O que significa Roda do Ano? Sabbats, equinócios, para os celtas e mais!

A roda do ano representa o ciclo da vida. É através dela que os antigos celtas compreendiam o ciclo da natureza e suas estações por meio da representação do Deus Sol e da Deusa em seus ciclos de vida, desenvolvimento, morte e renascimento.

Além disso sua relevância é tamanha que muitas egrégoras e vertentes da bruxaria se espelham nela, tais como a Wicca e a Bruxaria Natural. A roda do ano baseia-se no movimento da Terra ao redor do sol, fator que é responsável por gerar o que você conhece por estações.

Cada estação possui um evento comemorativo com simbologias próprias de genuína riqueza. As antigas festividades deixaram uma herança muito forte, influenciando festividades como Páscoa, Festa de São João e Natal. Venha descobrir neste artigo a incrível roda do ano e suas festividades!

O calendário celta é uma antiga herança dos povos pagãos, em que esses se baseavam nas transformações cíclicas da natureza para explicar a vida ao seu redor. Com base no calendário celta surgiu a roda do ano, a qual é formada por 8 datas extremamente importantes para os pagãos, pois conta sobre a trajetória do Deus Sol (Deus cornífero) junto a Deusa tríplice no ciclo de vida e morte.

Das 8 celebrações, 4 são eventos solares, representando as estações principais do ano, e 4 eventos sazonais que representam as faixas de transição de uma estação para a outra. É com base nestas mudanças naturais que os antigos deixaram como herança suas festividades, as quais enaltecem os deuses, a natureza e a própria vida como um todo.

O calendário celta é originário dos antigos povos pagãos. Eles guiavam suas vidas conforme a natureza a sua volta, logo o ciclo da vida natural fortaleceu suas crenças sobre o que é o processo da vida.

De tempos em tempos os celtas agradeceram a vida e enalteceram seus deuses por meio de comemorações nomeadas por sabbats. Além disso, os sabbats representavam as transformações ocorridas na natureza: as estações do ano.

A roda do ano foi estruturada com base no calendário celta. Ela é uma roda dividida em 8 partes e cada uma delas possui simbolismo muito singular. Ela contém 4 partes relacionadas às estações: verão, outono, inverno e primavera; além de outras 4 relacionadas aos ápices de cada estação, ou seja, a faixa de transição de uma para a outra.

O ciclo de vida, morte e renascimento é representado pela figura do Deus cornífero, o senhor da natureza e a Deusa tríplice, a senhora da magia. Em cada parte da roda do ano, vê-se o Deus em sua trajetória desde seu nascimento até sua morte junto a Deusa.

Nota-se o desenvolvimento de cada estação: a vida aflorando na primavera e eclodindo no verão até o outono onde a vida começa a cessar até o inverno, momento de morte e renascimento.

Os festivais são vinculados a cada estação do ano, representando a comemoração do ciclo da vida através do caminho da Deusa e do Deus. Os festivais também são nomeados de sabbats: Yule (inverno), Ostara (primavera), Litha (verão), Mabon (outono), Samhain (ápice do outono), Beltane (ápice da primavera), Lammas (ápice do verão) e Imbolc (ápice do inverno). Cada sabbat tem sua peculiaridade e traz ensinamentos únicos e profundos sobre o que é a vida.

Os 8 sabbats podem ser divididos em solares, associados aos solstícios, e em sazonais, associados aos equinócios. Os solstícios e os equinócios são eventos naturais fundamentais para compreender a roda do ano, pois eles diferem a incidência de raios solares até a Terra, distinguindo estações e influenciando milhares de vidas.

Esses fatores diferem a roda do ano em roda sul e roda norte. A inclinação da Terra no seu eixo de giro, a linha do Equador dividindo a mesma em hemisfério norte e sul e o movimento da Terra ao redor do Sol (translação), influenciam na incidência solar em partes do globo terrestre.

Quando a incidência é a mesma nos hemisférios fala-se de equinócios, quando se diferenciam, ocorrem os solstícios. Venha conferir mais sobre sua influência na roda do ano!

No hemisfério sul tem-se uma determinada estação que será oposta à estação do hemisfério norte, por exemplo: verão no sul e inverno no norte, em dezembro. Como a roda do ano é baseada nas estações é natural que ela seja dividida em roda norte para o hemisfério norte e roda sul para o hemisfério sul, assim respeitando as comemorações em relação às estações do ano de cada parte do globo terrestre.

Quando se trata de solstícios, um dos hemisférios recebe maior quantidade de raios solares, enquanto que outro recebe menos. No solstício é possível distinguir duas estações: Inverno e Verão. O inverno possui dias curtos, noites longas devido a baixa luminosidade natural, enquanto que no Verão ocorre o oposto, dias longos, noites curtas devido a alta luminosidade.

No equinócio ocorre primavera e outono e ambos os hemisférios recebem a mesma incidência solar. Equinócios são pontos de transição entre solstícios, pois após o inverno a Terra tende a translar em sua rota elíptica ao redor do Sol e sua inclinação diminui e a luminosidade passa a ser maior do que a do inverno, trazendo a primavera. Na diminuição da luz solar ocorre o outono. Essas estações têm dias e noites com a mesma duração.

A festividade de Samhain marca o fim do ciclo solar, a transição do último dia do calendário pagão para o início do ano novo. Sua simbologia retrata a transmutação da vida em morte, permitindo que um novo ciclo seja instaurado.

Samhain traz a energia da renovação por meio da morte alquímica de tudo aquilo que já não possui a mesma consonância com a vida. Samhain é correspondente ao dia das bruxas, conhecido também por halloween.

Além dessas datas comemorativas a festividade pode ser associada ao dia de Finados no calendário gregoriano. É em Samhain que a vida entrelaça-se com os portais da morte, permitindo que os vivos entrem em contato com seus entes falecidos e ancestrais. Confira muito mais a seguir!

No período de Samhain inicia-se o outono celta, segundo fontes histórico-culturais. O rígido frio não perdoava quem ele tocasse, pessoas, plantações e gados morriam de frio e fome.

Sendo assim, às vésperas de Samhain, os antigos pagãos abatiam grande parte de seu rebanho e colhiam o máximo da sua agricultura para manter em estoque para não perdê-los para o tórrido frio.

O severo frio rompia com a ideia da vida contida no calor, assim ele abria uma passagem entre a vida e a morte, permitindo que os vivos se comunicassem com os mortos. A vida morre em Samhain junto à morte do deus Sol, mas não é a representação do término eterno da vida, mas de sua transformação. O deus morre para retornar ao ventre da deusa, trazendo a simbologia da renovação, o desapego ao material e o retorno espiritual.

Samhain ocorre entre 31 de Outubro e 1° de Novembro no hemisfério norte, enquanto que no hemisfério sul ocorre entre 30 de Abril e 02 de Maio. Há um fato entre as datas de Samhain que, mesmo ocorrendo em momentos distintos em locais diferentes, demonstra sua simbologia: a festividade sempre ocorre no outono.

Samhain é uma palavra de origem gaelicp-irlandes em que Sam significa “verão” e hain significa “fim”, ou seja, fim do verão. É essa a ideia que Samhain traz, o fim do verão e o início do período de frio e morte, momento que marca o fim da fartura da vida: agricultura, animais e indivíduos se deparam com a ideia de falta.

A data representa um grande marco para os celtas: o fim do verão e, consequentemente, o fim da vida. Simbolicamente, Samhain representa a morte do deus Cornífero, o fim da vida e o desencarde deste plano para uma nova vida em outro. O deus abre mão da materialidade para transcender seu ser a um plano além do físico, assim retornando para o útero da deusa, renovando-se.

Samhain é associado ao dia das bruxas, sendo comemorado entre o dia 31 de outubro e 2 de novembro, tendo em média três dias de festividade. Nesse momento comemora-se o poder da morte como elemento transformador da matéria. É um momento que permite que o mundo dos mortos se abra aos vivos, assim celebrando a transitoriedade da matéria.

Além disso, há vertentes que associam Samhain ao dia dos mortos, justamente pela possibilidade de contatar o espírito dos seus ancestrais, por comemorar a morte como passagem para um outro plano. A igreja católica possui um feriado com sincretismo muito parecido, o dia de Finados, momento onde os entes queridos são lembrados.

Yule representa a esperança do término do inverno e a renovação da vida. É um momento de semear internamente desejos e sonhos para que o calor da vida chegue com a primavera e permita florescer sua força e materialização.

Yule traz a ideia de gestação e superação da ausência de calor, assim é possível encontrar forças para renascer após Samhain. Em meados de 22 de dezembro no hemisfério norte e 22 de junho no hemisfério sul, comemora-se Yule, uma vez que é neste período que inicia-se o inverno.

É em Yule o momento que que o deus renasce no ventre da deusa, aguardando seu renascimento. Como a comemoração fala sobre nascimento e esperança, a cultura cristã possui uma comemoração muitíssima parecida: o natal. Venha conferir mais sobre!

Yule é uma comemoração que sucede à Samhain. Quando se trata de Yule, fala-se sobre o Solstício de Inverno. É neste momento que o inverno inicia-se, é nele que a vida é dissipada, fragmentada e comprimida pelo frio e abrigada no ventre da deusa, simbolizando o renascimento do deus Cornífero.

Em Yule encontra-se o renascimento e a esperança da vida nova após o fim do inverno, por isso é costume da data enfeitar o ambiente com tuias, pinheiros e árvores semelhantes. Uma fogueira é montada para espantar o frio e junto dela há uma ceia farta com todos os alimentos estocados para representar o nascimento do filho da deusa.

A festividade de Yule é comemorada em meados de 22 de dezembro no hemisfério norte e 22 de junho no hemisfério sul. Yule é comemorado no Solstício de Inverno, marcando o ápice do frio, mas trazendo a esperança do retorno do calor na Terra, pois em Imbolc ocorrerão os primeiros indícios de calor e vida. É momento de introspecção e nutrição dos desejos, sonhos e da própria vida.

Há antigos contos pagãos que contam que em Yule há alguns seres que se manifestam em meados da festividade. Um desses seres é a troll Grýla, uma ser deforme que cozinha crianças desobedientes que seu marido Leppalúoi capturou ao fingir ser um doce velhinho. Além disso, o casal de trolls possuem 13 filhos, as crianças de Yule, os quais aprontam peripécias 13 dias antes da festividade.

A simbologia de Yule é altamente associada ao Natal. Em ambas as datas encontram-se pinhos, tulias, uma mesa farta de alimento, tudo para comemorar o nascimento de um ser que irá salvá-los.

Em Yule encontra-se o (re)nascimento do deus Cornífero, o qual trará a luz e o calor, assim livrando todos das sombras. O mesmo ocorre no Natal Cristão, o nascimento do menino Jesus traz a ideia de salvação.

Imbolc representa a faixa de transição do inverno para a primavera, é o momento de esperança, logo a luz se equilibrará com as sombras. Nesta fase, a deusa Tríplice encontra-se amamentando o deus Cornífero, denotando a maior simbologia de Imbolc: nascimento, amamentação e crescimento.

A festividade retrata o calor da vida se aproximando através de várias fogueiras para aquecer a nova fase. No hemisfério norte, Imbolc é comemorado em meados do dia 02 de fevereiro e no hemisfério sul próximo a 31 de julho.

A festividade traz uma simbologia única, as candeias/velas como símbolo da iluminação, da luz que se aproxima para dizer que o inverno está chegando ao fim. Tal momento é associado à celebração cristã à Nossa Senhora das Luzes. A seguir você conhecerá mais sobre Imbolc!

Imbolc traz a energia de nutrição e crescimento. Na comemoração anterior a Deusa Tríplice estava grávida e deu à luz ao Deus Cornífero. Em Imbolc a Deusa nutre sua criança para que ela cresça forte e leve a chama da vida aos seus próximos.

A maior marca de Imbolc são as fogueiras que representam o calor da vida que aquece a esperança de tempos mais luminosos que possibilitem a projeção e realização de novos projetos.

As festividades de Imbolc são comemoradas entre o dia 31 de julho no Hemisfério Sul, enquanto que o Hemisfério Norte celebra o momento em meados de 2 de Fevereiro. É importante lembrar que em alguns momentos, as datas da Roda do Ano se alteram em dias antes ou posteriores aos mencionados, pois ela segue os momentos de mudanças das estações.

Quando se trata de Imbolc é preciso associar a comemoração à nutrição, crescimento e fortalecimento. É um momento de renovação das esperanças e nutrição da mesma, pois o inverno está chegando ao fim e em breve a vida voltará com a primavera. A essência de Imbolc reacende a chama da fé em dias melhores e mais prósperos através da nutrição de sonhos.

A Deusa Brígida é uma deusa pagã com traços similares ao que se reconhece como Maria Santíssima, na Igreja Católica. Brígida era a Maria dos Gaélicos, pois ela transcende e caminha entre os homens multiplicando comida para alimentar aqueles menos favorecidos, sendo assim, ela era altamente associada à fertilidade. Seu dia de comemoração é primeiro de Fevereiro, um dia antes de Imbolc.

Imbolc tem como principal símbolo o fogo, as chamas, as velas, tudo aquilo que trouxesse a ideia de iluminação e calor. Sendo assim, a principal comemoração que pode ser associada a Imbolc é a festividade de Nossa Senhora das Luzes, além da figura da Deusa Brígida ser associada à própria Nossa Senhora das Candeias, pois ambas levam à luz aos homens neste período desde a antiguidade.

Após Imbolc vem a chegada da primavera, momento em que dia e noite possuem a mesma duração. Isso representa um fator importante para os antigos povos: o fim do inverno. É nesse momento que era comemorado Ostara: o renascimento da vida após o inverno.

A comemoração de Ostara representa o desabrochar da esperança e das novas possibilidades. Ostara é uma comemoração muito próspera e repleta de luz. É importante lembrar que é o início de um período próspero, as flores desabrocham, mas os frutos ainda estão por vir em Beltane.

Uma das correspondências mais importantes com Ostara é a Páscoa, pois ambas representam o renascimento. Venha conhecer mais facetas e curiosidades desta comemoração tão única!

Ostara é o desabrochar da vida após o longo inverno. A energia da primavera equilibra luz e sombra, respectivamente, dia e noite. A Deusa Tríplice apresenta-se como uma jovem Donzela enquanto que nesta fase o pequeno Deus já toma forma de um jovem caçador.

Este é o momento em que eles se cortejam, representando o florescer do amor, sonhos e metas. Ostara representa a fertilidade do sentir. É justamente pela figura dos coelhos e ovos em Ostara que se entende seu trabalho energético: a renovação da vida.

Através desta renovação compreende-se o sentido da procriação e da fertilização, seja no plano materno ou no plano das ideias. Sem dúvidas, Ostara é uma das festividades mais importantes da Roda do Ano.

O simbolismo e energia da comemoração de Ostara ocorre no Equinócio de Primavera, ponto de equilíbrio entre a luz e as sombras(dia e noite). No hemisfério norte comemora-se Ostara em meados do dia 21 de Março para os seguidores da Roda do Ano Norte, enquanto que no hemisfério sul a festividade é celebrada próximo ao dia 21 de Setembro (Roda do Ano Sul).

Quando chega Ostara, tem-se o primeiro dia da Primavera. Este é o marco da prosperidade, fertilidade e abundância, pois tudo volta a crescer neste momento. Junto a isso e ao florescer das natureza no processo de renascimento, o pequeno Deus está mais amadurecido e começa a caçada do amor, buscando conquistar a Deusa para que eles possam se unir e gerar frutos logo mais à frente.

A Deusa Tríplice tem sua faceta atrelada a de uma jovem donzela neste momento. Aqui ela é representada, em muitos casos, como a deusa pagã Oster, a qual é associada ao renascimento, fertilidade, prosperidade e abundância. Por esse motivo, Oster é associada à figura de coelhos e ovos, representando a fertilidade e a multiplicidade da prosperidade através do amor.

Ostara tem uma correspondência muito famosa: a Páscoa. A Páscoa traz a ideia do Cristo ressuscitado após sua morte na cruz, o qual transcende a morte e trouxe uma nova perspectiva de vida e amor para a humanidade. Cristo renasceu ainda mais forte no coração dos fiéis, assim como a energia de Ostara renasce com esperança e amor após um árduo inverno.

Toda a alegria e festividade contida em Ostara culmina em Beltane, o ápice da Primavera. Este é o momento mais fértil, auspicioso e cativante das festividades, pois Beltane encanta qualquer um que permite que sua energia de amor e união entrelaçam aqueles que se entregam a ela.

Aqui ocorre a união dos seres, e o fruto do amor e das construções crescem insaciavelmente. Os antigos povos festejaram Beltane em Abril no hemisfério norte e em Outubro no hemisfério sul.

Toda a magia de Beltane representa o desejo, o prazer de existir e ser quem se é, a ponto de gerar frutos através disso. Uma das festividades que é correspondida a Beltane é a festa de São João, onde pessoas dançam com seu par, há casamentos e muito amor. Venha conhecer mais sobre Beltane!

Conforme a Primavera progride, o calor vai se intensificando e permitindo que a vida seja estimulada para se tornar tão fértil a ponto de gerar novas vidas. Em Beltane, a Deusa Tríplice e o Deus unem-se em suas formas jovens, fertilizando o mundo ao seu redor com amor, poder e realização.

Neste momento é possível gestar vida e novos começos a partir de uniões consigo ou com o outro. Enquanto que em Ostara os jovens buscam os seus sonhos através de ritos como o "Caça aos ovos", em Beltane encontra-se o desfrutar e o saciar-se ao encontrar os seus desejos.

Beltane junto a Samhain expressam a ideia complementar entre vida e morte, respectivamente, mostrando a necessidade do desapegar-se e aceitar a finitude para partir para um novo ciclo de novos sonhos, desejos e realizações.

Beltane, o maior dos festivais da Roda do Ano, ocorre em meados do dia 30 de Abril no hemisfério norte, enquanto que no hemisfério sul a data é comemorada em meados de 31 de Outubro. É neste momento que os povos comemoravam o fogo sagrado de Bel, deus pagão associado ao fogo e fertilidade, o qual levava a vida a todos os pagãos.

O ponto chave de Beltane é a fertilidade. É neste momento que o Deus e a Deusa se unem para copular a vida, é neste momento que o fogo sagrado de Bel (daí o termo Beltane) é acesso para trazer a chama da intensificação da vida, além de ser o momento de fertilidade nas produções agrícolas. Esta é a energia de Beltane: fertilizar e proporcionar frutos auspiciosos e prazerosos à humanidade.

Para os celtas, Beltane era o momento mais propício para a fertilização e copulação da vida. Neste momento os fogos do Deus Bel eram acesos nos topos das colinas e mastros eram erguidos com fitas coloridas, as quais eram tranças em uma dança magnética para conectar os pares. Após muita dança e comida farta, os pares se uniam para beber do amor e sentir um ao outro, festejando a vida, união e amor.

A alegria de Beltane é fortemente associada a uma das festividades que mais cativam os indivíduos: as festas julinas, em especial a festa de São João. Não é à toa que existem tantas danças, comidas fartas e deliciosas e o típico “casamento” nelas. Tanto Beltane quanto o São João celebram a alegria de viver após uma colheita próspera, além de valorizar a união entre aqueles que se amam.

Beltane marca o ponto auge da Primavera, enquanto que Litha representa a entrada do Solstício de Verão. Neste momento, os dias são mais longos que as noites, simbolizando o domínio da luz, do sol na vida na Terra.

Quando Litha chega a vida pulsa de uma forma intensa, acelerando os processos iniciados em Beltane, aqui a energia está no seu ponto máximo. Nos hemisférios norte e sul a celebração de Litha ocorre, respectivamente, em meados de Junho e Dezembro.

A representação do esplendor, brilho e felicidade de Litha trazem a figura do Deus forte e mais velho, junto da imagem da Deusa Tríplice, grávida e esbanjando fertilidade. Os altos níveis de felicidade fazem Litha se aproximar muito das festividades juninas. Venha conhecer mais sobre Litha!

Litha é o marco da comemoração do esplendor, do brilho e da fertilidade. Em Litha os dias são mais longos que as noites, representando a energia solar, a felicidade e o transbordar do amor.

Assim como em Beltane, faz parte em Litha as fogueiras e o “pula chamas”, o qual os indivíduos compartilham nessa ação a energia do fogo, recarregando-os de vitalidade e alegria para seguir adiante.

A calorosa e vivaz festividade de Litha é celebrada em meados do dia 22 de Junho para os seguidores da Roda do Ano Norte, ou seja, aqueles que moram no Hemisfério Norte. Já os indivíduos que moram em países alocados no hemisfério sul e seguem a Roda do Ano Sul, comemoram a festividade de Litha em meados do dia 22 de Dezembro.

O Primeiro dia do Verão marca um grande vortex energético: a transcendência do calor. Neste momento o Sol está no seu ponto máximo de irradiação de raios luminosos na Terra. Consequentemente o dia sobressai a noite, a vida ganha vitalidade para se espalhar pelas regiões abençoadas pelo Verão.

O Deus e a Deusa se uniram em Beltane para festejar a fertilidade e o amor. Desse momento de união, amor e felicidade gerou um grande presente: uma nova vida. A Deusa está grávida em Litha e o Deus celebra a alegria deste momento partilhando o calor da vida por meio da presença solar intensa na Terra. Em Litha dá-se seguimento ao processo de união dos Deuses: a gestação dos sonhos.

Em Litha é muito costumeiro acender fogueiras e pular as mesmas, representando o contato com o fogo sagrado, recebendo parte do seu poder energético. Outro costume presente em Litha é o ato de colher ervas no primeiro dia do Verão, pois a energia do Deus esbanja vitalidade nas plantas cultivadas, potencializando o poder de cura para uso medicinais e ritualísticos.

Toda a vitalidade e alegria contidos em Litha associam-se às festividades juninas. Tanto em Litha quanto nas festas juninas, há a união de pessoas para celebrar a prosperidade, alegria e amor, há o uso de fogueiras, danças ao redor das chamas e muita diversão. É importante lembrar que essa é apenas uma associação, não significa que a festividade de Litha deu origem às festas juninas.

Após a vitalidade existente em Litha e a aplicação da energia solar nos processos iniciados em Beltane, Lammas representa o momento da colheita. Em Lammas o Sol começa a diminuir pouco a pouco sua incidência de raios solares, representando o início do esgotamento da vitalidade do Deus Sol.

Ele está mais velho e partilha suas últimas forças abençoando a colheita. Lammas ocorre em torno de dois meses após a festividade de Litha. Nesta festividade entende-se o real sentido de colher o que se plantou nas datas passadas, afinal será um período de colheita.

Uma das correspondências mais famosas com a festividade de Lammas é a lenda da Deusa indígena Mani, símbolo da prosperidade, fartura e colheita para os nativos brasileiros. Descubra mais sobre Lammas a seguir!

Lammas é um dos momentos decisivos da Roda do Ano, pois irá simbolizar a colheita de tudo que foi investido, semeado e batalhado desde Ostara até este momento. O Deus está mais velho, sua energia está findando e o pouco que lhe resta é partilhado com toda a vida ao seu redor, para ser nutrida e crescer ao máximo para ser colhida antes que o inverno chegue.

Lammas inicia-se quando os raios solares começam a diminuir pouco a pouco até os dias terem a mesma duração que a noite. Na Roda do Ano Norte, ao norte da linha do equador, comemora-se Lammas em meados do dia 31 de Julho. Enquanto isso, a festividade é celebrada em meados do dia 02 de Fevereiro na Roda do Ano Sul, no hemisfério sul.

Em gaélico-irlandes a palavra “Lughnasadh” significa a comemoração de Lugh. Lughnasadh representa o Festival da Primeira Colheita, onde o Deus pagão Lugh era o guardião do fogo sagrado (assim como o Deus Bel), o qual simboliza a prosperidade da colheita advinda do árduo trabalho realizado através do fogo de Beltane e Litha. Quem trabalha constantemente, tem uma colheita farta.

É costume em Lammas criar bonecos de palha de milho para simbolizar a proteção para a colheita e os próximos plantios. Estes bonecos de milho eram oferecidos ao Deus Lugh e eram mantidos até o próximo Lammas.

Os bonecos do ano passado eram queimados em um caldeirão, junto com agradecimentos pela colheita do ano. Essa é uma antiga forma de desprender-se do passado e aceitar o novo.

Uma das principais correspondências com Lammas é a lenda da Deusa Mani do folclore brasileiro. A filha de um chefe de uma tribo apareceu grávida de uma criança divina chamada Mani. Mani cresceu e desenvolveu precocemente capacidades únicas.

Após um ano de vida veio a falecer e foi enterrada numa oca em que sua mãe regava diariamente. Do corpo de Mani surgiu a mandioca, raiz que representou a prosperidade por alimentar toda a tribo, assim como o Deus fez ao doar sua energia.

Mabon marca o Equinócio de Outono, os dias e as noites possuem a mesma duração, representando o equilíbrio da luz e das sombras. Sua simbologia representa o agradecimento da colheita final.

O Deus já está velho e se preparando para sua morte e deixa a Deusa grávida, mas com os frutos da colheita a Deusa irá se nutrir e ao seu filho, junto aos demais seguidores deles.

Mabon ocorre em meados de Setembro e Março nos hemisférios norte e sul, respectivamente. Uma data comemorativa que corresponde ao simbolismo de agradecimento à colheita é o dia de ação de graças comemorado pelos primeiros colonos ingleses. A seguir, mais fatos curiosos sobre a festividade de Mabon, não percam!

A energia de Mabon representa a Segunda Grande Colheita, a conclusão de um ciclo de colheitas e agradecimentos por toda prosperidade agrícola alcançada. Em Mabon o Deus Sol caminha para sua morte, para renascer quando a Deusa Tríplice der a luz ao seu filho. O principal ideal é a gratidão por tudo conquistado e o preparo para a chegada do inverno e do processo de morte e renascimento que será vivido em Samhain.

O Equinócio de Outono inicia-se em meados de 21 de Setembro para aqueles que seguem a Roda do Ano Norte (Hemisfério Norte) e aos seguidores da Roda do Ano Sul, localizados no Hemisfério Sul, o Outono inicia-se em meados de 21 de Março. São nestas datas que os povos pagãos, wiccanos, bruxos comemoração a celebração/sabbat de Mabon.

Um dos principais costumes de Mabon é utilizar parte da colheita para preparar um banquete em forma de agradecimento aos Deuses por todas as bênçãos e proteção que a população e a própria colheita receberam. É uma antiga tradição construir cornucópias (cestas) repletas de frutos da colheita, enfeitados com flores e cereais típicos para agregar no banquete celebrado por todos.

A gratidão em volta de Mabon é vivaz, assim como a festividade do dia de Ação de Graças. Quando os primeiros colonos chegaram na América do Norte, enfrentaram um árduo frio e diante das intempéries aprenderam a cultivar os alimentos e na primeira colheita que tiveram, ofereceram um banquete proporcionado pela própria colheita ao Deus Cristão, agradecendo pelas bênçãos do plantio.

O Sabbat é uma denominação para reuniões exclusivas para bruxas, momento dedicado aos seus ritos e celebrações. Cada Sabbat das bruxas representa uma particularidade da egrégora e visa comemorar, agradecer e movimentar energias de cada uma das oito principais comemorações relacionadas às energias presentes na roda do ano celta.

A relação do Sabbat com a bruxaria está na manipulação energética realizada com cada um dos elementos associados a cada um dos rituais. Comidas, velas, cânticos e materiais especiais são usados em cada ritual, representando: vida, morte, renascimento, colheita, gratidão nos ritos. Venha conhecer muito mais sobre os Sabbats e sua relação com a bruxaria!

O Sabbat funciona como uma reunião com alguns membros de um coven esotérico, visando realizar rituais, celebrações e comemorações com relação aos pontos base da Roda do Ano Celta.

É no Sabbat que ocorre a manipulação energética de certos elementos para cumprir com um objetivo próprio. Há Sabbats que duram mais de um dia, dependendo da sua ritualística.

Os Sabbats representam momentos de união entre os integrantes de um coven para realizar rituais e comemorações associadas às simbologias e energias da Roda do Ano. Os integrantes se unem para manipular energias, sendo que cada um tem uma função específica nos ritos, denominando a importância da união dos indivíduos do coven (grupos de bruxos).

Existem muitos rituais de bruxaria que são realizados nos Sabbats. Isso ocorre pois cada ritual tem sua função e objetivo a ser cumprido, logo eles se associam às energias de cada comemoração da Roda do Ano Celta.

É nessa união que as bruxas se alinham com as energias da natureza e universo para potencializar seus rituais conforme a ciclicidade da vida. É importante atentar-se para cada simbologia de cada sabbat, pois esses arquétipos serão trabalhados por meio da associação a elementos comuns de cada data.

Por exemplo, em Beltane há o uso do fogo nos rituais, enquanto em Mabon usa-se grão e cereais nos ritos. O ponto chave é entender que cada ritual terá elementos próprios para potencializar a energia evocada.

É importante lembrar que a cultura pagão do culto aos deuses e a natureza deriva desde a história pré-literária até a queda do império romano e a ascensão do cristianismo. A igreja católica ganha força e começa com as perseguições aos pagãos.

Porém, grande parte do conhecimento do mundo era vinculado à ideia do politeísmo e a natureza, assim a igreja católica necessitou adaptar-se. A adaptação era uma forma de desconstruir uma ideia e incorporar outra como forma de controle.

Assim, festividades da roda do ano celta como Ostara foram associadas à Páscoa, Beltane ao dia de São João, Yule ao Natal, Lammas ao dia de Candelária e Samhain ao dia de todos os Santos. Outros povos como mexicanos e japoneses possuem comemorações semelhantes às da roda do ano, sempre enaltecendo a natureza e o sol.