Jogo de búzios: como jogar, orixás que comandam o jogo e mais! Veja!

O jogo de búzios é um oráculo, ou seja, uma ferramenta usada para tentar antecipar o que o futuro reserva para alguém. Também pode ser usado como uma forma de compreender os processos atuais da vida de quem está fazendo a consulta, além de dar orientações para a ação.

Como todo oráculo, há sempre uma deidade envolvida. No caso dos búzios, são os orixás, que passam suas mensagens através da interpretação da Mãe ou Pai de Santo presente no momento. Entenda como se formou a sua história, conheça as características e saiba muito mais sobre essa importante tradição.

O jogo de búzios é uma tradição antiga, que perpassa uma série de acontecimentos históricos até chegar nos dias de hoje. Símbolo de resistência e devoção, já foi proibido, assim como as práticas religiosas africanas. Ainda assim, resistiu ao tempo e continua forte em muitas tradições. Conheça mais!

Com origem na Turquia, o jogo de búzios foi levado para a África durante o período em que os turcos eram poderosos desbravadores e invadiram diversos territórios, inclusive os dos povos africanos. Já no continente, o oráculo foi adaptado e acolhido pelas tradições locais, tornando-se uma forma de comunicação com os orixás.

Foi no continente africano que os búzios se firmaram como arte divinatória, sendo utilizado pelas diversas nações lá presentes. É, de fato, o oráculo conhecido há mais tempo pelos Iorubás, e que se disseminou pelo mundo após a diáspora africana. Mesmo em tradições diferentes, seus princípios ainda são os mesmos de sua origem na África.

Uma das principais lendas que envolvem o jogo de búzios trata de quando a orixá Oxum conseguiu enganar o orixá responsável por essa arte - Exu -, e fazer com que ele contasse os segredos do oráculo (Ifá). Para isso, ela pediu ajuda das feiticeiras e jogou um pó dourado no rosto de Exu, que ficou sem conseguir ver. Desesperado, pediu para que ela lhe entregasse os búzios.

Dessa forma, Oxum iniciou uma série de perguntas e com elas obteve informações. Primeiro, questionou quantos búzios ela tinha que pegar e o porquê (16, respondeu Exu, explicando em seguida). Depois, disse que achou um búzio bem grande (Exu disse que era o Okanran, e deu a explicação). O mesmo aconteceu com Eji-okô, Etá-Ogundá e todos os outros, até que ele já tinha ensinado tudo, sem querer.

Satisfeita, Oxum foi até seu pai, Oxalá, e contou o que aconteceu. Ifá estava por perto e, admirado com a inteligência de Oxum, também lhe deu o dom de reger o jogo, ao lado de Exu. Por isso, ele e Oxum são os dois únicos Orixás que podem fazer parte do jogo de búzios, segundo a lenda Iorubá.

Existem algumas características principais do jogo de búzios, que fazem do seu funcionamento algo único e especial. Entenda como ele funciona, como a leitura é feita, quais são as principais peças do jogo (odus), como se dá a preparação e até os tipos de jogos possíveis.

O jogo de búzios é realizado normalmente sobre uma peneira, que é coberta com um tecido branco e cercada com os colares de contas do orixá regente. Também são colocados outros objetos, a depender de cada Mãe ou Pai de Santo. Depois de toda preparação, a pergunta é feita e a resposta vem através da posição dos búzios, quando jogados na peneira.

Como o próprio nome já diz, é um jogo de búzios, então se utiliza essas pequenas conchas para fazer a leitura. A fim de deixar todas com a mesma chance de cair de ambos os lados, elas recebem um corte na parte de trás, formando um buraco. A leitura é feita, então, através da disposição dos búzios na mesa, se estão abertos (furo para baixo) ou fechados (furo para cima), interpretados com base na intuição e lógica das peças.

São apenas dois orixás (Ori – cabeça, xá – guardião), Exu e Oxum. Diz a tradição que Oxum foi agraciada com o dom do jogo de búzios depois de enganar Exu, sendo a sua habilidade dada pelo próprio orixá da adivinhação e do destino, Ifá. Exu foi o primeiro, pois ele é o grande mensageiro, capaz de se comunicar mais facilmente com os encarnados, seja por si ou por suas falanges.

No jogo de búzios são necessárias entre 4 e 21 conchas, a depender da modalidade aderida. Cada vez que se joga as peças na mesa, pode-se ter um dos significados – ou odus. São 16 odus principais e 256 possibilidades ao todo. Entre os mais importantes e seus orixás relacionados, estão:

Antes de começar a fazer perguntas, é fundamental que o jogo de búzios esteja limpo e preparado. Para isso, as conchas são lavadas com ervas e colônias. Depois de passar a noite inteira em exposição aos raios da lua cheia, os búzios devem ser guardados cuidadosamente. É importante ter uma vela, água e incenso na mesa, durante o trabalho. Então, é feita uma oração e, em seguida, a leitura começa.

Normalmente, as pessoas procuram oráculos para tirarem dúvidas específicas. O ideal é fazer perguntas mais fechadas, que não requeiram uma interpretação muito ampla, para ter melhores resultados. Em outras palavras, questões de sim e não, por exemplo, são ótimas para se consultar com búzios.

Porém, pode também ser uma consulta para descobrir qual é o seu orixá de cabeça – que, no candomblé e umbanda, representam o santo que acompanha a pessoa nessa vida. Claro que também é possível fazer perguntas abertas e mais complexas, desse que você vá a um profissional de confiança e em quem acredite.

Da mesma forma que há diversas particularidades em cada tradição do candomblé – já que foram formadas por diferentes nações africanas, a leitura do jogo de búzios também pode ter diferenças. Esses são os principais jogos e seu funcionamento:

Por mais que seja tradicional no país, o jogo de búzios não é tão conhecido como outros oráculos, a exemplo do Tarot ou Baralho Cigano. Por isso, podem surgir algumas dúvidas realmente importantes. Veja abaixo algumas das respostas.

Como em qualquer outra modalidade de oráculo, é fundamental confiar na pessoa que está buscando as respostas para você. Então, para saber se um jogo é verdadeiro, é fundamental que a Mãe de Santo ou o babalorixá sejam pessoas idôneas, reconhecidas pelo meio como tal e, preferencialmente, indicados por alguém que você conhece bem.

Há duas vertentes sobre esse tema. Enquanto de um lado, há quem defenda somente as consultas presenciais, do outro existem os que fazem a consulta em casa e atendem online, evidenciando suas vantagens e dizendo que não há diferença.

O que se aponta como ponto fraco das leituras de jogo de búzios online é uma suposta redução da conexão energética, que passa a ficar menos intensa quando distante. Além disso, há quem opte por pedir para o cliente soprar as peças, aumentando a conexão. Mas, em geral, ambos surtem efeitos parecidos.

Não é o ideal, afinal o jogo de búzios é extremamente personalizado e pode revelar pontos que talvez o cliente prefira manter para si. Além disso, há a questão do orixá de cada um e suas orientações, que podem não ser as melhores, caso não solicitem o próprio jogo. Para quem não pode ir ao encontro de um local para fazer a leitura, há sempre a opção de fazer a consulta online.

Sim, há grandes chances de o jogo de búzios ajudar na tomada de decisão, principalmente se for feito com um profissional competente. Além disso, ao formular as questões no jogo, você está processando as informações e pensando sobre possíveis soluções para o seu problema. Isso leva a novas conexões, podendo fazer com que surja uma nova ideia acerca do assunto.

Outro ponto é que, no jogo de búzios, você tem como descobrir quem é seu orixá de cabeça, que representa muitas das suas características diárias. Ao ter essa informação, você saberá se é mais impulsivo, pensador, crítico e outros pontos relevantes. Consequentemente, vai pensar melhor sobre si e buscar equilibrar o que precisa de limite, além de desenvolver aquelas energias que estão pendentes.

Porém, o mais importante de tudo isso é que, ao jogar búzios, você está ativamente buscando encontrar uma solução para uma determinada situação. Claro que isso te ajudará a direcionar os esforços em busca dela, tornando todo o processo mais eficiente. Dessa forma, pode, sim, encontrar a decisão mais assertiva, porém sempre confiando em sua intuição e, principalmente, em sua racionalidade.