir da cultura e rituais africanos. Abaixo conheça duas destas tradições e saiba se já participou de alguma delas.

Feijão Queimado

Brincadeira em que as crianças ficam em fila de mãos dadas, após cantarem os versos abaixo, começa a brincadeira. Nela, o primeiro da fila, o “chefe” puxa a fila, passando por baixo das mãos dadas, do terceiro da outra ponta da fila, e assim, o penúltimo ficará com os braços trançados, portanto, preso.

Pular Elástico

Esta brincadeira é realizada entre 3 crianças, duas delas colocam um elástico amarrado formando um círculo em volta de suas pernas. A terceira criança deve pular o elástico, que inicialmente está na altura dos tornozelos, e que a cada pulo, é elevado mais para alto.

Tanto as religiões, quanto os rituais africanos possuem uma preocupação com o meio ambiente e com a preservação da natureza. Este fato ocorre, pois as culturas e crenças africanas tradicionais têm grande ligação com fenômenos naturais e meio ambiente.

Desta forma, os africanos acreditam que tudo relacionado ao clima e à natureza como, trovões, chuva, lua, sol podem ser controlados com o uso da cosmologia. E segundo acredita o povo africano todos estes fenômenos da natureza podem providenciar o que for necessário para o dia a dia das pessoas.

Os rituais africanos também passam por sacrifícios e mutilações como forma de oferenda aos deuses e ritos de passagem. Diferentes crenças religiosas da África fazem suas homenagens a seus Deuses com sacrifícios, que podem ser de animais e também oferecendo vegetais, comidas preparadas, flores e mais.

Além disso, as crenças africanas também cultuam alguns ritos para marcar a transição da vida das pessoas, principalmente adolescentes que estão chegando a vida adulta. Neste ritual de passagem é feita a mutilação da genitália feminina. Hoje existem vários movimentos que tentam mudar este ato, que apesar de tradição é extremamente cruel e pode levar as adolescentes à morte.

As comidas típicas também fazem parte dos rituais africanos, e são muito elaboradas e com sabores únicos. Conheça alguns destes pratos tão singulares:

- Feito com molho de tomate, feijão e legumes, Chakalaka tem sua origem nas comunidades da África do sul;

- Também originário da África do Sul, o Malva Pudding, ou pudim de malva, é bem parecido com um bolo, feito com geleia de damasco e açúcar mascavo;

- Bastante conhecido na cultura da África, Bobotie tem origem em Cape Malay, é um cozido de carne moída com pão, leite, castanhas, cebola curry, passas e damascos;

- Muito simbólico na culinária africana, o Arroz Amarelo, com sabor agridoce é feito com açafrão, o que dá a cor amarela;

- Parecido com o conhecido bolinho de chuva brasileiro, Koeksisters frito e passado em uma calda de açúcar, limão e especiarias;

- Muito tradicional no litoral da África do Sul, KingKlip é um peixe rosado, servido inteiro ou em pedaços, acompanha batatas fritas;

- Prato típico do leste da África, o Uglai, também conhecido como Sima ou Posho, em outras regiões, é uma pasta feita com fubá, ou farinha de milho misturado com água, servido com repolho em salada ou refogado;

- Apesar do nome parecido com o prato típico do nordeste brasileiro, é totalmente diferente, é uma massa de semolina cozido no vapor, tradicional do norte africano;

- Uma torta de leite com massa crocante e recheio cremoso, é originária do sul africano, Melketert é inspirado em uma sobremesa holandesa;

- Esta sobremesa é feita com amido de milho, açúcar, manteiga ghee, cardamomo em pó e noz-moscada, Xalwo é tradicional da Somália;

- Habitualmente servido no café da manhã, Kitcha fit-fit é um pão tradicional da Eritréia, combinado com manteiga temperada e misturado ao berbere, um molho vermelho e quente.

Dentre os rituais africanos existem alguns bastante curiosos, principalmente os que têm origem em tribos tradicionais. São tradições que trazem fascínio pelo conhecimento desta cultura tão intrigante e cheia de cores, e que existem há muitos anos.

Neste trecho do artigo, conheça algumas dessas tradições como, a dança do namoro do Wodaabe, as placas labiais, o salto do touro, o ocre vermelho, a cuspida do Maasai, a dança de cura e uma cerimônia de casamento, todas vindas de tribos diferentes ao longo do continente.

Esta dança de namoro do Wodaabe, do Níger, é como se fosse o ritual de acasalamento visto entre os animais. Os jovens da tribo, se vestem e fazem pinturas faciais tradicionais, e começam uma competição para conseguirem conquistar uma jovem em idade de casar.

Eles ficam enfileirados, dançam e cantam, tentando chamar a atenção dos juízes, as moças que pretendem se casar. Como um ponto para avaliação de beleza está ligado aos olhos e dentes brilhantes, enquanto dançam, os jovens reviram os olhos e mostram os dentes, como um chamariz sexual.

As placas labiais feitas de cerâmica ou madeira, ainda hoje é uma norma na tribo Mursi, localizada na Etiópia. Esta é uma das poucas tribos que ainda preservam esta tradição, que se baseia em colocar este pequeno prato no lábio inferior das mulheres da tribo.

Este ritual africano é realizado quando uma menina da tribo completa 15 ou 16 anos. Então, uma mulher mais velha da comunidade, faz um corte no lábio inferior da menina e deixa-o aberto com o auxílio de um tampão de madeira por 3 meses, até que cicatrize. Apesar de não haver obrigatoriedade para a realização do ritual, por influência de outras adolescentes, quase todas acabam aceitando colocar a placa.

Originário da tribo Hamar, na Etiópia, o salto do touro é um ritual africano de passagem, em que adolescentes devem andar sobre 15 touros. Para dificultar a travessia, passam esterco, para que as costas dos bois fiquem mais lisas.

Caso o adolescente não consiga completar a tarefa, precisa aguardar um ano para nova tentativa. Caso seja bem sucedido, tem o direito de se casar com uma moça escolhida por seus pais, formar família e ter seu próprio rebanho.

O ocre vermelho é uma pasta caseira e faz parte de um ritual africano tradicional da tribo de Himba, na Namíbia. Seus nativos são muito conhecidos por terem cabelos e pele avermelhados, que conseguem, usando a mistura de manteiga, gordura e ocre vermelho, conhecida como otjize.

Apesar de ser comum dizerem que esta prática é realizada como uma forma de se protegerem do sol e de insetos, os nativos revelam que este ritual africano é feito unicamente com intuito estético. Como se fosse uma maquiagem aplicada toda manhã.

O ritual africano da cuspida é tradicional da tribo de Maasai, originária do Quênia e do norte da Tanzânia. Este povo entende o ato de cuspir uma forma de respeito, benção e cumprimento, desta forma a cuspida é usada para dizer alô e adeus aos amigos, para fechar um negócio, além de desejar boa sorte.

Portanto, ao se cumprimentarem, duas pessoas cuspirão na mão, antes de apertar as mãos um do outro. Os bebês recém nascidos, receberão cusparadas como forma de desejar longevidade e boa sorte. Assim também ocorre no casamento, em que o pai cospe na testa da filha para abençoar o casamento.

A dança de cura do San é um ritual africano tradicional da tribo de San, originária da Namíbia, Botswana e Angola. Este ritual de dança é considerado por esta tribo como um ato de poder sagrado, a dança de cura também é conhecida como dança trance.

Esta dança tradicional africana é realizada em volta da fogueira, às vezes durante a noite toda, quem lidera o ritual são os curandeiros e anciãos da tribo. Durante a dança os curandeiros cantam e respiram rápida e profundamente, até conseguirem atingir um estado de transe profundo, e assim podem se comunicar com o plano espiritual. Com isso, são capazes de curar todos os tipos de doenças da tribo.

Um dos mais lindos rituais africanos, a cerimônia de casamento de Ndeble, coloca toda sua atenção sobre a noiva. A noiva usa um traje feito pela mãe do noivo chamado Jocolo, um avental feito de pele de cabra, com bordados de miçangas coloridas.

Este traje tradicional, o Jocolo, é usado por todas as mulheres da tribo durante a cerimônia de casamento, ele representa uma mãe rodeada por seus filhos. Além disso, este ritual é marcado por uma cerimônia realizada pelo noivo em homenagem a sua esposa.

A vinda dos africanos para o Brasil, que foram trazidos para serem escravizados para trabalhos nas fazendas, suas tradições e rituais foram incluídos ao longo dos anos à cultura brasileira. Como exemplo da influência dos rituais africanos no Brasil temos, palavras como moleque, alguns alimentos como o fubá, bebidas como a cachaça e instrumentos como o berimbau e danças como o maracatu.

A cultura africana, assim como a indígena, foi de extrema importância para a criação da cultura conhecida como brasileira. Nossa culinária, idioma, religiões e músicas, receberam grande influência da cultura africana e assim tornou o povo brasileiro, um povo hospitaleiro, trabalhador e empático, apesar de algumas exceções.

No artigo trazido hoje, procuramos trazer o máximo de informações sobre esta cultura e rituais africanos, que são tão ricos e que ensinam tanto.