Pitonisa: conheça origem, história, organização, trabalhos e mais!

Pitonisa, também conhecida por pítia, era o nome dado à sacerdotisa que servia no Templo de Apolo, na cidade de Delfos, situado nas proximidades do Monte Parnaso na Antiga Grécia. Diferentemente de muitas mulheres gregas que eram consideradas cidadãs de segunda classe, a Pitonisa era uma das mulheres mais poderosa da sociedade grega.

Devido aos seus poderes de previsão trazidas através do seu contato direto com o deus Apolo, a sacerdotisa de Apolo, também conhecida como o Oráculo de Delfos, era comumente procurada.

Pessoas costumavam cruzar todo o mediterrâneo para buscar ajuda e conselhos da sacerdotisa em Delfos, um local com muita relevância mitológica para os gregos. Neste artigo, trazemos a luz do deus Apolo para essa classe sacerdotal tão importante, mas tão esquecida dos livros de história.

Além de apresentarmos a origem e história das pitonisas, mostramos como era organizado o oráculo, as evidências de seus poderes, bem como se elas ainda existem na atualidade. Prepare-se para viajar através do tempo e ter acesso aos segredos desta parte interessante da história antiga. Confira.

Para entender melhor as raízes da Pitonisa, nada mais adequado do que investigar sua origem e história. Após este percurso histórico, você terá informações sobre a presença desta sacerdotisa na atualidade, além de detalhes sobre o Templo de Apolo. Confira.

O nome pítia ou pitonisa, vem da palavra grega que significa serpente. De acordo com o mito, existia uma cobra representada como um dragão medieval que vivia no centro da terra, que, para os gregos ficava localizado em Delfos.

De acordo com o mito, Zeus dormiu com a deus Leto, que engravidou dos gêmeos Ártemis e Apolo. Ao saber do que aconteceu, Hera, esposa de Zeus, enviou uma serpente para matar Leto, antes que ele à luz os gêmeos.

A tarefa da serpente falhou e os deuses gêmeos nasceram. No futuro, Apolo volta a Delfos e consegue matar a serpente Píton no Oráculo de Gaia. Então, Apolo vira dono deste Oráculo que passa a ser o centro de culto a este deus.

Após ter concluído a renovação do Templo, Apolo nomeou a primeira Pitonisa aproximadamente no século 8 antes da Era Comum.

Então, a partir do uso de uma espécie de transe obtido pelos vapores que saíam da fenda do templo e que permitiam que seu corpo fosse possuído pelo deus, a Pitonisa fazia profecias, que a tornaram a mais prestigiada autoridade oracular entre os gregos.

Na mesma época, devido aos seus poderes proféticos, a sacerdotisa de Apolo era considerada uma das mulheres mais poderosas de toda a antiguidade clássica. Autores famosos como Aristóteles, Diógenes, Eurípides, Ovídeo, Platão, dentre outros, mencionam em suas obras este oráculo e o seu poder.

Acredita-se que o Oráculo de Delfos teve seu funcionamento até o século 4 da Era Comum, quando imperador romano Teodósio I ordenou o fechamento de todos os templos pagãos.

Na atualidade, o Oráculo de Delfos faz parte de um grande sítio arqueológico que faz parte do Patrimônio Mundial da Unesco. As ruínas do Oráculo ainda podem ser visitadas na Grécia.

Embora não se conheça a transmissão direta dos segredos proféticos da Pitonisa través dos séculos, em muitas tentativas de praticar o reconstrucionismo pagão helênico, cuja base é a antiga religião dos gregos, existem sacerdotisas contemporâneas que dedicam sua jornada à Apolo e que podem fazer profecias, sob influência do deus.

O Templo de Apolo ainda sobreviveu ao tempo e é datado de aproximadamente 4 séculos antes da Era Comum. Ele foi erguido sob os destroços de um templo mais antigo, datado cerca de 6 séculos antes da Era Comum (ou seja, possui mais de 2600 anos).

Acredita-se que o templo antigo tenha sido destruído por causa do fogo e de efeitos de terremotos. Dentro do templo de Apolo existia uma parte central chamada de ádito, que era também o trono sobre o qual a pitonisa sentava e proferia suas profecias.

No templo, havia uma inscrição bastante famosa que dizia “conhece a ti mesmo”, uma das máximas délficas. Grande parte do templo e das estátuas dele foi destruído no ano de 390, quando o imperador romano Teodósio I decidiu silenciar o oráculo e destruir todos os traços de paganismo do templo.

O Templo de Apolo era onde ficava o Oráculo. Para entender um pouco mais sobre o seu funcionamento, continue lendo para obter mais informações sobre a base tripla de sua organização. Confira.

Desde o início do funcionamento do Oráculo de Delfos, acreditava-se que o deus Apolo habitava dentro de uma árvore de louro, sagrada para este deus, e que era capaz de dar aos oráculos o dom de ver o futuro através de suas folhas. A arte da divinação foi ensinada pelo deus para as três irmãs aladas do Parnaso, conhecida por Trías.

No entanto, foi somente com a introdução do Culto ao deus Dionísio em Delfos que Apolo trouxe o êxtase aos seus seguidores e o poder oracular através da Pitonisa, sua sacerdotisa. Sentada sobre uma pedra próximo a uma fenda que lançava vapores, a sacerdotisa de Apolo entrava em transe.

No início, as pitonisas eram jovens belas e virgens, mas depois que uma das sacerdotisas foi raptada e estuprada no século 3 antes da Era Comum, as pitonisas passaram a ser mulheres mis velhas que 50 anos para evitar o problema do estupro. No entanto, elas eram vestidas e preparadas para parecerem com garotas jovens.

Além da Pitonisa, existiam muitos outros oficiantes no Oráculo. Depois do século 2 antes da Era comum, havia 2 sacerdotes de Apolo responsáveis pelo santuário. Os sacerdotes eram escolhidos entre os principais cidadãos de Delfos e tinham que se dedicar toda sua vida a seu ofício.

Além de cuidar do Oráculo, fazia parte do trabalho sacerdotal conduzir sacrifícios em outros festivais dedicados a Apolo, bem como comandar os Jogos Píticos, um dos antecessores das Olimpíadas atuais. Existiam ainda outros oficiantes como os profetas e os abençoados, mas pouco se sabe sobre eles.

De acordo com os registros históricos, o Oráculo de Delfos só podia profetizar durante os nove meses mais quentes do ano. Durante o inverno, creditava-se que Apolo abandonava o seu Templo que passava, então a ser ocupado pelo seu meio irmão, Dionísio.

Apolo retornava ao templo durante a primavera e, uma vez por mês, o oráculo precisava ser submetido a ritos de purificação que incluíam o jejum para que a Pitonisa pudesse estabelecer comunicação com o deus.

Então, no sétimo dia de cada mês, ela era guiada pelos sacerdotes de Apolo com um véu roxo cobrindo seu rosto para então fazer suas profecias.

Na Antiguidade, as pessoas que visitavam o Oráculo de Delfos para obter conselhos eram chamadas de suplicantes. Durante este processo, o suplicante se submetia a uma espécie de jornada xamânica que possuía 4 diferentes fases e faziam parte do processo de consulta. Descubra quais são estas fases e como elas funcionavam a seguir.

O primeiro passo do processo de consulta com a Pitonisa era conhecido como A Jornada a Delfos. Nesta jornada, o suplicante partia em direção ao Oráculo motivado por alguma necessidade e teria, então, que se submeter a uma longa e árdua jornada para poder consultar o oráculo.

Outra principal motivação para essa jornada era conhecer o oráculo, conhecer outras pessoas durante a jornada e reunir informações sobre o oráculo para que, então, o suplicante pudesse encontrar as respostas que buscavam para suas perguntas.

O segundo passo na jornada xamânica até Delfos era conhecido como a Preparação do Suplicante. Neste estágio, os suplicantes se submetiam uma espécie de entrevista para poderem ser apresentados ao oráculo. A entrevista era conduzida pelo sacerdote do templo, que era responsável por decidir quais casos mereciam atenção do oráculo.

Parte da preparação envolvia apresentar s suas perguntas, oferecer presentes e oferendas ao oráculo e seguir a procissão sobre o Caminho Sagrado, usando folhas de louro ao entrar no templo, simbolizando o caminho que percorreram para chegar nele.

O terceiro passo se tratava da Visita ao Oráculo em si. Nesta etapa, o suplicante era conduzido até o ádito, local em que a Pitonisa estava, para poder fazer suas perguntas.

Quando elas eram respondidas, ele deveria sair de lá. Para chegar neste estado, o suplicante passava por muitas preparações ritualísticas para chegar num estado meditativo profundo apropriado para a sua consulta.

O quarto e último passo da jornada até o Oráculo, era a Volta para Casa. Uma vez que os oráculos tinham como principal função fornecer respostas para perguntas e, assim, ajudar a moldar as estratégias para promover ações no futuro, a volta para casa era essencial.

Além de seguir as diretrizes do Oráculo para um desdobramento desejado, cabia ao suplicante aplicaria os conhecimentos adquiridos nele para confirmar as consequências apontadas.

Existem muitas explicações científicas e espirituais sobre o trabalho das pitonisas. A seguir, apresentamos três principais:

1) fumaça e vapores;
2) escavações;
3) ilusões.

Com elas, você conseguirá entender o funcionamento do oráculo. Confira.

Muitos cientistas tentaram explicar como as Pitonisas conseguiam suas inspirações proféticas por meio da fumaça e dos vapores que saíam da fenda no Templo de Apolo.

De acordo com a obra de Plutarco, filósofo grego que foi treinado como alto sacerdote em Delfos, existia uma fonte natural que fluía abaixo do templo, cujas águas eram responsáveis pelas visões.

No entanto, não se sabe exatamente os componentes químicos presentes no vapor da água desta fonte. Acredita-se que eram gases alucinógenos, mas não há comprovação científica. Outra hipótese é que as alucinações ou estado de possessão divina era causado pela inalação da fumaça de uma planta que crescia na área.

Escavações iniciadas em 1892 por uma equipe de arqueólogos franceses comandados por Théophile Homolle do Collège de France trouxeram outro problema: nenhuma fenda foi encontrada em Delfos. A equipe também achou nenhuma evidência sobre a produção de fumaças na área.

Adolphe Paul Oppé foi ainda mais incisivo em 1904, quando publicou um artigo bastante polêmico, por afirmar que não existia vapor, nem gases que poderiam provocar visões. Além disso, ele encontrou inconsistências sobre alguns incidentes envolvendo uma sacerdotisa.

No entanto, mais recentemente, em 2007, foram encontradas evidências de uma fonte no local, o que tornaria possível a utilização de vapores e fumaças para entrar em estado de transe.

Outro tema bastante interessante sobre o trabalho das Pitonisas era sobre as ilusões ou estado de transe que elas alcançavam durante sua possessão divina. Cientistas debateram por anos para encontrar uma resposta plausível sobre o gatilho que levava as sacerdotisas de Apolo a entrarem em transe.

Recentemente, percebeu-se que o Templo de Apolo possuía uma organização bem diferente de qualquer outro templo grego. Além disso, a posição do ádito do templo provavelmente estava relacionada à possível fonte que existia embaixo do centro do templo.

Com o auxílio de toxicólogos, descobriu-se que provavelmente existia uma jazida natural do gás etileno logo abaixo do templo. Mesmo em concentrações menores, como 20%, este gás é capaz de provocar alucinações e alterar o estado de consciência.

Em 2001, numa fonte próxima a Delfos, foi encontrada uma concentração significativa deste gás, o que confirmaria a hipótese de as ilusões terem sido provocadas pela inalação deste gás.

Como mostramos ao longo do artigo, a Pitonisa era o nome dado à alta sacerdotisa do Templo de Apolo, localizado em Delfos, uma cidade central da mitologia grega.

Embora não se saiba ao certo como as Pitonisas eram escolhidas, sabe-se que elas eram umas das mulheres mais poderosas da Antiguidade Clássica, de origens diversas, desde famílias nobres a famílias de camponeses.

Por séculos, a Pitonisa foi uma figura de poder, visitada por pessoas importantes da Antiguidade como reis, filósofos e imperadores que buscavam a sua sabedoria divina para obter s respostas para suas inquietações.

Embora fosse comum haver apenas uma pitonisa no templo, houve época em que sua popularidade era tão grande que o Templo de Apolo chegou a comportar 3 pitonisas simultaneamente.

Numa cultura dominada pelos homens, a figura da Pitonisa surgiu como um ato de resistência e de inspiração para muitas mulheres que passaram a aspirar se tornarem uma sacerdotisa de Apolo, dedicando sua vida ao seu trabalho divino. Presentemente, elas ainda mantêm essa importância, lembrando do poder divino que existe em cada mulher.