Lendas amazônicas: Curupira, Iara, Boto, Boi Bumbá, Caipora e outras!

Lendas amazônicas: Curupira, Iara, Boto, Boi Bumbá, Caipora e outras!

As lendas mexem com o imaginário das crianças e dos adultos, e trazem também grandes ensinamentos. Leia este artigo e conheça as principais lendas amazônicas!


Conheça as principais lendas da floresta amazônica!

Vitória Régia

As lendas amazônicas são narrativas orais que, geralmente, são fruto do imaginário popular e se mantêm vivas ao longo do tempo, devido aos povos antigos que passaram as suas histórias de geração em geração.

Neste artigo, serão apresentadas as principais lendas da floresta amazônica, como, por exemplo, a lenda do Boto, que se transformava em um belo homem nas noites de lua cheia, a lenda do Uirapuru, um lindo pássaro que queria viver ao lado da sua amada ou lenda da Vitória Régia, uma bela índia que queria ser uma estrela para viver ao lado da lua.

Além disso, entenda o que é uma lenda, como as lendas podem influenciar as crianças e os adultos, e como a identidade cultural amazônica se constrói. Para saber mais, leia este artigo até o final!

Entendendo as lendas amazônicas

Menino indígena.

Você sabia que lenda e mito não são a mesma coisa? Aliás, o que é uma lenda? A seguir, entenda essas questões e aprenda também sobre a identidade cultural do Estado do Amazonas e como as lendas influenciam crianças e adultos. Confira abaixo.

O que é uma lenda?

A lenda geralmente é um fato popular contado de forma fantasiosa. Essas histórias são transmitidas oralmente e passam de geração em geração. Contudo, esses contos se misturam com fatos históricos e irreais. Além disso, a mesma lenda pode sofrer alterações ao longo do tempo, mexendo ainda mais com o imaginário de um povo.

Dessa forma, cada lenda possui características diferentes, de acordo com o seu povo e a sua região. Conforme a população se renova, a história tende a aumentar, a tornando mais elaborada, o que podem ser denominadas de lendas folclóricas ou urbanas. No entanto, as lendas não possuem nenhuma comprovação científica.

Diferença entre lendas e mitos

As lendas e mitos podem até parecer que são sinônimos, no entanto, elas se diferem. As lendas são narrativas orais e imaginárias. Essas histórias sofrem mudanças com o passar do tempo e se mesclam com fatos verídicos e irreais. Contudo, elas não podem ser comprovadas.

Já os mitos consistem em histórias criadas para esclarecer fatos que não podiam ser compreendidos. Por isso, utilizam de símbolos, personagens de heróis e semideuses com características humanas para explicar, por exemplo, a origem do mundo e justificar determinados acontecimentos que a ciência não é capaz.

Identidade cultural amazônica

A construção da identidade cultural amazônica é complexa, pois vários fatores a tornaram tão rica e que se renova até os dias de hoje. A mescla dos povos indígenas, negros, europeus e outros povos trouxe seus costumes, tradições e diversidade social.

Além disso, as religiões vindas desses povos, como o catolicismo, a umbanda, o protestantismo e o conhecimento dos índios transformaram a cultura amazônica tão diversa e tão plural.

Influência das lendas para crianças e adultos

Manter viva as lendas é fundamental, pois sem as histórias que atravessam o tempo e as gerações, a cultura e a identidade de um povo podem se perder.

As lendas têm o poder de influenciar positivamente as crianças, pois estimulam a leitura, além de expandirem a sua imaginação. Ademais, as lendas ajudam a formar pessoas mais conscientes da sua cultura e a preservar a natureza e os recursos naturais, uma vez que, muitas dessas histórias possuem personagens que protegem as florestas e os animais.

Nos adultos, as lendas se perpetuam, pois além de disseminarem as histórias que aprenderam quando crianças, ajudam a preservar a cultura, a identidade e seus costumes, como, por exemplo, uma das lendas mais famosas do Brasil, a do Boi Bumbá que ganhou visibilidade e diversidade com as apresentações anuais das festas de Parintins.

Principais lendas amazônicas brasileiras

Botos cor-de-rosa.

Neste tópico, serão mostradas as principais lendas amazônicas brasileiras que mexem até hoje com o imaginário das pessoas. É o caso da lenda da Matinta Pereira, uma bruxa que pode amaldiçoar e assombrar caso alguém não dê o que foi prometido a ela. Confira a seguir essas e outras lendas.

Lenda do Curupira

A lenda do Curupira surgiu através dos povos indígenas que contavam que havia um menino baixinho, com cabelos vermelhos e os pés virados para trás. O Curupira é o protetor das matas e tem os seus pés virados para enganar os caçadores e não ser capturado por eles. É dito que essa criatura corre tão rápido que é impossível alcançá-la.

Para evitar que a floresta seja devastada, ele produz um barulho ensurdecedor, a fim de afastar os malfeitores. No entanto, quando o Curupira percebe que as pessoas não estão fazendo mal à mata, somente está colhendo frutos para sobreviver, ele não faz mal a ninguém.

Lenda da Iara

Outra lenda de origem indígena é sobre a Iara ou mãe d’água - uma índia guerreira que despertava a inveja dos seus irmãos. Ao tentarem contra a vida dela, Iara matou os seus irmãos para se defender e seu pai, o Pajé, como forma de punição a jogou no encontro do Rio Negro e Solimões.

Os peixes a resgataram levando Iara para a superfície do rio em uma noite de lua cheia, transformando-a em metade peixe e metade mulher, ou seja, da cintura para cima tinha corpo de mulher e da cintura para baixo, uma cauda de peixe. Então, ela se transformou em uma linda sereia.

Assim, ela passou a se banhar no rio e com o seu lindo canto seduzia os homens que por ali passavam. Iara atraia esses homem e os levava para o fundo do rio. Os que conseguiam sobreviver ficavam loucos e, somente com a ajuda de um Pajé, voltavam ao normal.

Lenda do Boto

Um homem vestido de branco, utilizando um chapéu da mesma cor e com uma aparência agradável surge sempre à noite para seduzir a moça mais bela do baile. Ele a leva para o fundo do rio e a engravida. Ao amanhecer, transforma-se novamente em um boto cor-de-rosa, deixando a donzela à própria sorte.

Essa é a lenda do Boto, uma história contada pelos indígenas. Nela, o animal cor-de-rosa se transforma nas noites de lua cheia em um belo homem, a fim de seduzir uma moça solteira durante o mês de junho, quando acontecem as festas juninas. Essa história é contada sempre que uma mulher engravida e não se sabe quem é o pai do bebê.

Lenda da Matinta Pereira

Ao passar a noite nas casas, um pássaro agourento emite um som estridente e, para parar o assobio, o morador deve oferecer fumo, ou outra coisa. Na manhã seguinte, surge uma velha que carrega a maldição da Matinta Pereira e cobra o que foi prometido. Caso a promessa não seja cumprida, a velha amaldiçoa todos os moradores da casa.

A lenda diz que quando Matinta Pereira está para morrer, ela pergunta a uma mulher: “Quem quer? Quem quer?" Se responderem “Eu quero”, pensando que se trata de dinheiro ou presente, a maldição passa para a pessoa que respondeu.

Lenda do Boi Bumbá

Francisco e Catarina são um casal de escravos que estão esperando um filho. Para satisfazer o desejo de sua esposa de comer língua de boi, Chico decide matar um dos bois de seu senhor, o fazendeiro. Sem saber, ele matou o boi mais querido.

Ao encontrar o boi morto, o fazendeiro chamou um pajé para ressuscitá-lo. Quando o boi acordou, fez movimentos como se estivesse festejando e seu dono resolveu celebrar o seu renascimento com toda a cidade. Assim, iniciou a lenda do Boi Bumbá e também começou uma das festas mais tradicionais do Amazonas.

Lenda da Caipora

Diz a lenda que uma índia guerreira, de baixa estatura, com pele e cabelos vermelhos e dentes verdes, vive para proteger a floresta e os animais. Chamada de Caipora, ela possui uma força fora do comum e com a sua agilidade é impossível que o caçador possa se defender.

Além disso, ele emite sons e faz armadilhas para confundir quem tenta fazer mal à mata. Caipora também possui um dom, o de ressuscitar os animais. Para entrar na floresta, é preciso agradar a índia, deixando um presente, como um fumo-de-rolo encostado em uma árvore.

No entanto, se maltratar os animais, principalmente as fêmeas grávidas, ela não tem piedade alguma e se vinga com violência dos caçadores.

Lenda da Cobra Grande

A Cobra Grande, que também é chamada de Boiúna, é uma cobra gigantesca que abandonou a floresta para viver nas profundezas dos rios. Quando ela resolve sair para a terra firme, rasteja-se e deixa os seus sulcos na terra, que se tornam os igarapés.

A lenda conta que a Cobra Grande se transforma em barcos ou em qualquer outra coisa para engolir as pessoas que transitam pelo rio. Alguns contos indígenas contam que uma índia ficou grávida da Boiúna e ao dar à luz a gêmeos, ela jogou-os no rio, dada a sua grande insatisfação.

Nasceram crianças-cobra: Um menino chamado Honorato, que não fazia nada a ninguém, e uma menina chamada Maria. Muito perversa, ela praticava maldades aos seres humanos e aos animais. Devido a sua crueldade, o seu irmão decidiu matá-la.

Lenda do Uirapuru

Um amor impossível entre um guerreiro e a filha do Cacique da tribo fez com que o homem implorasse ao Deus Tupã que o transformasse em um pássaro, o Uirapuru, para não sair de perto da sua amada e, com seu canto, deixá-la feliz.

Contudo, a lenda revela que o cacique ficou tão admirado com o lindo canto do pássaro e resolveu persegui-lo para que o Uirapuru cantasse apenas para ele. O pássaro então fugiu para a floresta e saiu apenas à noite para cantar para a moça, desejando que ela percebesse que o pássaro é o guerreiro, para finalmente ficarem juntos.

Lenda do Mapinguari

A lenda do Mapinguari conta que um guerreiro muito valente e destemido morreu durante uma batalha. Devido à sua força, a mãe-natureza resolveu ressuscitá-lo, transformando-o em um monstro para proteger a floresta dos caçadores.

Os mais antigos contam que ele era grande, peludo, com um olho no meio da testa e uma boca enorme em sua barriga. Além disso, o Mapinguari emitia um som que poderia se confundir com os gritos dos caçadores e, quem o respondesse, era abatido.

Lenda do Pirarucu

Um jovem índio, chamado Pirarucu, pertencia à tribo indígena dos Uaiás. Apesar da sua força e valentia, ele tinha um lado orgulhoso, arrogante e maldoso. Pindorô, o chefe da tribo, era seu pai e era um homem bondoso.

Quando o seu pai não estava por perto, Pirarucu matava os outros índios por motivo algum. Incomodado com essas barbaridades, Tupã, decidiu castigá-lo e convocou Polo, o relâmpago, e a deusa das torrentes, Iururaruaçu, para que o jovem índio enfrentasse a pior das tempestades quando fosse pescar no Rio Tocantins.

Mesmo com o dilúvio que caía sobre ele, Pirarucu não se intimidava. Com um forte relâmpago atingindo o seu coração, o índio, ainda vivo, caiu no rio e o deus Tupã o transformou em um terrível peixe enorme, preto e com a cauda vermelha. E assim ele vive sozinho nas profundezas das águas e nunca mais foi visto.

Lenda do Guaraná

Com dificuldades de terem filhos, o casal da tribo Maués pediu ao deus Tupã que os agraciasse com um bebê. O pedido foi aceito e nasceu um lindo menino. Ele se tornou uma criança saudável, gentil, adorava colher frutos pela floresta e além disso, era muito adorado por toda aldeia, exceto por Jurupari, o deus da escuridão, capaz de fazer coisas terríveis.

Com o passar do tempo, ele passou a sentir inveja da criança. E em um momento de distração, enquanto a criança estava sozinha na floresta, Jurupari se transformou em uma cobra e com seu veneno letal matou o menino. Neste instante, enfurecido, Tupã jogou raios e trovões sobre a aldeia, para avisar o que tinha acontecido.

Tupã pediu que a mãe plantasse os olhos da criança, no lugar onde ela foi encontrada e assim, o pedido foi acatado. Logo, nasceu o guaraná, um saboroso fruto e as suas sementes se assemelham ao de olhos humanos.

Lenda do Monte Roraima

A lenda do Monte Roraima é contada pelos Macuxis, tribo indígena sul-americana que habitam no Estado de Roraima. Os mais antigos contam que as terras eram planas e férteis. Todos viviam em abundância: havia fartura de comida e água, um paraíso na Terra. Contudo, percebeu-se que estava nascendo um fruto diferente, a bananeira.

Os pajés, então, decidiram que aquele fruto era sagrado, e, portanto, não deveria ser tocado. Todos os índios estavam respeitando a decisão, até que numa manhã, notaram que a bananeira foi cortada e antes que se pudessem achar o culpado, o céu escureceu e ecoaram raios e trovões, e a terra se abriu e todos os animais foram embora.

As águas se dissiparam e do chão começaram a brotar paredões e se levantaram até onde se pudessem tocar as nuvens. Assim, nasceu o Monte Roraima. Mesmo nos dias de hoje, acredita-se que lágrimas saem das pedras do monte, lamentando o ocorrido.

Lenda dos rios Xingu e Amazonas

Os índios mais antigos revelam que onde existem os rios Xingu e Amazonas eram secos e somente o pássaro Juriti possuía toda a água da região, as guardando em três tambores. Com muita sede, os três filhos do pajé Cinãa, foram pedir água para a ave. O pássaro se recusou e indagou as crianças do porquê o seu poderoso pai não dava água a eles.

Muito tristes eles voltaram e seu pai pediu para que eles não fossem a pedir água para o Juruti. Inconformados com a recusa, os meninos voltaram e quebraram os três tambores e toda a água começou a escorrer e a ave de transformou em um grande peixe. Um dos filhos, Rubiatá foi engolido pelo peixe, ficando apenas as suas pernas para fora.

O peixe passou a perseguir os outros irmãos que corriam o mais rápido possível espalhando as águas e criaram o rio Xingu. Eles correram até o Amazonas e conseguiram pegar Rubiatá, já sem vida, eles cortaram as suas pernas e sopraram o seu sangue que o fez ressuscitar. Em seguida, eles jogaram a água no Amazonas criando um largo rio.

Lenda da Vitória Régia

Chamada de Jaci (a lua) pelos índios, se tornou a paixão de Naiá, uma das mais belas índias de sua tribo. Sempre que via a lua linda e resplandecente refletindo a sua imagem no rio, Naiá queria tocá-la, para virar uma estrela e ir morar com ela no céu.

Após várias tentativas de tocar Jaci, Naiá com a sua inocência achava que a lua havia descido no rio para se banhar e ao tentar se aproximar, ela caiu e se afogou. Com pena da jovem índia, a lua, ao invés de transformá-la em um estrela, decidiu que ela iria brilhar no rio. Criou uma linda flor que se abre nas noites de luar, a Vitória Régia.

A Amazônia possui uma diversidade étnica e cultural gigantesca!

Paisagem floresta amazônica com o rio.

Conhecida pela sua biodiversidade e, principalmente, por abrigar a maior floresta do mundo, conhecida como “o pulmão do mundo”, a Amazônia é rica culturalmente, graças à sua diversidade étnica.

As lendas amazônicas, transmitidas tradicionalmente de forma oral, são um exemplo de como perpetuar a cultura de geração em geração. Disseminar as histórias, costumes e sabedoria popular são de extrema importância para que crianças e jovens possam aprender da onde vieram e assim, continuar mantendo vivo o seu povo.

Portanto, as lendas amazônicas têm um papel fundamental, não só em espalhar as suas histórias fantasiosas e cheias de mistérios, mas, sim, através delas formar cidadãos mais conscientes tanto com a suas origens, quanto em preservar o meio em que vivem.

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