Orixá Oxumaré: sincretismo, história, qualidades e mais!

Orixá Oxumaré: sincretismo, história, qualidades e mais!

Oxumaré, o Senhor dos ciclos, das chuvas e Orixá do arco-íris, é um dos seres com grandes ensinamentos a todos nós. Confira mais sobre ele nesse artigo!


Quem é o orixá Oxumaré?

Arco-íris no céu.

Oxumaré é o filho caçula (dependendo da versão, pode ter sido o primeiro) e preferido de Nanã, Orixá dos pântanos, das águas paradas e da terra úmida que ofereceu o barro para a formação da humanidade. Ele participou da criação do mundo ao envolver seu corpo ao redor de toda a matéria, a fim de reuni-la sob uma forma com sua irmã gêmea, Ewá.

Os seus movimentos também desenharam a Terra, formando os relevos e os caminhos hídricos. Oxumaré também auxilia a comunicação entre o nosso mundo e o mundo espiritual dos ancestrais, sendo também associado com o cordão umbilical.

Pelo mito de ter se enrolado no mundo, pelo seu domínio sobre os ciclos de chuva e fertilidade e pela comunicação com os ancestrais, Oxumaré evoca os temas da renovação cíclica e do equilíbrio da vida. Continue lendo para conhecer melhor esse Orixá!

A história de Oxumaré

Arco-íris no céu.

Oxumaré possui uma história rica, com duas versões de seu nascimento, além de ser visto de maneiras únicas em cada fé de matriz africana no Brasil. Logo abaixo, vamos abordar essas diferenças, as narrativas e sua relação com o arco-íris. Confira!

Oxumaré na Umbanda

Na Umbanda, é comum o sincretismo de Oxumaré com São Bartolomeu, padroeiro dos comerciantes, alfaiates, padeiros e sapateiros. Em algumas linhas da Umbanda, Oxumaré pode ser visto como uma faceta ou uma qualidade de Oxum, a senhora das águas doces e da fertilidade.

Ele é o senhor do arco-íris, dos ciclos e das chuvas, que mantém a ordem do mundo, permitindo que tudo possa renascer. Sem Oxumaré, não há ciclos e, sem ciclos, não há vida.

Oxumaré no Candomblé

No Candomblé, Oxumaré é o Orixá dos ciclos e, portanto, mantenedor da ordem natural de constante transformação do cosmos. Ele é também o Orixá das riquezas e pode favorecer uma longa vida.

Em algumas linhas do Candomblé, a dualidade masculina e feminina de Oxumaré não é muito presente, sendo mais visto como um Orixá masculino. Mas, ainda assim, carrega consigo toda a representação do potencial criador e movimentador da fertilidade.

Já outras linhas dividem Oxumaré entre Oxumaré macho, na forma de arco-íris, e Oxumaré fêmea, na forma de serpente. Ele também pode ser encontrado em sincretismo com os voduns Azaunodor, Frekuen, Bessen, Dan e Dangbé.

Primeira versão de seu nascimento

Durante a criação do mundo, Oxalá levou um pombo (ou uma galinha, dependendo da versão) para ciscar um pouco de terra, espalhando-a por aí e criando o chão.

Da mistura da terra e da água, nasceu Nanã, a quem Oxalá desposou. De ambos, nasceram os gêmeos Oxumaré e Ewá, que, em forma de serpentes, saíram rastejando e dando forma à terra. Depois, teriam vindo Iansã e Omulu (há quem diga ter sido Obaluaê), que nasceu coberto de chagas e foi abandonado pela mãe, como era de costume, mas foi acolhido por Iemanjá.

Nesta versão, Nanã também teria abandonado Oxumaré pela sua forma serpentina, vista como uma deformidade. Porém, após ser observado por Orunmilá que dele se apiedou, Oxumaré foi transformado em um Orixá belíssimo. Por Orunmilá, ele também teria recebido a tarefa de levar as águas ao céu para Xangô.

Segunda versão de seu nascimento

E uma segunda versão de seu nascimento, Nanã não abandonou Oxumaré, assim que ele nasceu. Contudo, enquanto ainda estava grávida, recebeu Orunmilá, que profetizou que seu filho seria belo e perfeito, mas que não ficaria próximo dela, sendo sempre livre e em eterna mudança, como punição por ter abandonado Omulu. Mesmo assim, com esse destino selado, Oxumaré teria se tornado o filho favorito de Nanã.

Oxumaré e o arco-íris

Oxumaré é o Orixá responsável pelo ciclo hídrico de evaporação e a condensação das águas, que caem no mundo com as chuvas. Desse modo, também é visto como o Orixá arco-íris, favorecedor da continuação da vida e da fertilidade da terra.

Esse processo ocorre enquanto Oxumaré está em sua forma masculina, que dura seis meses. Na outra metade do ano, ele assume sua forma feminina mais serpentina, ligada ao seu movimento pela terra.

Diz-se que Oxumaré não gostava dos dias chuvosos e que os espantava, para que pudesse ver o arco-íris. Ainda assim, ele é o encarregado de para transportar as águas da terra aos céus pelo arco-íris, para que as chuvas aconteçam. Seu próprio nome no idioma iorubá (Òṣùmàrè) literalmente significa “arco-íris”.

Além disso, outra versão conta que Oxumaré teria prestado serviços a Olokun, que queria engravidar, mas não conseguia. Então, o Orixá a orientou a fazer oferendas, dizendo que, assim, teria vários filhos e todos fortes. Ela assim o fez e o que foi dito aconteceu.

Em gratidão, Olokun ofereceu pagamento a Oxumaré e também lhe deu um lenço multicolorido. Ela disse que, sempre que o usasse, um arco colorido seria visto dos céus.

O sincretismo de Oxumaré

Ilustração de Heimdrall

No Brasil, o sincretismo mais conhecido com Oxumaré é com o santo católico São Bartolomeu. Porém, além disso, ele é visto como atrelado a outras entidades africanas e também possui semelhanças interessantes com divindades de outros panteões indo-europeus. Ficou curioso? Então confira logo abaixo para saber mais!

São Bartolomeu para os católicos

Na Umbanda, o sincretismo de Oxumaré com o católico São Bartolomeu é um dos mais conhecidos, sendo o padroeiro dos comerciantes, dos alfaiates, dos padeiros e dos sapateiros.

São Bartolomeu foi um dos doze apóstolos de Jesus mencionados no Novo Testamento, apesar de não termos muitas outras informações dele nesses textos. Há quem o chame de Nataneal, pois Bartolomeu viria da etimologia como “filho de Talmay (ou Ptolomeu)”, sendo, portanto, um patronímico e não seu primeiro nome.

Além disso, historiadores supõem que ele pode ter pregado até a Índia ou a região do Cáucaso, onde teria sido supostamente morto por esfolamento, por tentar disseminar o Cristianismo na região. Mas, para além disso, as informações sobre sua vida são difíceis de encontrar.

Heimdall na mitologia nórdica

No panteão nórdico, Heimdall é o guardião da entrada para o reino de Ásgard, protetor dos Aesir e da humanidade. É ele quem vigia e comanda a ponte de arco-íris Bifrost, que conecta os nove reinos de Yggdrasill entre si.

Suas origens são incertas, pois muitas fontes foram escritas séculos depois de os escandinavos serem convertidos ao Cristianismo e, mesmo entre elas, poucas chegaram inteiras ao século 21. Alguns textos afirmam que Heimdall possui nove mães, mas não se sabe ao certo o que isso significaria, nem quem elas seriam, apesar de existirem teorias.

Segundo o poema Rígsthula, Heimdall também é o criador das classes sociais da antiga Escandinávia. Na história, ele perambula pela terra usando o nome Ríg, hospeda-se em três casas e dorme com as três mulheres de cada habitação, tendo cada uma dado à luz os progenitores dos membros de cada classe: os senhores, os homens livres e os escravos ou servos.

Além disso, será Heimdall quem soará o chifre Gjallarhorn, para despertar os deuses antes da batalha do Ragnarök e avisar que os gigantes se aproximam. Segundo Snorri Sturluson, está previsto que Heimdall lutará contra Loki na batalha final, na qual um matará o outro.

Portanto, é possível ver as semelhanças entre Heimdall e Oxumaré no que diz respeito aos seus papéis de protetores e viajantes entre os mundos e por usarem o arco-íris como uma ponte entre os planos. Porém as semelhanças terminam por aí.

Ainda no panteão nórdico, é notável a semelhança entre Oxumaré, como serpente que circunda o mundo, com Jörmungandr, uma serpente colossal que é filha de Loki e Angrboda e que se enrola ao redor de Midgardr (o mundo dos humanos). Quando Jörmungandr se mexe, sentimos tremores e grandes ondas e tempestades surgem.

Além disso, visões parecidas são associadas a Oxumaré, pois acredita-se que, caso ele deixe de circundar a Terra, esta perderia sua forma e se desfaria. Porém, mais uma vez, as semelhanças terminam por aí, especialmente por Oxumaré ser um Orixá da ordem e da vida, enquanto que Jörmungandr tem um aspecto mais caótico.

Íris na mitologia grega

Para o panteão helênico, Íris é a deusa do arco-íris e a mensageira dos deuses do Olimpo. Segundo a Teogonia de Hesíodo, ela é filha de Thaumas, um deus marinho, e Elektra, uma ninfa das nuvens (não confundir com a mortal Electra, filha de Agamêmnon), sendo, portanto, filha de uma união dos céus com as águas do mundo.

Na mitologia, ela era representada como uma bela donzela com asas douradas, um kerykeion (um tipo de bastão) e um jarro de água em cada uma das mãos. Às vezes, ela era sincretizada nas artes com Hebe, filha de Zeus e Hera.

Para os gregos que viviam em regiões litorâneas, Íris carregava as águas do mar pelo arco-íris, para abastecer as nuvens com chuva, já que, na visão deles, era como se o arco tocasse os céus e as águas ao mesmo tempo.

Mas, nos textos de Homero, Íris não é a deusa do arco-íris, pois seu nome seria usado para falar do próprio arco em si, sendo ela uma personificação. "A Odisseia" também não menciona a deusa como mensageira, sendo Hermes o comunicador dos deuses do Olimpo, apesar de estar presente em "Ilíada", a serviço do casal real divino.

Com o passar dos séculos, Íris assumiu cada vez mais o papel de mensageira, porém mais especificamente de Hera do que de todo o Olimpo, pois este domínio nunca deixou de ser de Hermes. Outro conceito reforçado em anos posteriores foi o de que ela usaria o arco-íris para viajar, fazendo ele sumir, depois de não ser mais necessário.

Além disso, ela não possuía um culto ou mitologias (um conjunto de histórias) próprias, exceto em Delos, onde alguns devotos de Hécate parecem ter lhe oferecido bolos de aveia durante os ritos.

Portanto, Íris não foi sincretizada a Oxumaré em momento nenhum da história, assim como Heimdall não foi, mas ainda é surpreendente ver as semelhanças entre as duas divindades, especialmente no seu uso do arco-íris para viajar, suas ligações entre o céu, a terra e as águas, e as histórias sobre abastecerem as nuvens de chuva com águas pela ponte do arco-íris.

As qualidades de Oxumaré

Arco-íris no céu.

Além do sincretismo com São Bartolomeu, Oxumaré também foi associado a outras entidades africanas, de outras culturas próximas dos iorubás e que foram trazidas ao Brasil, como os jejê, os ketu, os fons e muitos outros.

Em especial no Candomblé, mais ligado aos aspectos africanos e sem misturas significativas com o Cristianismo ou Espiritismo, Oxumaré foi ligado a outros voduns - espíritos da natureza com poderes específicos. Então, continue lendo para saber mais!

Vodun Azaunodor

Há quem diga que o Vodun Azaunodor seria um aspecto principesco de Oxumaré, ligado ao passado e aos ancestrais. De acordo com as religiões, essa qualidade ou faceta do orixá vive no baobá, a árvore ancestral dos povos africanos da região.

Dan

Na cultura jejê, Oxumaré corresponderia ao Vodun Dan ou Dã, originário na região dos maís. Assim como o orixá Oxumaré, Dan é o movimento cíclico que garante a continuidade da vida e da força. Além disso, essa faceta é representada por uma serpente colorida, que morde a própria cauda e que também atua na proteção de outros voduns.

Vodun Frekuen

De acordo com as religiões de matriz africana e diferente dos aspectos construtivos, ordenadores e equilibrados de Oxumaré ou de sua faceta Dan, Vodun Frekuen seria uma serpente venenosa, associada ao seu lado feminino.

Vodun Dangbé

Enquanto algumas fontes dizem que Dangbé é outro nome para Dan, uma das qualidades de Oxumaré, outras afirmam que ele é um Vodun mais ancestral, sendo pai de Dan e também parte da cultura jejê.

Portanto, ele seria aquele que orienta o movimento dos astros, além de uma entidade inteligentíssima. Dangbé seria também mais calmo do que Dan, sendo sujeito a menos mudanças do que o filho.

Vodun Bessen

Bessen é um Vodun de Oxumaré de aspecto guerreiro, sendo ambicioso, mas também generoso. Assim como sua outra faceta, Azaunodor, ele está ligado à cor branca e trabalha-se com ele em especial no terreiro Bogun. De acordo com as religiões de matriz africana, Bessen é visto como o aspecto guerreiro do orixá Oxumaré.

Características dos filhos e filhas de Oxumaré

Arco-íris refletindo em braço.

Quanto aos filhos de Oxumaré, suas características variam de fonte em fonte. Há quem diga que, pelo Orixá ser muito bonito e invejado, seus filhos também se importariam muito com a aparência e coisas belas, porém outro traço muito presente é sua generosidade para os que precisam de ajuda ou passam necessidades.

Além disso, outro ponto comum é sua personalidade mutável, quase volátil, podendo ir de um lado ao outro rapidamente. Quer saber mais? Continue lendo!

Sempre em busca do novo

Do mesmo modo que Oxumaré muda de forma constantemente, sempre trazendo o fim de um ciclo e o começo de outro, seus filhos são pessoas que sempre buscam por novidades. Eles jamais se prendem a uma situação, atividade ou posição por tempo demais.

Além disso, seus ciclos afetivos também podem sofrer mudanças constantes. Não que sejam mesquinhos ou imaturos, de modo algum. Mas, quando sentem que já aprenderam tudo o que tinham a aprender com aquela pessoa ou situação, eles seguem em busca dos novos aprendizados e desafios da vida.

Para eles, assim como seu orixá, a mudança deve sempre ocorrer. Um mundo estático é um mundo morto e eles entendem isso melhor do que ninguém.

Atividade constante

A movimentação constante dos filhos de Oxumaré não se aplica apenas a pessoas e situações. Pelo contrário, ela se expande a diversas áreas da vida, mesmo em questões pequenas, como a forma em que passam o tempo ao longo do dia.

Os filhos desse Orixá são pessoas que precisam sempre estar fazendo alguma coisa. Isso é algo com o qual devem tomar cuidado, para não chegarem à exaustão.

Personalidade guerreira

Os filhos de Oxumaré nunca hesitam diante de um desafio. Guerreiros natos que são, não medem esforços para conseguir o que querem, depois que colocam algo na cabeça. Essas pessoas são extremamente determinadas e justas e, com certeza, vão brigar para defender a si, os necessitados e os seus objetivos.

Para se relacionar com Oxumaré

Pessoa segurando contas coloridas.

Se você é filho de Oxumaré ou se acabou se sentindo tocado pela sua história e simbolismos e agora quer saber mais sobre como entrar em contato com este Orixá, continue lendo! Logo abaixo, falaremos sobre suas datas comemorativas, oferendas, saudações e mais!

Dia do ano de Oxumaré

O dia da celebração do orixá Oxumaré ocorre em 24 de agosto. Nesta data, é possível tomar um banho de ervas, buscando o equilíbrio e a limpeza, e apresentar a ele oferendas, pedindo que os ciclos não mais úteis sejam fechados e que novos caminhos sejam abertos.

Dia da semana de Oxumaré

Para as religiões de matriz africana, o dia da semana consagrado ao orixá Oxumaré, tanto no Candomblé quanto na Umbanda, é a terça-feira. Portanto, caso busque fazer uma comunicação ou oferendas mais frequentes com este orixá, esse é o dia ideal.

Saudação a Oxumaré

Através das fés de matriz africana, podemos encontrar algumas variações nas saudações ao orixá Oxumaré, apesar de ainda se manterem parecidas. Na Umbanda, por exemplo, é comum encontrarmos a saudação “Arribobô!”, enquanto que, no Candomblé, a saudação pode ser “A Run Boboi!”.

Símbolo de Oxumaré

Representando a divindade Oxumaré, os símbolos mais conhecidos e utilizados nas religiões do Brasil são o arco-íris, a cobra, o ebiri, o círculo e os brajás (estes são fios de contas usados por seus babalaôs).

Cores de Oxumaré

De acordo com as religiões de matriz africana, as cores de Oxumaré são o verde, o amarelo ou a combinação das cores do arco-íris. No Candomblé, há também quem use a cor preta, em vez do verde. Essas cores estão, em geral, presentes nos colares de contas ou miçangas que os filhos de Oxumaré usam.

Elemento de Oxumaré

Na Umbanda, o orixá Oxumaré é ligado ao elemento água, enquanto que, para as práticas do Candomblé, podemos encontrar associações do orixá com o céu e a terra, sendo estes considerados como elementos.

Oração a Oxumaré

Há várias orações e pontos que podem ser cantados ao orixá Oxumaré. A seguinte oração foi escrita por Alexandre de Yemanjá, Marcelo Ode Araofa:

“Òsùmarè e sé wa dé òjò
Àwa gbè ló sìngbà opé wa
E kun òjò wa
Dájú e òjò odò s’àwa
Asè.

Òsùmàrè é quem nos traz a chuva
Nós a recebemos e retribuímos agradecidos
É o bastante a chuva para nós

Certamente vossa chuva é o rio
Certamente vossa chuva é o rio, para nós.
Axé.”

Além disso, há outra cantiga feita para ele, vinda do Candomblé. Confira:

“Osumare permanece no Céu que ele atravessa com o braço
Ele faz a chuva cair na terra
Ele busca os corais, ele busca as contas nana
Com uma palavra ele examina Luku

Ele faz isso perante seu rei
Chefe a quem adoramos
O pai vem ao pátio para que cresçamos e tenhamos vida
Ele é vasto como o céu

Senhor do Obi, basta a gente comer um deles para ficar satisfeito
Ele chega à floresta e faz barulho como se fosse a chuva
Esposo de Ijo, a mata de anil não tem espinhos
Esposo de Ijoku, que observa as coisas com seus olhos negro”

Por fim, uma outra oração ao orixá, retirada do texto de Juliana Viveiros, é a seguinte:

"Arrubombô Oxumaré Orixá,
Axé agô mi babá, agô axé, salve
Adorada cobra de Daomé,
Salve as sete cores que te revelam no céu,

Salve a água, salve a terra,
Cobra de Dan, proteja-me, Senhor,
Do movimento dos astros,
Da rotação e da translação de tudo,

O que nasce, o que se transforma,
Oxumaré, tu que és
Ouroboros e Deus do Infinito,
Se multiplique, com que meu suor vire riqueza,

Que eu vença e que ninguém se oponha a mim,
Creio em ti, Babaê,
Sei que já estou vencendo!"

Oferendas a Oxumaré

Arco-íris no céu.

Uma das formas mais comuns de se relacionar com os orixás é através das oferendas, que podem ser de ervas, comidas, bebidas ou enfeites. Para Oxumaré, o usual é ofertar batata-doce (há o prato adimu, um cozido com essa batata, dendê e feijão fradinho), bertalha com ovos, água mineral e flores amarelas.

Contudo, vale lembrar que toda a oferenda deve ser feita com o auxílio de algum sacerdote, seja da Umbanda ou do Candomblé, para saber as maneiras corretas de fazê-las e o momento adequado. Ainda assim, continue lendo para saber no que Oxumaré pode ajudar na sua vida!

Para a vida profissional

Sendo um orixá das riquezas, Oxumaré, com certeza, seria favorável a pedidos de busca de emprego ou de melhor remuneração. Seu aspecto guerreiro também pode ser clamado para os trabalhos difíceis e cansativos, para os quais precisamos de forças para continuar.

Além disso, seu lado cíclico também pode ser chamado em pedidos pelo fim de um trabalho exaustivo ou do qual se sente que já retirou tudo o que podia. Mas ele também pode abrir caminhos para um novo emprego, sem que o indivíduo fique desamparado.

Para a vida pessoal

Os aspectos das oferendas a Oxumaré podem ser reinterpretados para os pedidos ao redor da vida pessoal. Se você busca uma vida de riquezas e belezas, pode pedir a ele. A força chamada também pode te ajudar a persistir em todas as áreas da vida, assim como seu lado cíclico pode te auxiliar a fazer as devidas mudanças das quais precisa.

Além disso, seguindo seus mitos, também pode ser possível pedir a Oxumaré auxílio para a fertilidade e a gravidez, tal qual Olokun fez, chamando o orixá em seu aspecto de mantenedor da fertilidade da natureza.

O que Oxumaré, divindade do arco-íris, tem a nos dizer?

Arco-íris em fundo escuro.

O orixá Oxumaré nos ensina os mistérios dos ciclos da vida. Da mesma maneira que ele muda de forma, a cada seis meses, a Terra e nós mesmos devemos mudar. Nada na vida deve ser estagnado, ou, então, não haverá vida.

Além disso, sua beleza também nos chama a atenção para a própria beleza da natureza, dos céus, das águas, da chuva e do arco-íris deste Orixá.

Dessa forma, a persistência e a personalidade guerreira de Oxumaré também nos fala sobre como devemos sempre continuar em frente, lutando pelo que queremos, apesar de todas as intempéries, assim como ele e seus filhos fazem.

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