Mundo espiritual: Espiritismo, Cristianismo, Budismo e mais!

O mundo espiritual é comumente compreendido como o mundo no qual as almas chegam após o desencarne. Nesse sentido, seria a continuidade da vida após a morte. Porém, enquanto as pessoas ainda estão na matéria, habitando seus corpos físicos, elas são afetadas o tempo inteiro pelo que há no mundo espiritual.

Dessa forma, é possível falar em uma coexistência dos mundos material e espiritual. A consciência, por exemplo, age sobre a matéria, mas tem vínculos profundos com o que ocorre além dela, assim como os sonhos.

Para as diversas religiões e doutrinas na história da humanidade, o mundo espiritual envolve noções como evolução, carma, eternidade e etc. É importante ter ciência de que esses mundos, material e espiritual, não se encontram de todo separados, e são muitas as manifestações do mundo espiritual em cada vida terrena.

Veja como o Espiritismo percebe e explica o mundo espiritual, bem como a relevância para essa doutrina, de uma lógica baseada na evolução. Confira!

O Espiritismo, a partir de seus textos célebres compilados por Allan Kardec na França do século 19, como O Livro dos Espíritos, destaca a existência de múltiplos mundos. Para os espíritas, existem incontáveis mundos, ou planetas onde a existência física é manifestada, que reúnem espíritos encarnados de acordo com seu grau de elevação espiritual.

Segundo a doutrina espírita, as densidades materiais desses mundos dependem do estágio de desenvolvimento que seus habitantes atingiram, sendo cada vez menos materiais os mundos mais desenvolvidos espiritualmente.

Além disso, existem os mundos totalmente desmaterializados, que são chamados de plano espiritual, por exemplo. Muitas vezes, são postos temporários que recebem espíritos entre uma encarnação e outra.

A doutrina espírita ensina a Lei do Progresso, ou seja, a base de seus estudos é a evolução espiritual, a que todos os espíritos que Deus criou estão sujeitos.

Desse modo, os espíritos mais jovens estão passando por estágios iniciais de sua jornada espiritual, enquanto os espíritos que já completaram o seu ciclo de reencarnações e adquiriram pureza moral e apuro intelectual estão livres da matéria.

Para o Espiritismo kardecista, aquele baseado em Allan Kardec, os mundos físicos progridem também, acompanhando o desenvolvimento humano, e toda a matéria se direciona lentamente a um processo de desmaterialização, já que o destino de tudo é a luz.

A Lei do Progresso em que se baseia a doutrina espírita revela a necessidade da reencarnação, a fim de que o espírito adquira o aperfeiçoamento.

Em outras palavras, o espírito depende de ciclos de reencarnação nos mundos materiais, pois somente pela experiência física e pelas provações da matéria que o espírito pode desenvolver os aspectos que ainda precisam ser melhorados.

A Lei de Causa e Efeito, nesse sentido, pode ser compreendida como carma, isto é, o retorno às experiências em que o espírito foi malsucedido. Consiste em reparar os males feitos durante a vida terrena, tal como um aluno precisa muitas vezes repetir de ano para avançar em seu progresso intelectual.

Existem, para o Espiritismo, diversos graus de evolução, isto é, escalas de aprimoramento espiritual. Os espíritos iniciam sua jornada no mesmo estágio, e a imperfeição gradativamente vai sendo depurada.

As classes espirituais são divididas em três ordens, sendo que, na primeira, ainda há a prevalência da matéria. É onde se encontram os espíritos impuros, os levianos e os pseudo-sábios, mas também os conhecidos como perturbadores e aqueles tidos como neutros.

A segunda classe abriga os espíritos benevolentes, os sábios e os espíritos superiores. Eles têm mais propensão ao bem e já não são escravos da matéria. Por fim, a classe de espíritos puros é onde se encontram os espíritos de luz, já totalmente livres da matéria e mais próximos da perfeição.

Quando o Espiritismo fala de espíritos inferiores e superiores, está abordando o grau de evolução em que os espíritos se encontram. Significa, em outras palavras, que alguns espíritos estão em estágios mais avançados em termos de iluminação do que outros.

O progresso espiritual de cada um, no entanto, não significa que existem espíritos melhores ou piores, mais amados ou menos amados por Deus. Logo, a igualdade de oportunidades é uma determinação divina, e cabe, pelo livre arbítrio, a cada espírito acelerar, retardar ou estacionar em seus processos evolutivos.

Além disso, os espíritos superiores são orientadores, ou guias, para os espíritos que ainda precisam avançar, assim como uma escola é composta por professores e alunos.

Conheça a seguir um pouco mais as ideias do Cristianismo em torno do mundo espiritual, abordando a relação entre Deus e o homem e como a esfera espiritual atua sobre o físico.

Para o Cristianismo, o mundo espiritual é a vida após a morte, ou seja, a continuidade do espírito. Segundo os textos da Bíblia judaico-cristã, todos os espíritos vêm do espírito de Deus e as atitudes que são tomadas durante a vida no mundo físico determinam um lugar na vida espiritual.

O Cristianismo, ao contrário das doutrinas espiritualistas que creem na reencarnação, prega a vida terrena como única oportunidade de pôr à prova a integridade do espírito, acreditando que aqueles que seguiram os ensinamentos do Cristo e fizeram o bem no mundo da matéria serão acolhidos no Reino de Deus.

Já outros que se corromperam no mal irão para um lugar correspondente ao que há em seus corações. Tal lugar é conhecido por muitos como o Inferno.

O mundo espiritual, segundo o Cristianismo, é para onde os espíritos vão após a morte. Porém, existe uma dualidade essencial na visão cristã da eternidade. Nesse sentido, há também o Inferno, ou o lugar do mundo espiritual para onde vão aqueles que levaram uma vida de pecado e maldade.

Assim, é preciso destacar que, para a fé cristã, as forças provenientes do mundo espiritual agem diretamente sobre a Terra, afetando, por exemplo, positiva ou negativamente os pensamentos das pessoas, exercendo influências.

O mal costuma testar a integridade dos espíritos, e de forma semelhante, Deus, Jesus e os seres espirituais devotados ao bem, como os anjos, oferecem proteção e inspiração ao bem.

O mundo espiritual, como um todo, seria composto por dois lugares antagônicos, conhecidos como Céu e Inferno e habitado por seres igualmente contrários. No Céu, há a presença onipresente de Deus, dos anjos e dos espíritos humanos merecedores.

O Inferno, por outro lado, é onde se encontram as forças do mal e aqueles que o praticaram em vida. De acordo com o Cristianismo, portanto, é o mundo onde o diabo reina sobre os demônios e os espíritos maléficos.

Nesse universo dual do Cristianismo, as forças do bem e as forças do mal estão em luta, porém a vitória de Deus já está escrita e, no Apocalipse, todo o mal será destruído.

O Cristianismo acredita como objetivo da humanidade a prática do bem e o desenvolvimento da fé. Nesse sentido, espera-se que as pessoas trilhem um caminho de foco no espírito, preparando-se para a eternidade junto de Deus.

O mundo espiritual afeta nossas vidas por meio das nossas crenças e valores, e os seres espirituais exercem influência sobre nós, mas também proteção, como os anjos. Assim, as pessoas que se desviam dos caminhos e dos exemplos de Jesus estão mais propensas a receberem influências negativas.

Do mesmo modo, aqueles que têm a bondade como pilar encontram um caminho de dificuldades que, quando superadas pelo amor e pela fé, garantem a felicidade eterna.

Nesta seção, conheça alguns pontos essenciais para entender como o budismo compreende Deus, abordando sua crença em deidades e as características de seu mundo espiritual. Confira!

A visão budista difere essencialmente das crenças de outras doutrinas sobre Deus. Para os budistas, a figura de um criador onipresente, onisciente e onipotente não existe. No budismo, há a crença em mundos ou esferas celestiais, ou seja, universos onde habitam espíritos iluminados que são compreendidos como devas, ou deuses.

Em suma, o budismo crê em forças cármicas, o que se aproxima da Lei de Causa e Efeito conforme compreendida pelos espíritas. Os budistas se concentram em atingir uma consciência mais elevada do mundo e das coisas.

Essa busca consiste no do exercício do bem, no aprimoramento de valores morais e nas práticas como a meditação e a Yoga, e é considerada mais importante para o espírito do que abordar a existência de um Criador.

As deidades, ou deuses, na compreensão do budismo, são seres espirituais de altíssima consciência, isto é, seres iluminados que habitam o mundo espiritual. Existem categorias de deuses, o que os divide entre devas superiores e inferiores.

Os superiores são mais poderosos e possuem capacidades sobrenaturais, enquanto os inferiores estão mais próximos da realidade da matéria. Os mais avançados, nesse sentido, sequer possuem forma, e a comunicação com eles se dá por meio da meditação profunda.

Diferentemente de outras crenças, as deidades do budismo não são imortais, mas são extremamente longevas, podendo viver bilhões de anos até submeterem-se novamente ao ciclo reencarnatório.

O mundo espiritual do budismo é complexo e é composto por reinos, compreendidos como esferas ou planos espirituais. Mas esses reinos são cíclicos e nunca fixos.

Nesse sentido, também podem ser lidos como metáforas, correspondendo a estados de espírito experimentados também durante a vida terrena. O reino dos infernos é um estado negativo baseado na raiva. O reino dos espíritos famintos tem como essência a miséria.

O reino animal é o estágio dos instintos. O reino humano, onde estão as experiências do nascimento até a morte. O reino dos semideuses é onde vivem seres ainda não plenos, e, por fim, o reino dos deuses, ou devas, é o lugar da plenitude espiritual.

Veja a seguir como o mundo espiritual se manifesta no físico, por meio de comunicação através de variados canais e sentidos. Confira!

Algumas doutrinas espiritualistas mencionam que existem pessoas que sentem cheiros estranhos sem qualquer explicação de origem. O olfato é um sentido também propenso à mediunidade.

Dessa forma, médiuns são pessoas que têm uma habilidade natural ou desenvolvida que lhes capacita a detectar presenças e comunicações de espíritos. Esse fenômeno relacionado aos cheiros é conhecido como mediunidade olfativa, um tipo de mediunidade considerado bastante comum.

Assim, é importante perceber que os cheiros, nesses casos, são materializações de determinadas vibrações. Isto é, um odor ruim pode ser uma manifestação de energias carregadas, enquanto, por exemplo, sentir aroma de flores corresponde a captação de energias positivas.

Um vulto é, geralmente, uma imagem não muito nítida, algo próximo de uma sombra. É comum que médiuns que estão desenvolvendo a capacidade de ver espíritos se deparem com vultos. Esse tipo de mediunidade é conhecida como vidência, ou segunda vista.

Existem médiuns que conseguem visualizar nitidamente os espíritos em um ambiente, enquanto outros apenas enxergam vultos ou sombras, sem conseguir distinguir uma fisionomia.

Algumas correntes doutrinárias correspondem os vultos aos espíritos de baixa energia, e nesses casos, são vultos comumente escuros que aparecem. Nessas ocasiões, é importante direcionar o pensamento a coisas positivas e até mesmo fazer uma oração.

Dentre os tipos de mediunidade, existe também aquela voltada ao sentido da audição. Há pessoas que escutam frequentemente barulhos e vozes, sem conseguir distinguir uma origem para esses fenômenos sonoros.

Elas estão experimentando uma abertura em seus canais mediúnicos. Os espíritas acreditam que todos nós temos mediunidade que pode ser desenvolvida, e em algumas pessoas essas capacidades se desencadeiam sem aviso, enquanto em outras dependem de maior estudo e desenvolvimento.

Um espírito que está vagando pela Terra, ainda psiquicamente ligado ao mundo material, pode se manifestar por meio de sons. É importante que a pessoa que ouve mantenha a calma e ore para que essa presença encontre a luz.

A mediunidade que compreende os arrepios e calafrios vindos do nada é aquela da qual fazem parte os sensitivos e impressionáveis. Geralmente, pessoas em que essa mediunidade aflora sentem impressões, ou sensações vagas.

Sente-se, elas relatam, uma presença, mesmo sem ver ninguém no ambiente. É comum que pessoas sensitivas consigam inclusive detectar a natureza dessas presenças, se positivas ou negativas.

Não há uma regra para a manifestação impressionável, ou seja, tanto espíritos perturbadores como aqueles que não desejam fazer qualquer mal podem ser sentidos pelos médiuns. Nesses momentos, oração é uma forma de ajudar os espíritos errantes a encontrarem o auxílio de espíritos superiores.

Quando a intenção de espíritos em um ambiente é manifestada de forma intensa, pode haver, por exemplo, interferência em aparelhos eletrônicos. Esse fenômeno acontece de formas variadas, como aparelhos que ligam e desligam sozinhos, iluminação que cai, pisca ou se acende sem explicação, além de outros tipos de atividades estranhas.

Além disso, pode-se detectar mofo ou infiltração em espaços específicos de uma casa, sem se conseguir encontrar uma razão para tais problemas. Geralmente, espíritos que se ocupam de causar interferências no ambiente doméstico não são amigáveis, e suas vibrações negativas demandam orações e até mesmo um trabalho de limpeza espiritual.

É frequente que a nossa visão do mundo espiritual seja a de algo oposto ao mundo físico, como se existisse entre essas esferas uma barreira definitiva. É claro que existem limites muito marcados entre a vida e a morte, entre o material e o espiritual.

Porém, as interferências e as intervenções do mundo espiritual no físico são bastante comuns, e inclusive fazem parte da história da humanidade. De modos variados, o mundo espiritual se manifesta no físico, seja por meio da fé ou da busca por explicação a fenômenos estranhos, mas também por meio da intuição.

As influências do mundo espiritual podem, portanto, ser positivas ou negativas, e dependem de fatores como nosso grau de desenvolvimento espiritual, intenções e necessidades, assim como de percepção mediúnica e abertura de canais energéticos.