Quem é o orixá Iansã?
O orixá Iansã é uma divindade que traz como principal característica o domínio das forças da natureza, tendo como representação de seus poderes a energia do fogo e do ar, movimentando os ventos e trazendo as tempestades. Assim, traz a ideia da intensidade pelo movimento da energia da Terra.
Iansã é uma orixá guerreira, associada à guerra e às batalhas das histórias que originam as religiões africanas. Iansã também tem muito presente a mensagem da paixão, usando a intensidade do amor para conseguir suas conquistas. Por fim, também é incumbida da comunicação com os mortos.
Na mitologia, é uma orixá que representa força e traz coragem, atitude, paixão, verdade e luta para aqueles que nela depositam sua fé. Também tem seu lado sombrio, como todos os orixás, capaz de trazer devastação pela falta de equilíbrio de sua vaidade e vontade de vencer. Nesse artigo, você saberá muito mais sobre essa orixá. Confira!
A história de Iansã, ou Oyá
O nome Iansã seria um apelido que Xangô, seu marido, teria dado a Oyá, seu nome original, que quer dizer “A mãe do céu rosado”, pois ela seria tão bela quanto o entardecer. A história de Iansã diz que ela seria a Orixá Guerreira. Apesar de ser um orixá feminino, traz muitos aspectos das batalhas, algo mais comum aos orixás masculinos.
Assim, Iansã e Xangô seriam marido e mulher na mitologia africana, sendo saudados sempre que se inicia uma tempestade. É pedido a ela a calma dos ventos, e a ele a das chuvas. Diz-se que o fogo de Xangô não existe sem Iansã.
Nos demais aspectos, Iansã traz também o domínio das forças da morte, sendo chamada de Rainha dos Eguns. Os Eguns seriam todos os espíritos da morte. Para além disso, é senhora dos ventos e das forças da natureza, trazendo a energia da terra pelos fenômenos climáticos. Para saber mais sobre esse orixá, continue lendo!
■A origem de Iansã
Iansã tem sua origem na Nigéria, às margens do Rio Níger, e seu culto foi trazido para o Brasil pelos escravos. A Mitologia Africana conta que Iansã, ou Oyá, como é originalmente chamada, caminhou por muitos reinos em busca de conhecimentos. Por sua forte conexão com a paixão carnal e o amor, se envolveu com muitos reis, dentre eles Exu, Ogum, Logun-Edé e, por fim, Xangô.
Por cada reino que andava e com cada um de seus amores, ela aprendeu poderes e conhecimentos que a levaram a ser uma grande guerreira, rainha das forças da natureza, do reino dos mortos e do amor. Iansã traz as virtudes da mulher guerreira, que não se submete e que desperta o amor verdadeiro.
■Rainha dos raios
Dentre os grandes e intensos poderes de Iansã, aquele que se revela maior representante de sua força visível aos homens é o domínio das forças da natureza. Ela é capaz de controlar os raios nas tempestades, usando isso como um instrumento de luta e uma demonstração de poder.
A orixá das tempestades é relacionada à força da eletricidade, trazendo toda a potência dessa energia, que é criadora e destruidora ao mesmo tempo. Por essa razão, seus filhos e devotos da religião em geral pedem com fé para a orixá que proteja suas casas, embarcações e suas famílias dos males das chuvas. A chuva, assim como Iansã, é sinônimo de prosperidade ou destruição - vida e morte.
■A guerreira livre
Iansã é chamada de guerreira livre, pois, apesar de ter se envolvido amorosamente inúmeras vezes, de acordo com a mitologia, sempre sai em busca de um novo amor e não se abstém de suas batalhas para permanecer em um mesmo reino.
Iansã é vista em diversos momentos como a guerreira livre, que está disponível a enfrentar o que tiver e sair para uma nova aventura ou relacionamento, se isso lhe parecer o mais certo em seu destino.
■Companheira de Ogum
Nas alegorias africanas, Iansã seria companheira de Ogum na fabricação de armas para as batalhas. Conta a história que Oxalá faz um pedido a Ogum, que este não conseguiria cumprir. Iansã, então, se prontifica a ajudar, soprando o fogo para a confecção das armas em ferro quente.
Iansã também é esposa de Ogum em uma parte da história, naquela em que teria criado Logun Edé, filho de Oxum. No entanto, foge com Xangô e se torna sua primeira esposa.
■Iansã e Logun Edé
Na Mitologia Africana, foi Iansã, juntamente de Ogum, quem criou Logun Edé. Logum Edé teria sido o filho de Oxum, orixá das águas doces, que teria se perdido nas águas pela fúria de Obá, terceira esposa de Xangô.
Ocorre que, por essas disputas de poder, Iansã e Ogum teriam assumido a guarda de Logun-Edé, até ele conhecer sua mãe, já adulto. Também há menções de que Iansã teria se relacionado com Logum-Edé em um outro momento, em que aprendeu com ele as artes da caça e da pesca.
■Seu amor por Xangô
A orixá Iansã é marcada por ter vivido muitas paixões, por meio das quais adquire conhecimento, para se tornar uma guerreira forte e sábia.
Após se relacionar com Exu, Oxóssi e Ogum, Iansã vai em busca de Xangô, para viver de sua vaidade e da riqueza de seu reino. Contudo, é em Xangô que Iansã encontra o amor verdadeiro e se entrega profundamente, assim como ele, que ensina a Iansã os poderes do trovão e a ela entrega seu coração.
■A rivalidade e Oxum
Xangô teria tido três esposas: Iansã, Oxum e Obá. Iansã era a primeira esposa, que Xangô mais teria amado, entregado seu coração. Iansã era a mais especial de todas, bonita e ciumenta. Oxum era a segunda esposa, sendo coquete e vaidosa.
Oxum era desagradável com as demais e, de uma forma geral, aparece como sensual e irresponsável. Por isso, tinha rivalidade com Iansã, que era a mais especial para Xangô e que tinha criado seu filho por um tempo, Logun-Edé.
■A Senhora dos Eguns
Na Mitologia Africana, os Eguns são os mortos e Iansã é a senhora da morte, tendo poder também sobre esse reino.
Assim, ela se comunica e cuida do Reino dos Mortos, sendo a Senhora dos Eguns. Segundo a lenda, ela teria enchido sua casa de Eguns, para evitar que Xangô, seu marido, saísse e a deixasse. O poder sobre a morte teria vindo de uma cabaça que Obaluaiê teria enviado para Xangô e que ela quebrara sem autorização.
■Iansã na Umbanda
A Umbanda é uma religião de origem brasileira, que teve início em 1908, a partir do sincretismo religioso entre religiões de matriz africana, o Catolicismo e o Espiritismo Kardecista. Na Umbanda, portanto, há o contato direto com entidades e espíritos por meio da mediunidade.
Sendo assim, na Umbanda, o contato com o Orixá é muito mais direto e há a possibilidade de se fazer trabalhos e oferendas para Iansã. Além disso, pelo sincretismo, há a figura de Santa Bárbara como representante de Iansã, a quem também é depositada a fé com a mesma intenção do orixá.
Dessa forma, na Umbanda, Iansã protege seus devotos de ataques espirituais, para que a energia se mantenha alta e para não haja perdas em aspectos físicos, mentais ou espirituais.
■Iansã no Candomblé
O Candomblé é uma religião de matriz africana, trazida ao Brasil pelos negros escravizados. Nela, não há incorporação de entidades ou espíritos, pois os orixás são apenas os representantes de um Deus maior, que governa o mundo e as forças da natureza.
Assim, no Candomblé, Iansã é a orixá das forças da natureza e, portanto, a quem os devotos recorrem para pedir a paz pela natureza, a prosperidade pelas chuvas e outros benefícios associados a seus poderes. Os filhos de Iansã, ou seja, aqueles que entendem ter a orixá como guia, reconhecem em si suas qualidades.
O sincretismo de Iansã
O sincretismo religioso brasileiro, em verdade, é advindo da Umbanda, religião que nasceu no Brasil em 1908, a partir da união dos fundamentos de religiões africanas, o Catolicismo e o Espiritismo Kardecista. Por essa razão, o sincretismo traz a equivalência religiosa da figura Iansã em Santa Bárbara e seu dia é comemorado com muito entusiasmo por todo o Brasil.
Além de Santa Bárbara, principal figura sincretizada, Iansã também é reconhecida em outras figuras igualmente importantes. A ideia da mulher guerreira, da força do conhecimento e do amor, e a relação com as forças ocultas do mundo dos mortos a fazem ser extremamente versátil e potente no imaginário religioso.
Além disso, é possível observar sincretismo não apenas na religião, mas também em relação às mitologias antigas, de uma forma geral, como a nórdica e a hindu. Até os desenhos em quadrinhos que trazem deuses constituem uma forma de sincretismo.
A seguir, mostraremos algumas das principais figuras sincréticas de Iansã, desde Santa Bárbara, a mais comum da Umbanda e a qual muitos fiéis são devotos, até Ororo, personagem de desenho em quadrinhos que possui as mesmas qualidades fantásticas de Iansã. Confira!
■Santa Bárbara
Na Igreja Católica, Iansã corresponde a Santa Bárbara. Ela é a santa católica que teria morrido, após se converter ao Cristianismo, assassinada por seu próprio pai. Após sua morte, porém, um raio caiu na cabeça do pai de Bárbara, como uma forma de compensação divina pelo seu ato injusto, que acabou com a vida daquela que se tornaria santa.
Em razão do aparecimento do raio em sua história, bem como da espada que Santa Bárbara costuma possuir, ela é relacionada a Iansã na cultura Afro, que também carrega uma espada em sua mão. Ambas trazem os mesmos elementos: as forças da natureza e o coração guerreiro.
■Santa Teresa
Pelo sincretismo religioso, é possível encontrar Iansã como Santa Teresa. Esta é uma santa católica que, no entanto, aparece mais fortemente na Santeria Cubana, uma religião que é resultado da união da religião Iorubá, do Cristianismo e das religiões de povos indígenas das Américas.
Santa Teresa foi uma santa católica da Europa Renascentista, conhecida como a Mãe da Espiritualidade, por ter contribuído com o misticismo cristão e com a espiritualidade católica. É muito associada à Iansã, por trazer a mensagem de Rainha da vida e da morte, pelo conhecimento e controle sobre o mundo sobrenatural e, portanto, sobre os mortos.
■Nossa Senhora da Candelária
No que diz respeito a Nossa Senhora da Candelária, no sincretismo religioso da Igreja Católica com a religião africana, Iansã é associada a ela pela Santeria Cubana, que mistura também elementos das religiões indígenas das Américas.
No Brasil, Nossa Senhora da Candelária é associada ao orixá Oxum. De todo o modo, se trata da Santa que teria aparecido na Espanha e que traz cura para os cegos, sendo, por isso, Nossa Senhora da Luz. É, em última instância, a Virgem Maria, mãe de Deus.
■Nossa Senhora da Anunciação
Nossa Senhora da Anunciação é, na Igreja Católica, a santa que faz referência ao maior ato de fé já registrado, que é o sim da Virgem Maria ao anjo Gabriel, após esse vir anunciar que ela seria mãe do filho de Deus.
No sincretismo religioso, Iansã também é associada a essa santa como a mãe poderosa. Nesse caso, contudo, ela está muito mais na Santeria Cubana, que envolve religiões dos indígenas das Américas, além da Igreja Católica e das religiões africanas.
■Nossa Senhora das Neves
O sincretismo de Iansã com Nossa Senhora das Neves, em verdade, tem origem na associação de Iansã com Euá, que, na África, é uma orixá independente. Também é possível encontrar o sincretismo de Nossa Senhora das Neves em Obá, orixá do conhecimento e da pureza.
Euá seria filha de Oxalá com Iemanjá e é uma figura casta, que penetra o conhecimento da adivinhação e que tem o poder de se tornar invisível. Já Obá absorve a ilusão e conduz ao caminho da paz pelo conhecimento. Nossa Senhora das Neves, por sua vez, é a alusão a Virgem Maria do Catolicismo, que fez nevar em Roma no século XIV, após um devoto ter sonhado com ela.
Em síntese, esse sincretismo traz a ideia da pureza e da paz pela razão e pela verdade divina, que não comporta ilusões. Iansã, por ser mulher guerreira e livre pelo conhecimento, também carrega essas virtudes.
■Taranis na mitologia Celta
Taranis era o deus das tempestades, dos furacões e das forças da natureza na mitologia céltica, justamente como Iansã na mitologia africana.
Nesse caso, é muito presente a ideia da contraposição dos efeitos das forças, da destruição e da vida, ambas vindas da mesma origem, as águas. Trata-se da representação da divindade por trás dos fenômenos climáticos, observada pelo homem desde os tempos antigos.
■Ran na mitologia Nórdica
Na Mitologia Nórdica, a deusa Ran era a mais poderosa dos mares e era muito presente no imaginário dos marinheiros, pois era ela quem poderia garantir uma viagem tranquila. Era tida como a deusa da morte e, por isso, pode ser associada à Iansã pelo sincretismo.
A Mitologia Nórdica também é muito influenciada pelos deuses no comando das forças da natureza. Nesse sentido, a deusa Ran era a deusa guerreira, conquistadora, que tinha o poder sobre a tempestade e, portanto, era a quem se recorria para pedir pela paz das águas e dos ventos.
■Rudra e Indra no Hinduísmo
Nos Vedas, religião predominante na Índia, Indra é o deus das tempestades, chuvas, guerras e dos rios. É um grande deus, dos mais lembrados na mitologia, pois seus poderes são enormes em busca da felicidade e da prosperidade. Ele tem o controle das forças da natureza e age para cuidar dos seres-humanos, sendo muito venerado.
Rudra é a designação da religião Hindu para o filho de Brahma, o deus supremo. Também era uma forma genérica de se referir à galeria dos semideuses. Iansã é sincretizada com ambas as divindades, pois, como Indra, é deusa dos ventos e das tempestades, além de guerreira; como Rudra, está na categoria dos principais orixás, sendo um dos fundamentos da religião.
■Ororo (ou Tempestade) nos quadrinhos
A figura de Iansã como senhora das forças da natureza é retratada nos quadrinhos pela figura de Ororo, ou Tempestade, na série de quadrinhos X-Men.
Assim como Iansã, a Tempestade tem o poder de manipular o clima e as forças dos ventos e chuvas em suas batalhas. Sendo a ideia essencialmente a mesma da atuação de Iansã na Mitologia Africana, há uma espécie de sincretismo aqui.
Na verdade, as forças da natureza são retratadas em quase todas as formas de expressão religiosa ou de artes e entretenimento.
As qualidades de Iansã
As qualidades de um Orixá compreendem as formas que ele pode assumir. Em verdade, as qualidades se referem à figura do Falangeiro. Os Falangeiros estão abaixo dos orixás e comandam a infinidade de espíritos e entidades que se orientam por eles, sendo, por vezes, por mais de um ao mesmo tempo.
Além disso, um mesmo orixá tem poderes múltiplos, associados a uma de suas facetas. Por essa razão, as qualidades são como equações de poderes que se manifestam.
Assim, no caso de Iansã, em cada um dos momentos em que aparece sob uma forma ou emanando um poder, seja dos ventos, da morte, ou da paixão, estes possuem um nome específico. Essa seria a qualidade relacionada ao Falangeiro.
A seguir, você verá as principais qualidades de Iansã, como Afefe, que se refere aos ventos e aparece nas cores vermelho, branco e coral, ou Gunán/Ginan, que é a referência de quando Iansã se revela em conjunto a Xangô. É importante conhecer suas qualidades para entender melhor sua figura!
■Abomi/Bomin
Diz-se Abomi/Bomin, quando Iansã aparece associada à Oxum e Xangô. As histórias dos orixás se cruzam de diversas formas e, quando há essa tríplice associação - Iansã, Oxum e Xangô -, há a qualidade Abomi/Bomim.
A força dessa associação é muito grande, com os aspectos da luta, da feminilidade e da paixão, sobretudo. Iansã e Oxum foram duas das três mulheres de Xangô, deus da guerra. Assim, em Abomi/Bomim, há a prevalência da conexão pelo amor, combinada à força, à sensualidade, à família e à vitória, inerentes a todos esses orixás.
■Afefe
Afefe se refere aos ventos dos quais Iansã é rainha. A qualidade Afefe diz respeito a essa relação e ocorre quando o orixá feminino toma posse de seus poderes dos ventos e das tempestades que a acompanham.
Nessas situações, usa das cores branco, vermelho e coral. As cores variam, de acordo com a situação em que se apresentam.
■Akaran/Tiodô/Leié/Oniacará
Akaran se refere ao fogo, que também é companheiro de Iansã. Nos rituais, Iansã engole o fogo e representa Akaran/Tiodo/Leié/Oniacará.
Akaran também é o bolinho de Iansã, que é distribuído nos rituais e que, ao se alimentar dele, há uma espécie de reverência ao orixá. Essa prática disseminou o acarajé como uma cultura muito forte entre os descendentes da cultura africana, que vem de Arakaran + ajé.
Assim, sempre que se come o acarajé, há uma espécie de reverência a Iansã. O bolinho é, hoje, uma das maiores expressões gastronômicas da cultura africana no Brasil e é feito em todas as regiões do país, com destaque para a Bahia, em que a população negra que cultua essas religiões é a maior do país e do mundo fora da África.
■Arira
Arira é mais uma das formas de Iansã, mais especificamente quando associada a outros orixás em formas distintas também, como Bará-Angelu, Bará Adaqui, Bara Lanã, Xangô Aganju, Xapanã ou Ogum Onira.
Bará é o orixá dos caminhos, da comunicação entre a Terra e o Divino. É, muitas vezes, associado à ideia do demônio, mas não é mais do que aquele que traz o movimento necessário, que, às vezes, se revela ser o sacrifício, por causa de intenções ruins. Xangô, Xapanã e Ogum, por sua vez, têm em comum o fato de serem grandes guerreiros.
Arira é, assim, a característica de Iansã associada às guerras mais terríveis, em que é feito o que precisa ser feito, para que o movimento necessário aconteça.
■Bagan
Bagan é a forma em que Iansã se apresenta, quando come com Exu, Ogum e Oxóssi. Esses três orixás têm em comum a força masculina da luta pela natureza, trazendo transformações.
Em Bagan, também há muito fortemente a relação com os Eguns, os espíritos da morte que dominam a Terra e que são controlados por Iansã. Nessa união, portanto, há a presença das forças da morte, com a luta pela vida e a necessidade de transformações.
■Bagbure
Bagbure é do culto de Eguns. Estes fazem referência ao poder de união com a morte que Iansã possui. A rainha dos Eguns usa de sua força para manipular eles e exercer influência com o temor da morte.
Por essa razão, Iansã é muito temida e, inclusive, conta a história que seu amor, Xangô, não era afeto aos Eguns. Apesar de a proximidade com o mundo dos mortos poder ser assustadora para muitas pessoas, na verdade, não passa de uma energia presente e necessária para a vida, com a qual Iansã trabalha lindamente.
■Bamila
Na circunstância em que Iansã aparece como Bamila, há Eró com Oxalufan. Eró é uma espécie de segredo, de fusão. Muito mais que uma influência ou uma parceria, o Eró é uma espécie de essência criada a partir das forças energéticas de dois orixás.
Por sua vez, Oxalufam é o orixá do bem, da luz, do silêncio e da paz. É a tranquilidade após a tormenta, que traz acolhimento do ser, depois de ultrapassar uma tormenta a caminho da evolução. Bamila é, portanto, um estágio de força e de amor incondicional, tendo uma carga muito positiva e pacificadora.
■Biniká/Benika
Biniká/Benika diz respeito à forma que se apresenta a comunhão de Iansã com Oxum Opará. As duas orixás são comumente encontradas em conflito, pois possuem energias supostamente opostas e concorrentes. Iansã pela força, lealdade, beleza e acolhimento, e Oxum pela sensualidade, encantamento e feminilidade.
Contudo, em Biniká/Benika, as duas forças se combinam, trazendo a energia da beleza e da sensualidade de Oxum, combinada ao espírito guerreiro de Iansã. Trata-se de uma qualidade extremamente feminina, porém de um aspecto forte, longe dos estereótipos da mulher frágil.
■Euá
Euá, principalmente na África, é um orixá, por si só. Contudo, nas vertentes das religiões africanas trazidas ao Brasil, se trata de uma forma de Iansã encontrada em alguns Iles.
Euá é uma forma que traz a energia feminina da pureza, da sabedoria e da tranquilidade. Trata-se das mulheres adaptáveis, mas que só se entregam ao verdadeiro amor, quando estão realmente apaixonadas. No sincretismo, é associada à Nossa Senhora das Neves, justamente pela pureza e pelo amor feminino acolhedor.
■Filiaba
Sob a característica Filiaba, Iansã tem fundamento com Omolu. Isso significa que as qualidades latentes dos orixás se combinam, para orientar as entidades no sentido da energia resultante dessa equação.
Omolu é o Orixá que carrega as energias da cura e das enfermidades. Por essa razão, é muito temido e seus trabalhos devem ser muito bem executados e direcionados, pois afeta diretamente a saúde física da pessoa. Combinada com Iansã, pode ser uma influência de forte poder curador ou desvelador de enfermidades.
■Gunán/Gigan
A qualidade Gunán/Ginan ocorre quando há comunhão de Iansã com Xangô. Na mitologia, os orixás já foram companheiros, sendo este o grande amor de Iansã entre todos com os quais se relacionou.
A união de Iansã com Xangô é a mais celebrada para os devotos dessa orixá, pois ambos têm em si as forças da natureza, controlando as tempestades, os raios e os ventos. O relacionamento afetivo da mitologia une essas energias pelo amor verdadeiro, a mais forte conexão que pode existir entre dois seres.
Gunán/Ginán é, portanto, uma das características mais presentes de Iansã, havendo oferendas em conjunto para esses dois orixás em dias de chuvas.
■Kedimolu
O Kedimolu trata-se de Eró Oxumare e Omolu. Eró, na gramática africana, significa algo como segredo, mas um pouco mais profundo. Trata-se do misticismo por trás dessa simbologia - nesse caso, entre Iansã, Oxumaré, o orixá do movimento, e Omolu, orixá da cura e das enfermidades.
Por essa razão, a combinação existente em Kedimolu é bastante impactante na vida das comunidades e dos indivíduos em necessidade de cura. Iansã traz a força guerreira de realização, Oxumaré traz a dissolução dos ciclos e Omolu a cura ou enfermidades, sendo esta bastante delicada, por envolver a saúde física das pessoas.
■Kodun
Em Kodun, há o Eró de Iansã e Oxaguiã. Oxaguiã é um orixá guerreiro, muito confundido com Ogun. Traz a mensagem da força, da pureza, da vitória, do positivo e do masculino. O Eró compreende uma espécie de segredo, quase como uma essência entre os orixás.
Assim, em Kodun, o aspecto de Iansã que se destaca é o da força sobre as energias da natureza, que, em combinação com Oxaguiã, é muito favorável aos espíritos de coração bravo, que se conectam com a natureza.
■Luo
A qualidade Luo vem de Eró com Ossaim. Eró é o segredo, a fusão entre os orixás. Ossaim é o orixá de origem Nagô que vive nas florestas e se alimenta da seiva das árvores. É o orixá da cura pela natureza, dos farmacêuticos, daqueles que gostam do trabalho árduo. Também é muito inteligente, íntegro e discreto.
Em Luo, há uma beleza mágica e mística da combinação de Iansã, Rainha dos Ventos, e Ossaim, de espírito livre e atento aos ensinamentos da selva. Traz uma energia extremamente positiva de purificação e de verdade pela vida.
■Maganbelle/Agangbele
Maganbelle é a qualidade de Iansã que vem associada à impossibilidade de ter filhos para os casais. Assim, traz a imagem dos orixás Iroko, orixá do tempo, e Xangô, orixá dos raios e da justiça, além de ser amor de Iansã.
A combinação traz, assim, principalmente a ideia do amor incondicional, da cura pelo tempo e do cumprimento das exigências da vida pela dor e pela provação, para a permissão divina daquilo que é desejado.
■Messan/Yamesan
Iansã, na forma de Messan, foi casada com o orixá Oxóssi, na mitologia africana. Oxóssi é o orixá das florestas e do conhecimento. Na forma Messan, Iansã é meio mulher, meio animal. Essa é a forma da mãe dos nove filhos de Iansã, os chamados filhos Oyá.
Os nove filhos de Iansã seriam a representação de suas características, sendo elas: os ventos, a vaidade, a rebeldia, a determinação, a capacidade de concentração, a observação, o raciocínio, a agilidade, a vingança, a devastação e o lado guerreiro.
Há estudos que os pais dos filhos também poderiam ser Ogum ou Xangô, mas os filhos são essencialmente atribuídos a Iansã.
■Obá
Obá é identificada como orixá, por si só, na cultura original africana. Foi uma das mulheres de Xangô e teria cortado suas orelhas por dissimulação de Oxum.
Na cultura brasileira, pode ser identificada como uma das faces de Iansã, justamente por ter sido mulher de Xangô e também por trazer a justiça. Obá, contudo, é orixá das águas doces e busca o equilíbrio, sendo, por essas características, diferente de Iansã, que é Rainha dos Ventos e que pode trazer a devastação por sua energia.
■Odo
Odo é a qualidade de Iansã que é ligada à sua larga capacidade de amar. Em verdade, trata-se mais do amor carnal do que do amor incondicional. Isso porque, a despeito de ser a força dos ventos a característica mais enérgica de Iansã, é pelo amor que ela caminha em busca de suas conquistas. Aqui, se revela sua ligação com o fogo e a paixão.
Odo está relacionada às águas, justamente por trazer o aspecto da emoção em Iansã. Apesar de este não ser tão exaltado como seu lado masculino guerreiro e imbatível, é latente e extremamente necessário para que se forme a deusa que ela é, aquela que despertou o amor em tantos guerreiros.
■Ogaraju
Ogaraju é uma das qualidades de Iansã mais antigas no Brasil. Isso porque as religiões de matriz africanas, como o Candomblé e a Umbanda, foram trazidas pelos escravizados após a colonização portuguesa e estão presentes no Brasil desde o “descobrimento”, em 1500.
Assim, em razão da grande quantidade de negros africanos trazidos para o país, o Brasil é, hoje em dia, um dos países no mundo fora da África em que a cultura permanece viva de forma muito presente. Assim, Ogaraju, de origem africana, já é um mito no Brasil, em razão dessa história.
■Onira
Onira é inicialmente uma orixá independente, que, no Brasil, se confunde com Iansã. Isso ocorreu porque ambas são guerreiras e têm ligação com o mundo dos mortos.
Na origem, Onira tem forte ligação com Oxum, pois foi ela quem teria ensinado Oxum a nadar e, portanto, concedido o poder das águas doces. Onira é uma orixá muito temida, principalmente na África, pois tem ligação com o mundo dos mortos e se associa a orixás que trabalham essa energia de forma densa, como Oxaguiã, Ogum e Obaluaiê.
■Onisoni
Onisoni é a qualidade de Iansã que tem fundamento no orixá Omulu. Este é o orixá da cura e das enfermidades. Assim, a ele está relacionado o poder de afastar para longe todas as doenças.
Em Onisoni, é possível observar a influência dos poderes dos dois orixás. Iansã é uma orixá muito poderosa, que impulsiona as intenções em muitas direções. Nesse caso, a ideia de cura vem muito presente com a força da luta e das emoções de Iansã.
■Petu
A qualidade Petu está diretamente ligada a Xangô, orixá do qual Iansã é esposa. Nessa forma, vem sempre antecedendo Xangô, quase confundindo-se com ele. Iansã e Xangô são casados na mitologia africana e ambos possuem as forças da natureza como poder principal.
A história conta que foi ele quem deu o conhecimento dos poderes dos raios e das tempestades para Iansã. Nessa qualidade, eles se fundem pelos poderes em comum e pela força do amor verdadeiro e incondicional.
■Semi
Na qualidade Semi, Iansã tem fundamento com Obaluaiê. Este é o orixá mais temido de todos, pois representa a Terra e, portanto, a morte.
Por ter o domínio sobre tudo da Terra, está também acima da vida e da morte. Dele nada se esconde. Por ser Iansã orixá da morte, com domínio sobre os Eguns, a junção desses dois orixás é de muito poder sobre as questões da existência.
■Seno (ou Ceno)
Em Seno, ou Ceno, Iansã tem fundamento em Oxumaré. Oxumaré é o orixá dos ciclos, dos términos e dos recomeços. Diz-se que transita pela terra como um arco-íris, que não respeita os limites do tempo e que reaparece, quando necessário.
Nessa qualidade, Iansã e Oxumaré trazem a beleza da vida pela renovação. Iansã, rainha da Morte, vem intensa na ideia de fim e Oxumaré surge com a beleza da vida nova.
■Sinsirá
Em Sinsirá, a orixá Iansã tem fundamento com Obaluaiê. Iansã e Obaluaiê têm uma forte conexão, em razão do conhecimento das forças da morte e, portanto, da grande verdade da vida. Suas aparições em conjunto são bastante marcantes e, por vezes, trazem energias densas.
■Sire
Na qualidade Sire, Iansã aparece com fundamentos em Ossaim e Ayrá. Ossaim é o orixá das florestas, sendo trabalhador, discreto, e representando a sabedoria e a cura pela natureza. Também é chamado de Ossanha, muito conhecido por esse nome em letras de músicas.
Ayrá é um orixá que, no Brasil, é muito confundido com Xangô. Seus poderes e sua característica da luta e da guerra são muito parecidos com Xangô. Ele também é tido como orixá guerreiro, que domina a força dos raios.
■Yapopo
Yapopo é uma característica de Iansã que aparece na mesma vibração, ou fundamento, de Obaluaiê. Este é o orixá mais temido de todos, que detém o poder sobre o mundo dos mortos e que, nessa faceta, se identifica com Iansã, rainha dos Eguns.
Há mais de uma qualidade em que Iansã e Obaluaiê se identificam e isso ocorre porque Obaluaiê está diretamente ligado ao mundo dos mortos, tendo essa como sua característica mais forte. Iansã desempenha, assim, um papel de rainha de um mundo que possui vários reis, em diversas instâncias.
■Topo (ou Yatopo, ou Tupé)
Em Topo, ou Yatopo, ou Tupé, Iansã tem fundamento com Ogum e Exu, e ligação com Xangô. Ogum é o orixá guerreiro, que fabrica armas para as batalhas e traz a mensagem da verdade e da vitalidade. Exu, por sua vez, é o Orixá mensageiro, que faz toda e qualquer comunicação entre a Terra e o Divino.
Exu, muitas vezes, é tido por uma figura ruim, por representar a morte de um ponto de vista. Mas isso acontece porque nada passa entre a Terra e o Divino, sem passar pela morte da Terra. Xangô é o orixá guerreiro, amor de Iansã e detentor das forças dos raios.
■Gbale (ou Igbalé, ou Balé)
Por meio do Gbale é que se encontra a Iansã, rainha dos mortos. Em Gbale, vêm latentes todas as características de domínio de Iansã sobre os mortos. É aqui que ela se revela rainha dos Eguns, os espíritos da morte, tendo domínio sobre eles.
Essa faceta de Iansã, contudo, curiosamente não é sua principal. Ela também tem presentes a força da natureza e a paixão latente. Por essa razão, é detentora de muitos poderes essenciais à vida e, nas qualidades em que revela o domínio sobre a morte, é quando se pode observar apenas essa faceta destacada.
Características dos filhos e filhas de Iansã
As características dos orixás podem ser identificadas em seus filhos de fé na Terra. Isso porque, ao invocar a proteção de um orixá, ele despeja sobre os seres-humanos suas energias, que se relacionam com seus poderes e aspectos. Assim, Iansã traz os aspectos da liberdade e da paixão fervorosa, combinados com o trabalho árduo, a justiça e a intensidade das emoções.
Além disso, por serem os orixás figuras humanas, que cometem erros e que, às vezes, cedem aos pecados e às ilusões da vida terrena, podem ser identificados facilmente em seus filhos. A seguir, estão presentes as principais características que podem ser identificadas nos filhos e filhas de Iansã, sendo esta uma figura muito forte de benevolência e, ao mesmo tempo, de força. Confira!
■Coragem e liberdade
Iansã é marcada por ser a orixá feminina guerreira, com aspectos quase masculinos. Por essa razão, coragem e liberdade são características muito presentes em si e que se revelam fortemente em seus filhos.
Por isso, os filhos e filhas de Iansã são pessoas corajosas, que lutam por justiça com todas as forças e que usam corretamente suas habilidades para vencer batalhas. Além disso, prezam pela liberdade como uma forma de triunfo à vida, mas, mesmo assim, são fiéis e leais.
■Opinião forte e concisa
Os filhos e filhas de Iansã são enérgicos em todas as suas facetas e isso não é diferente, quando se mostram em seus pensamentos. Assim, a opinião dessas pessoas sempre se revelam com intensidade e objetividade.
Não há meias palavras, pois os filhos de Iansã são precisos em suas falas e expressam bem o que pensam, sem espaços para melindros ou manipulações. Também não são muito abertos a discussões e beiram à intolerância. Acreditam em suas razões e as defendem até o fim, ainda que tenham que passar por cima de quem não concorde com eles.
■Os piores inimigos que se pode ter
Filhos de Iansã são valentes e lutam pelo que entendem ser correto e justo. Por essa razão, acreditam em sua verdade e, se encontram um inimigo, podem depositar toda a sua energia para vencer uma disputa, mesmo que, para isso, tenham que usar de mecanismos desonestos, às vezes.
Assim, de tanta energia que possuem para lutar a favor do bem, os filhos de Iansã também possuem para lutar contra o que acreditam ser ruins e, por isso, são implacáveis com seus inimigos. Não são do tipo de pessoa que simplesmente não revidam ataques. Na verdade, são bastante enérgicos e fazem o que for necessário para que nada interfira em seu caminho.
■Tempestade em copo d’água
Em razão da intensidade que vivem, combinada à paixão e à necessidade de atenção, os filhos e filhas de Iansã costumam fazer a chamada "tempestade em copo d'água".
É comum identificar uma espécie de drama nas atitudes dessas pessoas. Há muito amor próprio e, por isso, acreditam que merecem a atenção de todos, quando se sentem prejudicados. É possível identificar até uma certa infantilidade nesse aspecto.
■Compaixão e carinho
Apesar das relações intensas, os filhos e filhas de Iansã são leais a seus amigos e relacionamentos amorosos e agem com muita compaixão e carinho. São pessoas enérgicas que, no entanto, sabem valorizar o amor e o afeto.
Há muita energia de acolhimento presente nessas pessoas, que sabem ser amorosas e conceder o calor necessário para o bem-estar daqueles que apreciam.
■Vida romântica ativa
A capacidade de despertar paixões de Iansã é também um de seus poderes. Ela os usa para adquirir conhecimento, ao adentrar a vida daqueles que cedem a seus encantos. Assim, a influência de Iansã na vida de uma pessoa traz uma vida romântica ativa, incendiada por muitas paixões. Aqui, há sempre a questão do reconhecimento da paixão em contrapartida ao verdadeiro amor.
Para se relacionar com Iansã
Se tornar filho de um orixá significa ter sua proteção nos momentos de aflição. Para manter esse vínculo, contudo, é preciso cultivar a relação com o divino, o que exige algumas atitudes de respeito e apreciação.
Dessa forma, comemorar juntamente ao orixá em seu dia, oferecer presentes e conhecer seus aspectos mais específicos, como sua cor, seus elementos ou que tipo de oferenda este gosta é muito importante para estabelecer um equilíbrio entre os seus pedidos e o que se oferece.
Abaixo, foram colocados os principais elementos importantes para reverenciar a presença e o poder de Iansã. Acompanhe!
■Dia do ano de Iansã
O dia do ano de Iansã cai em 4 de Dezembro. Nesse dia, são levadas pelas pessoas oferendas em seu nome, como velas, espadas e flores amarelas, para saudar a orixá guerreira.
■Dia da semana de Iansã
O dia da semana para se reverenciar a orixá Iansã é sábado. Contudo, como Iansã é, muitas vezes, adorada em conjunto a Xangô, seu marido da mitologia africana, pode ser também que o seu dia da semana se junte a quarta-feira, para ambos.
■Saudação a Iansã
A saudação mais comum a Iansã é Eparrêi Iansã, da língua Iorubá, que mais influenciou as religiões de matrizes africanas no Brasil.
Assim, ao pedir bênçãos para Iansã, inicia-se as intenções com essa saudação, o que demonstra profundo respeito pela entidade e o que aumenta a conexão com o plano divino e com as energias da orixá.
■Símbolo de Iansã
Iansã carrega dois símbolos: A espada e o Eruexim, instrumento confeccionado de rabo de cavalo. O primeiro, a espada, faz referência ao aspecto guerreiro de Iansã, que é capaz de cortar o que for necessário, pelo bem ou pelo mal.
O Eruexim, por sua vez, lhe dá o controle sobre o mundo dos vivos e dos mortos. Com ele, ela espanta os Eguns, no mundo dos mortos, e controla os ventos, no mundo dos vivos.
■Cores de Iansã
É muito comum encontrar referências na cor vermelha a Iansã. Isso ocorre porque, no Candomblé, ela traz as cores marrom, vermelha e rosa. Contudo, a principal cor de Iansã é o amarelo, indicado na Umbanda.
■Elemento de Iansã
Os principais elementos relacionados a Iansã são o fogo e o ar. Iansã é a rainha dos ventos e, portanto, revela pelo ar toda a força de seus poderes. Juntamente a Xangô, controla as tempestades e garante a segurança ou a fúria, necessárias a seus devotos.
Quanto ao fogo, Iansã é sempre tomada por paixões incandescentes e é afeta ao amor carnal, aquele que leva à loucura. Iansã é guerreira, intrigante, mística e traz toda a efervescência, a atitude e o entusiasmo inerentes ao fogo como elemento.
Por fim, pelo controle do mundo dos mortos e com o título de Rainha dos Eguns, é possível associar o elemento terra a Iansã. A Terra é o limite entre a vida e a morte e Iansã tem trânsito nesse aspecto, sendo, muitas vezes, combinada a outros orixás mensageiros da morte.
■Oferenda a Iansã
As oferendas a Iansã compreendem flores amarelas e velas da mesma cor, que são de sua cor principal. Também é possível oferecer à orixá espadas, como as de São Jorge, mas com as bordas amarelas.
O acarajé, tão famoso e consumido principalmente na Bahia, é o alimento de Iansã e, em muitos lugares, é feito um agradecimento a ela, antes de comê-lo. Além disso, também são feitas bebidas doces e frutas, principalmente as amarelas, como o melão. O melhor local para entregar as oferendas são em bambuzais ou pedreiras.
■Oração a Iansã
Uma das orações possíveis a Iansã, que convoca seus poderes para a proteção, é a seguinte:
"Ó gloriosa Mãe Guerreira, dona das tempestades, protegei-me eu e minha família contra os maus espíritos, para que eles não tenham forças de atrapalhar minha caminhada e que não se apossem da minha luz. Ajudai-me para que as pessoas más intencionadas não destruam minha paz de espírito.
Mãe Iansã, cubra-me com seu manto sagrado e leve com a força dos seus ventos tudo o que não presta para bem longe. Ajudai-me na união da minha família, para que a inveja não destrua o amor que há em nossos corações. Mãe Iansã, em vós eu creio, espero e confio! Que assim seja e assim será!”
O que a orixá dos elementos climáticos, Iansã, quer comunicar?
A orixá dos elementos climáticos, Iansã, carrega consigo as forças da natureza, trazendo os raios e os ventos nas tempestades e demonstrando a intensidade e a eletricidade. Além disso, carrega o fogo consigo e é Rainha dos Mortos.
Por essas razões, Iansã é a orixá dos elementos climáticos e uma das mais poderosas da mitologia africana. Sua mensagem está ligada à luta pela justiça, à liberdade do pensamento, à importância da verdade, à força do amor em todas as relações e à mortalidade enquanto limite das aspirações do homem.
Iansã é a Rainha Mãe, sendo inteligente, responsável, acolhedora e guerreira. É uma figura de muita força no Candomblé, que inspira seus devotos, trazendo principalmente a ideia da força feminina, da verdade e da razão. A natureza é sua aliada na governança das energias, trazendo a paz pela guerra.
Graduada em direito, larguei a profissão para me dedicar ao que realmente me interessou em tudo isso: as palavras. Viajante e mais madura, começo a entrar no mundo mágico da espiritualidade com a fé de que o sobrenatural é o nosso guia na Terra para alcançar a iluminação. O conhecimento é a chave e a busca é o caminho. O Amor é a verdade.