Dia de Xangô: veja o dia e outras informações sobre esse poderoso Orixá!

Na Umbanda, Xangô, Deus do Trovão e da Justiça, é homenageado anualmente no dia 30 de setembro. No entanto, para outras religiões de origem africana, a data muda para 24 de junho. Mas existe uma explicação. É que na Umbanda, com o sincretismo religioso, Xangô representa São Jerônimo e o dia de comemoração desse santo, conhecido como o tradutor da Bíblia para o latim pela Igreja Católica, é em setembro.
 
Dependendo da raiz religiosa da vertente de matriz africana, podem existir até 12 tipos de Xangô, como acontece, por exemplo, no Candomblé da Bahia. Então, para algumas destas vertentes, São Jerônimo é Xangô Agodô. Para aquelas que homenageiam o Orixá em junho, a correspondência no sincretismo é Xangô Aganju, representado por São João.

Nas religiões de matriz africana. Xangô é o Orixá da justiça e juiz do Universo. Por algumas dessas vertentes Xangô é reconhecido como Rei da cidade de Oió, um antigo império africano que existiu entre os anos de 1400-1835 a.C. A seguir, um pouco da história desse poderoso Orixá.

Todo mundo sabe que os Orixás foram trazidos para o Brasil no século XVI pelos escravos iorubá. Também não é novidade que os Orixás são antepassados divinizados pelos adeptos das religiões africanas. Como são poucos os registros dessa época, são várias as lendas sobre a origem verdadeira dos Orixás.
 
Assim, reza a lenda que uma das possíveis origens de Xangô remonta ao Reino de Oió, nas terras dos iorubás. Conta a lenda que o Reino de Oio foi fundado por Oraniam, que, durante suas guerras atravessava as terras do Rei Elempê, com que fez uma aliança e desposou uma de suas filhas. Dessa união nasceu Xangô.

Um dos itãs (lendas) conta que Xangô herdou o Reino de Oió de seu pai e lá governou durante muitos anos. Ainda conforme a lenda, Xangô era um guerreiro forte, que se vestia de vermelho, a cor do fogo. Xangô teve três esposas: Obá, Iansã e Oxum. 
 
Conforme a lenda, Iansã foi o verdadeiro amor de Xangô. E para se casar com ela, teve que vencer a guerra contra Ogum. Nessa guerra, Ogum se apresentou com a espada e a armadura. Xangô tinha apenas uma pedra na mão, mas a pedra tinha poderes que derrotaram Ogum. E assim, Xangô ganhou o amor eterno de Iansã.

Muito vaidoso, Xangô sempre se apresenta vestido de vermelho, cor do fogo. Contam os antigos que Xangô, de tão vaidoso que era, trançava seus cabelos como os de uma mulher. Geralmente representado pelo Imperador no tarô, sua aparência traz um porte nobre e viril.
 
No entanto, dependendo do tipo de Xangô e da vertente de matiz africana, o Orixá pode se apresentar como um menino de pele escura envolto em vestes vermelhas. Nesse caso, representando São João.

Se comparado com outras mitologias, Xangô representa para as religiões africanas o mesmo que Tupã para os tupis-guaranis ou Zeus, para os gregos. Xangô também era conhecido por seu caráter violento e viril.
 
Impiedoso justiceiro, esse Orixá castigava aqueles que não concordavam com as boas práticas daquele reinado. Até hoje, nos ilês de todo o mundo, Xangô é homenageado com uma dança quente, em frente aos tambores, ao som do alujá.

O sincretismo religioso, definido como a fusão de uma ou mais religiões, chegou ao Brasil quando da colonização e da vinda de escravos. Além disso, o domínio da Igreja Católica, apoiado pelo coroa portuguesa também contribuiu para que os Orixás fossem representados por santos católicos.
 
Em função desse sincretismo, Xangô pode ser cultuado como São João, São Jerônimo e São Miguel Arcanjo, dependendo da “bacia” do Ilê, isto é, dependendo da vertente de raiz africana, como por exemplo Candomblé, Umbanda ou Nação (vertente de matriz africana comum principalmente nos terreiros do RS).

Xangô, além de ser o impiedoso justiceiro do Universo, também é conhecido como o Rei da Sabedoria. Simboliza o equilíbrio e as realizações. Com seu machado de duas faces, Xangô protege seus filhos das injustiças e é o guardião da Lei do Retorno. A seguir você saberá o que fazer para agradar esse Orixá.

Na Umbanda, as cores de Xangô são o vermelho e o branco, mas em outras vertentes das religiões de matiz africana, o Dono do Fogo e da Pedreira também pode usar o marrom ou marrom e branco.

Um dos principais elementos de Xangô é o fogo. Por isso, esse Orixá também é conhecido como o senhor do trovão e dos raios. Xangô também é dono das pedreiras e isto o liga ao elemento terra.

Os domínios de Xangô estão no poder, na sabedoria e na justiça. Por isso, tudo que estiver relacionado a esses domínios estará relacionado ao Orixá justiceiro. Das lavras dos vulcões aos raios e trovões que ecoam no céu, Xangô estende seu domínio. Afinal, Xangô é o guardião das Leis Universais.

O Oxé é o principal símbolo de Xangô. Seu machado de duas faces é uma arma esculpida em madeira, cobre, latão dourado ou bronze. O Oxé simboliza o espírito guerreiro desse Orixá.

Antes de falar sobre as velas de Xangô, é necessário lembrar que para os adeptos destas religiões, as velas simbolizam a soma do pensamento, da vibração e do fogo. Por isso, as velas dos orixás acompanham as cores das vestimentas. No caso de Xangô, podem ser vermelhas e brancas ou marrons.

As principais folhas e ervas de Xangô são: folhas de limão, café e folha do fogo. Já as principais ervas são: hortelã, manjericão roxo, quebra pedra, levante, aroeira, milho-de-cobra e erva de São João. Noz-moscada, romã, jurema preta, flor de hibisco e mulungu também fazem parte da lista.

A principal comida de Xangô, também usada nas oferendas ao Orixá, é o Amalá. Mas o cardápio do Senhor da Justiça, engloba ainda ajobó, rabada, acarajé, pimenta e canjica branca, além das carnes de carneiro e cágado. Para beber, água mineral, água de coco e cerveja preta.

Conforme os fundamentos das religiões de matriz africana, os animais que representam Xangô são o cágado, o carneiro, o falcão, a águia e o leão. Cada um desses animais tem a ver com as habilidades do Orixá. Um exemplo é o leão, simbolizando o reinado de Xangô.

As quizilas dos Orixás são tudo aquilo que pode causar reações contrárias no axé.  Ou seja, são proibições que devem ser respeitadas pelos filhos do santo. Sendo assim, os filhos de Xangô devem evitar comer quiabo, rabada, carne de cágado ou carneiro e camarão com cauda.

Para se conectar com o Orixá Xangô, você pode iniciar o ritual acendendo uma vela vermelha e branca ou marrom. Também pode vestir roupas nestas cores. O ritual pode ser feito às quartas-feiras, dia dedicado ao Orixá na Umbanda. A seguir, saiba tudo sobre as oferendas, banhos e simpatias para Xangô.

Em qualquer que seja o terreiro, da Umbanda ao Candomblé, a saudação para Xangô é a mesma: Kaô Kabecilê! Esta expressão, que significa “venha saudar o rei/pai”, é de origem iorubá e foi trazida e perpetuada pelos afro-brasileiros e adeptos das religiões de matriz africana pelo Brasil afora.
 
A saudação Kaô Kabecilê também serve como “chamado”, aumentando a vibração da corrente para ampliar a conexão com o Orixá, é facilitar a sua incorporação.

Se você quiser fazer um agrado a esse poderoso Orixá, com certeza terá que fazer um Amalá. Servido em uma gamela de madeira, esta oferenda é composta por quiabo, pirão de farinha, azeite de dendê, cebola e bananas. A receita é simples. Faça o pirão, temperando com cebola, pimenta e azeite de dendê. Deixe esfriar.

Em seguida, coloque folhas de mostarda forrando a gamela, corte os quiabos ao comprido, descasque as bananas e enfeite o prato. A oferenda deve ser deixada numa pedreira, de preferência na quarta-feira. Não esqueça de escrever seu pedido num papel branco e colocá-lo dentro do Amalá. Também não esqueça de iluminar a oferenda com vela vermelha, vermelha e branca ou marrom.

Agora que você já sabe um pouco mais sobre Xangô, chegou a hora de uma super simpatia para superar uma injustiça. Fique atento aos ingredientes: você precisará de 6 folhas de mostarda, 6 bananas-nanicas, 6 pedaços de papel virgem, 3 velas brancas comuns, 3 velas vermelhas comuns e azeite de dendê para regar.

O preparo consiste em forrar uma gamela com as folhas de mostarda com o talo para fora. Na sequência, descasque as bananas até a metade e arrume-as em círculo no recipiente. Escreva nos papéis o nome da pessoa que praticou a injustiça, enfie-os dobrados nas bananas e regue tudo com o dendê. Para finalizar, coloque as velas intercalando as cores entre as bananas. Deposite numa pedreira e acenda as velas.

Um dos banhos mais poderosos de Xangô é o banho para prosperidade. Para fazê-lo, você vai precisar de dois litros de água solarizada ou mineral, 12 quiabos cortados em rodela e uma taca de vinho.
 
Amasse as rodelas de quiabo com a água e o vinho. Esfregue esta mistura dos pés para a cabeça. Ou seja, de baixo para cima. Enquanto isso, vá mentalizando 12 vezes o seu pedido. Depois de 6 minutos, tome seu banho normalmente.

Senhor da Justiça, Xangô controla as forças do Universo com seu fogo, seus raios e seus trovões. Como vimos nesse artigo, Xangô é o Orixá da justiça kármica, aqui e em todas as outras vidas. Xangô também é reconhecido, nas religiões de matriz africana, como o senhor do equilíbrio e das realizações.

Portanto, se você está precisando de uma forcinha para resolver uma causa judicial, realizar um projeto ou encontrar seu equilíbrio emocional, faça um Amalá para Xangô. Tome um banho para a prosperidade e faça uma oração. Se você merecer, certamente esse Orixá vai te ajudar.