Optchá: conheça a expressão cigana, sua origem, o que significa e mais!

Optchá é uma das saudações ciganas mais populares, principalmente entre os terreiros de Umbanda. Em Romane ou Romani, a palavra significa “salve!”. A expressão também é muito utilizada na dança cigana, como “Bravo” e “Olé”.

Já na guerra, Optchá se traduz como um grito de força. Além disso, Optchá também pode ser usado em oração. É uma expressão que traz energias positivas e amplia a vibração. Neste artigo você saberá como e quando usar a expressão Optchá para atrair boa sorte. Vamos falar ainda sobre a padroeira dos ciganos, Santa Sara Kali. Boa leitura!

Antes de falarmos sobre o povo cigano e sua relação com a expressão Optchá, precisamos entender sua origem, conceitos e usos. Também é interessante entender um pouco sobre outras expressões usadas por este povo, conhecido por sua alegria. Saiba mais a seguir!

Segundo o Centro de Pesquisas da Cultura Romá no Brasil, a palavra Optchá é de origem húngara. A expressão, que se popularizou principalmente nos terreiros de Umbanda, foi trazida ao Brasil quando aqui chegaram os ciganos provindos da Hungria. 
 
Na Umbanda, a palavra Optchá está ligada à egrégora da linha dos Ciganos do Oriente, entidades diferentes dos Ciganos Exu. Para o povo cigano, no entanto, a palavra Optchá não tem sentido religioso. Vale lembrar que os ciganos encarnados são uma etnia e não uma religião.

A palavra Optchá não tem tradução direta para o português. Assim, em função de seus usos, na dança, rituais e na guerra, esta expressão assumiu o significado de uma saudação, desejando força e sucesso.

Há quem diga que Optchá não é uma palavra de origem Romani. Outros acreditam que a palavra é de origem húngara. Fato é que a expressão hoje já é reconhecida como uma saudação ao povo cigano. No entanto, esta palavra não é bem aceita dentre os ciganos mais tradicionais. No decorrer deste artigo, você saberá o motivo.

Sempre que houver uma homenagem, quer seja na Umbanda, quer seja na Quimbada, a expressão Optchá pode e deve ser usada como uma saudação às entidades. Optchá também pode ser usado num espetáculo de dança cigana, significando “bravo”. Ou ainda como uma oração.
 
Optchá é comumente usado para energizar as oferendas ao povo cigano. No entanto, a expressão pode ser tomada como uma ofensa para alguns tipos dos povos ciganos.

O uso apropriado da expressão Optchá não está escrito em nenhuma bibliografia a respeito do povo cigano. Logo, há quem diga que a palavra Optchá não é de origem romani e não pertence ao vocabulário cigano.
 
O uso da palavra Opctchá ainda pode ser inapropriado junto a determinadas tribos ciganas. Por isso, em algumas delas a palavra pode, inclusive, ser tomada como ofensa, algo considerado culturalmente normal.

O povo cigano está atualmente dividido em três grandes grupos: os Kalon, ciganos ibéricos que falam Shib Kalé ou Caló, uma mistura de romanes, português e espanhol; os Romi, originários dos países Bálcãs e do Leste europeu que falam romanes e se subdividem em cinco outros subgrupos e, por fim, os Sinti, mais presentes na Alemanha, França e Itália. Esse último grupo fala romanes — sintó.

A palavra Optchá não é bem aceita entre os ciganos mais tradicionais, principalmente naqueles clãs que perpetuam as tradições ciganas de sua origem. Conforme os ciganos mais antigos, a palavra Optchá não é bem-vinda por não pertencer ao romani ou a qualquer outro dialeto cigano.

Os ciganos, pela Umbanda, são uma linha de trabalho ligada ao bem-estar físico, mental e espiritual. O povo cigano pode trabalhar na linha de Exu ou nas suas próprias linhas, chamada Oriental. Ainda que representem o povo cigano desencarnado, os rituais para estas duas linhas são muito diferentes.
 
No entanto, sempre que se trabalha com o povo cigano na Umbanda, a expressão Optchá é utilizada frequentemente, não só para aumentar a vibração dos médiuns no terreiro como também como uma saudação de respeito e fé.

Quem gosta e/ou cultua o povo cigano sabe que entre eles existem outras saudações tão importantes quanto Optchá. Uma delas é Ori Oriô, que não tem uma tradução exata para o português, mas é interpretada como uma saudação de respeito à entidade cigana que está na terra.

Essa expressão faz parte de vários pontos de Umbanda. Outra expressão comum entre o povo cigano é “Alê Arriba”, que significa força (para cima). Essa expressão é comum nos acampamentos ciganos sendo utilizada para desejar boa sorte e boas energias.

Até hoje, ninguém sabe ao certo a origem do povo cigano. Mas por ser um povo nômade e livre, que vive sob suas próprias leis, e usa a magia para ganhar dinheiro, os ciganos foram sempre discriminados e rotulados como a escória. Na sequência você saberá um pouco mais sobre este povo também conhecido como o povo do amor.

Ao longo da história, o povo cigano tem sofrido perseguições e preconceito. Para se ter uma ideia, este povo foi vítima de um dos maiores crimes de guerra, quando, durante a Segunda Guerra Mundial, Adolf Hitler mandou prender e matar milhares de ciganos.
 
Em Portugal, Espanha, França, Suíça e Inglaterra não foi diferente. Perseguidos por sua índole nômade e errante, nestes países o povo cigano também sofreu com o preconceito e a discriminação.

A chegada dos ciganos ao Brasil se deu por volta dos anos de 1940/1950. E por mais hospitaleiro que o brasileiro seja, aqui também existiu e ainda existe o preconceito contra os ciganos. Principalmente contra aqueles que vivem em clãs.

Ao longo de sua existência, os ciganos foram marcados por estereótipos negativos. Um dos mais conhecidos é aquele que acusa o povo cigano de ser responsável pelo roubo de crianças. Infelizmente, ainda hoje quando se fala em povo cigano, o imaginário coletivo produz um preconceito de que esta etnia é ligada a crimes e atividades ilícitas.
 
No Brasil, as maiores comunidades ciganas se situam nos estados da Bahia, Minas Gerais e Goiás. Somam cerca de 500 mil pessoas ao todo que, apesar de estarmos no século XXI, ainda não são reconhecidas como cidadãos. Uma das consequências é o esquecimento de suas culturas e a negação identitária, por medo de não serem aceitos.

A origem de Santa Sara Kali, padroeira dos ciganos, varia conforme o clã. Uma das versões diz que ela viveu no sul da França. Em outra, Santa Sara Kali era de origem egípcia e foi levada para a Palestina como escrava. Se quiser saber mais sobre essa poderosa santa canonizada pela Igreja Católica, continue lendo o artigo.

Ambas as versões que vimos acima identificam Santa Sara Kali como acompanhante das três Marias, que seguiam Jesus Cristo. Considerada a padroeira do povo cigano e canonizada pela Igreja Católica em 1712, Santa Sara Kali foi uma das primeiras santas negras no catolicismo. No entanto, o culto a esta santa pela Igreja ainda é raro.

Santa Sara Kali também é conhecida como padroeira dos exilados e desesperados. Muitos fiéis a reconhecem como protetora do bom parto e das mulheres que querem engravidar. A festa em comemoração à canonização de Santa Sara acontece nos dias 24 e 25 de maio.

Contam os antigos que Santa Sara tinha a pele escura por isso seu apelido Kali (que significa negra em romani). A imagem de Santa Sara Kali é vestida de rosa, azul, branco e dourado.
 
A imagem de Santa Sara também costuma ser adornada com flores, joias e lenços coloridos, coisas que Sara gostava de usar quando de sua passagem terrena. Reza a crença popular que a conexão com a santa se dá através dos olhos de Santa Sara Kali, pois contêm a força da mãe, da irmã, da mulher, a energia do sorriso e a magia do amor e da paz.

 Um dos primeiros milagres realizados por esta santa remonta do período em que ela, as Três Marias e José de Arimateia foram lançados ao mar em uma pequena embarcação, sem remos, nem vela. Através de sua fé, Santa Sara Kali fez com que o barco chegasse são e salvo à terra, assim como seus tripulantes.
 
Até hoje Santa Sara Kali é concebida como milagrosa por auxiliar inúmeras mães em trabalhos de parto de alto risco ou ajudando as mulheres com dificuldades para engravidar. Entre o povo cigano, Santa Sara Kali é a mais reverenciada. Isso porque, para esse povo, o milagre mais importante é o da fertilização.

Dependendo do clã, o lenço ou diklô é usado apenas por mulheres casadas, em sinal de respeito e fidelidade. Em outros, o lenço é usado pelas jovens, desde a primeira menstruação, como sinal de que já são mulheres.

Independente do significado, para Santa Sara Kali, o lenço foi o instrumento escolhido para firmar sua fé e pedir proteção. Durante a trajetória do barco em que se encontrava, Sara jurou nunca mais tirar o lenço se o milagre de se salvarem acontecesse. Os tripulantes não só se salvaram como Sara foi acolhida por um grupo de ciganos locais onde o barco atracou.

Sara era uma cigana escrava que enfrentou várias provações e preconceitos, até encontrar as Três Marias, que a acolheram em seu caminho de peregrinação. Depois de seu primeiro milagre, Sara passou a representar todas as mulheres, esposas, mães e filhas, principalmente do povo cigano que a elegeu sua protetora.
 
Por ajudar Maria de Nazaré em seu parto, Santa Sara também passou a representar e proteger as parteiras. Santa Sara Kali foi uma das primeiras santas negras da Igreja Católica e representa a esperança para os aflitos e desesperados.

Todos os anos, desde 1712, nos dias 24 e 25 de maio, acontecem as celebrações em homenagem à Santa Sara Kali. As comemorações acontecem em todo o mundo, principalmente no sul da França. Isso porque a imagem de Santa Sara está na Igreja de Saint Michel, localizada em Saint Marie de la Mer, onde também estão seus restos mortais.

Nos dias de homenagem é comum a oferta de lenços coloridos como agradecimento por uma graça alcançada. No Brasil, os ciganos homenageiam sua padroeira na cidade de Santos, litoral paulista, onde, desde 2006 existe uma gruta, localizada junto à Lagoa da Saudade, no alto do Morro da Nova Cintra.

Para atrair a prosperidade ou para fazer um pedido que acalme o seu coração, conheça a oração para Santa Sara Kali. Faça com muita fé, concentração e amor no seu coração, mentalizando bons acontecimentos, bem como tirando qualquer ansiedade que possa atrapalhar. Então, leia a oração abaixo com muita devoção:

Apesar de em seu início, a umbanda não incluísse o povo cigano em seus rituais, hoje em dia, eles são considerados valiosos e respeitados por transmitirem mensagens de amor, alegria, paz e prosperidade. Veja a seguir as principais características deste povo de fé e sabedoria.

A umbanda é uma religião totalmente brasileira, fundada a partir do final do século XIX, no Rio de Janeiro. É constituída por fragmentos de outras religiões como o catolicismo, o espiritismo e as religiões de matriz africana.
 
Com o passar do tempo, surgiram ramificações como a Umbanda Branca (que utiliza instrumentos e fundamentos kardecistas), a Umbanda de Caboclo (que tem forte influência do xamanismo) e a Umbanda cruzada com o Candomblé, entre outros.

Os ciganos são considerados, na umbanda, guias de um valor significativo, não só por seu profundo conhecimento em magia, como também por serem excelentes curandeiros, principalmente em questões de saúde e amor.
 
Donos dos caminhos, os ciganos na umbanda são responsáveis por apontar trajetos e guiar seus adeptos para o caminho da luz. As entidades ciganas entendem os rituais da Umbanda como uma forma de contribuir para a evolução espiritual da humanidade.

As entidades ciganas na Umbanda atuam principalmente em situações que envolvem dinheiro e saúde. No entanto, é muito comum, durante um ritual, ver os ciganos orientando seus adeptos.
 
Como são munidos de sabedoria plena, fazem suas magias cheias de mistérios, sob a regência dos ciclos lunares. Como dizem os umbandistas, os ciganos atuam na direita, portanto, são seres de luz. São entidades que um dia já foram encarnadas e que, durante seu período terreno, tomaram consciência de como funciona a corrente do Universo.

Até cerca de 25 anos não existia na Umbanda uma linha especialmente dedicada ao povo cigano. Mas devido à importância destas entidades na evolução espiritual da humanidade, hoje já se tem uma linha específica de trabalho, que atende a demanda destes seres iluminados.
 
No entanto, como os ciganos são também um povo livre, a incorporação se dá muito mais pela influência energética no médium, isto é, apenas “encostam”. A explicação é simples. Os ciganos são livres e não aceitam serem “assentados” em terreiros de Umbanda.

De um gosto requintado e afetos à preservação da natureza, os ciganos espirituais gostam de ganhar oferendas feitas com muito amor, carinho e dedicação. Por isso, o local onde será deixada a oferenda deve ser forrado com papel de seda, tecido ou folhas verdes.

Na bandeja, flores, frutas, pão e grãos. Se for utilizar rosas, não esqueça de tirar os espinhos. Para beber, o ideal é oferecer vinho tinto, servido em tacas de vidro. Após montar a “mesa”, decore com joias, espelhos, fitas coloridas, leques, baralho, lenços, xales e velas coloridas. Acenda o incenso e as velas e regue tudo com mel. Não esqueça de colocar também moedas (novas ou antigas) e os cristais.

Todo mundo pensa que os ciganos são coloridos devido à sua alegria de viver e de seu estilo de vida desapegado, porém muito próximo da natureza. No entanto, o que pouca gente sabe é que as cores usadas pelo povo cigano espiritual têm todo um significado.
 
Assim, as cores dos ciganos são: azul (para purificação, paz e tranquilidade); verde (para a saúde, cura, esperança e força); amarelo (para os estudos, prosperidade financeira e alegria); vermelho (para a transformação, trabalho e paixão); rosa (para o amor); branco (para elevação espiritual); lilás (para melhorar a intuição e quebrar as forças negativas) e, por fim, o laranja (para prosperidade).

Seja na dança, nas comemorações em volta da fogueira ou nas festas de aniversário e casamentos, a expressão Optchá representa um grito de força, uma saudação. Também é usada pelos ciganos menos tradicionais como um elogio, como “Bravo”.
 
Nos terreiros de Umbanda, Optchá simboliza respeito e fé. Serve para energizar a corrente de ciganos espirituais, sob a regência da linha do Oriente. Optchá é mais que isso. Para os ciganos deste século, a palavra reverencia Santa Sara Kali, padroeira do povo cigano. E serve para elevar nossa vibração para alcançarmos a prosperidade, a saúde e a paz.