História de Iansã: itans sobre a orixá com Exu, Xangô, Ogum e mais!

A orixá Iansã é a representante do movimento, do fogo, do deslocamento e da necessidade de mudanças. Ela também representa o raciocínio rápido, a lealdade, a coragem, a franqueza, as transformações materiais, as lutas contra as injustiças e os avanços tecnológicos e intelectuais. Além de ajudar no equilíbrio das ações humanas.

No catolicismo Iansã é associada à Santa Barbara por causa de sua influência nos raios e tempestades. A santa foi assassinada pelo próprio pai por escolher a religião e depois de sua morte um raio atingiu a cabeça de seu assassino. Ela é homenageada no dia 04 de dezembro, mesmo dia em que os fiéis da umbanda fazem oferendas a Iansã.

Neste artigo você conhecerá os detalhes da história de Iansã e seus itans. Confira!

O culto a Iansã se iniciou na Nigéria, nas margens do Rio Níger e chegou ao Brasil junto com os povos escravizados. Durante sua juventude, Iansã foi muito aventureira e conheceu diversos reinos, como também foi a paixão de diversos reis, mas para sobreviver nestes lugares precisou de muita astúcia e inteligência. Confira a seguir o que aconteceu ao longo da vida de Iansã.

Esta história conta que Iansã era estéril e queria muito poder ter filhos, então ela foi atrás de babalaô para que ele consultasse o oráculo de Ifá e ele lhe aconselhou a fazer uma roupa vermelha para os ancestrais, e que ela ainda teria que fazer um sacrifício de carneiro.

Iansã fez tudo que era necessário e conseguiu parir com sucesso nove filhos, mas ficou proibida de comer carne de carneiro. Após o nascimento de seus filhos, foi reconhecida como a mãe dos espíritos ancestrais e a dominadora dos egunguns, que são os espíritos de pessoas muito importantes que retornam a Terra.

Um dia Iansã estava muito triste e Euá quis saber o que aconteceu. Ela começou a chorar incessantemente e disse que havia sido traída pelo carneiro e que isso quase lhe custou a vida. Iansã explicou que precisou se transformar em uma abóbora na plantação, para conseguir sobreviver e escapar, sendo eternamente grata às abóboras.

O carneiro agia como se fosse seu mais fiel amigo, mas na verdade cometeu a maior das traições. Ele levou os inimigos de Iansã ao lugar onde ela costumava ficar. Iansã era muito ingênua e foi muito difícil para ela aceitar que seu amigo queria a sua morte.

Odulecê era um caçador que morava nas terras de Keto. Ele pegou uma menina para criar e a tornou sua filha. Ela era conhecida por ser muito esperta e ligeira. A criança era Iansã. Com seu jeito, logo se tornou a predileta de Odulecê, o que fez com que ela ganhasse destaque no povoado.

Porém, um dia Odulecê faleceu, deixando Iansã extremamente triste. Para homenagear o pai, ela pegou todos os seus instrumentos de caça e os enrolou em um pano, cozinhou todas as iguarias que ele tanto amava, dançou e cantou durante sete dias, espalhando o seu canto com o vento.

Iansã adorava ficar disfarçada de ovelha, mas um dia estava sem a pele do animal. Oxóssi quando a viu, logo se apaixonou e quando se casou com ela, escondeu a pele de ovelha para que ela não escapasse dele. Juntos eles tiveram 17 filhos, mas Odé tinha uma primeira esposa, Oxum, que foi quem criou todos os filhos de Iansã.

Como era Oxum que cuidava das crianças, Iansã vivia na casa de Odé, mas um dia elas se desentenderam e Oxum mostrou onde estava escondida sua pele de ovelha. Assim, Iansã pegou sua pele e assumiu novamente sua forma animal e fugiu.

Em uma festa onde estavam presentes todos os orixás, Omulu-Obaluaê apareceu vestindo seu capucho de palha. Como estava irreconhecível nenhuma mulher aceitou dançar com ele, mas Iansã foi a única corajosa a dançar e conforme dançava ia fazendo vento, foi então que as palhas levantaram e todos viram que era Obaluaê.

Obaluaê era um homem belo e todos ficaram chocados com sua beleza. Ele ficou extremamente feliz com Iansã e como recompensa dividiu o reino com ela. Iansã se tornou a rainha dos espíritos dos mortos, ela ficou tão feliz que dançou para mostrar seu poder a todos.

Os itans são lendas que contam os feitos dos orixás. Essas histórias se perpetuam pelas gerações e são contadas da mesma forma que eram no passado. Confira as lendas de Iansã.

Oxóssi era conhecido por ser um grande caçador e rei do seu povoado. Ele foi tremendamente apaixonado por Iansã e a ela deu o seu mais puro amor. Ele a ensinou técnicas de caça para que nem ela nem seus filhos passassem fome.

Ele também deu um poder a ela, o de se transformar em um búfalo, pois isso faria com que ela conseguisse se proteger mais ainda. Iansã amou muito seu marido, tanto que o eternizou em seu coração e foi grata por tudo que ele lhe proporcionou, mas teve que partir, para continuar sua missão.

O rei Logun-Edé era o senhor das matas e tinha grande poder sobre elas. Para Iansã ele entregou o mais ardente amor e o poder de tirar das cachoeiras frutos muito suculentos, para que ela pudesse alimentar seus filhos e a si mesma.

Assim como Oxóssi, Iansã nunca se esqueceu de Logun-Edé, pois ela também o amou muito e foi eternamente grata a todo cuidado que teve com ela, mas continuou sua jornada e foi para o próximo reino.

Iansã chegou ao reino de Obaluaê querendo descobrir os seus segredos e também ver seu rosto, já que apenas suas mães haviam visto. Iansã dançou para ele tentando seduzi-lo, assim como fez com os outros, mas de nada adiantou. Obaluaê nunca havia se relacionado com ninguém, por isso Iansã não conseguiu conquistá-lo.

Vendo que não iria adiantar, Iansã lhe diz a verdade e conta que quer apenas aprender algo com o rei. Assim, ele lhe ensina a conviver com os eguns e a controlá-los.

O rei Xangô, conhecido como o grande juiz, já conhecia Iansã, mas foi quando ela entrou em seu reino que eles se apaixonaram e posteriormente se casaram. O rei tinha mais duas esposas, uma delas era Oxum, uma mulher belíssima que deixava Iansã com muito ciúmes.

Xangô lhe deu amor eterno e um alto posto de justiça, o poder de usar encantamentos e o domínios sobre os raios. Iansã o amava tanto, que quando Xangô morreu ela pediu que fosse levada também, para viver a eternidade ao lado do seu grande amor.

Em suas aventuras mata a fora, Iansã encontrou o reino de Ogum, que era um rei muito amistoso que se encantou pela beleza da jovem e a vivacidade que emanava dela. Iansã estava no seu reino para aprender aquilo que desconhecia.

Ela foi o grande amor de Ogum e juntos tiveram nove filhos, Ogum lhe deu de presente uma linda e poderosa espada, além de uma vara de cobre. Ele lhe ensinou tudo o que sabia e Iansã aprendeu com ele a se defender e a proteger os justos.

O rei Oxaguian era um jovem construtor muito bem quisto pelo seu povo, Iansã foi ao seu reino também em busca de conhecimentos. Além do amor do jovem ela ganhou um escudo poderosíssimo, Oxaguian ensinou-a a usá-lo a seu favor e também em favor dos seus aliados e protegidos.

Iansã por muito tempo o amou demais, e assim como os outros, eternizou-o em seu coração como forma de gratidão por tudo o que Oxaguian havia lhe ensinado. Após se despedir, partiu como o vento.

O rei Exu é conhecido pelo seu senso de justiça e por ser mensageiro dos orixás. Ele também amou Iansã da forma mais profunda possível e a ela ele lhe deu o poder sobre o fogo. Ela também soube como realizar os próprios desejos e os de seus filhos amados através da magia do bem.

Iansã, sempre muito amorosa, pegou o amor de Exú e o tornou eterno em seu coração, mais uma vez como forma de gratidão pelo conhecimento e cuidado obtido.

Os Ibejis são o termo usado para chamar os filhos que Iansã pariu, mas abandonou jogando-os nas águas. Esses filhos foram adotados e criados por Oxum, que ficou com muita pena deles. Ela os criou como se eles fossem seus próprios filhos, lhes dando muito amor e carinho.

Devido a isso, os Ibejis são saudados nos rituais realizados especificamente para Oxum ou também nos sacrifícios dedicados à deusa.

Omulú era um rei que tinha por todo o seu corpo marcas advindas da varíola e isso fazia com que sua aparência fosse medonha. Ele não foi convidado para uma festa do rei, justamente pela aparência, mas Ogum ficou com pena do jovem e o chamou para ir à celebração.

A rainha Iansã não tinha gostado muito da situação, mas logo cedeu se aproximando do jovem, ela começou a dançar, e o vento que os envolvia fez com que a palha que o cobria, voasse para longe.

Ainda, o vento mágico de Iansã curou todas as feridas de Omulú, depois se tornaram amigos por toda a eternidade e dele ela recebeu o poder de domínio sobre todo o seu reino.

Iansã tem um espírito guerreiro muito grande e quando Oxalá precisou de ajuda em uma batalha, lá estava ela. Oxalá estava esperando a ajuda dos outros orixás, mas ninguém conseguia atender suas demandas.

Ele pediu a Ogum, senhor das armas, para que este o ajudasse, mas Ogum não conseguiu agradar Oxalá. Iansã então se ofereceu para ajudar na fabricação das armas soprando o fogo para forjá-las.

A rainha Iansã possui histórias fabulosas e em todas elas podemos ver a sua bravura e determinação em adquirir cada vez mais poder e conhecimento. Sempre muito atraente, carismática e forte, todos que a olham se deslumbram.

Seu temperamento não é muito fácil, de gênio forte como é possível perceber em suas histórias que Iansã tem uma personalidade muito característica, mas seus feitos e lutas compensam. Iansã é o símbolo da mulher guerreira, que não foi feita para ficar dentro de casa e nem para cuidar do lar. Ela emana garra e coragem para vencer na vida e alcançar os seus objetivos.

Com certeza ela é um exemplo a ser seguido e sua energia e vitalidade devem ser sentidas diariamente pelos seus filhos, aqueles que a tem como orixá e também para os que se identificam com sua história e força.