Considerações gerais sobre a hortoterapia
A natureza é o princípio fundamental do ‘nós’. Ela é responsável pelo nascimento e pela morte, seja das flores, dos frutos, dos animais ou das pessoas. E, quando estamos em contato com ela, retornamos ao que chamamos de casa. É sob essa proposta que a hortoterapia trabalha.
A ideia é simples: expor pacientes que precisam de amparo psíquico ou emocional às atividades recreativas na natureza, focando principalmente em hortas, que podem ser mais fáceis de cuidar e sendo práticas de cultivar. Os resultados são visíveis, com ações diretas e bem-estar imediato.
Em grande parte dos casos, a hortoterapia auxilia na interrupção dos medicamentos, pois trabalha resgatando a essência dos pacientes, deixando-os mais centrados e mais conectados com a realidade e a sociedade.
O contato com a terra e proximidade com a natureza no dia a dia
O trabalho com a natureza é, sem dúvida, um resgate de origens. Entendemos mais sobre nós quando entendemos sobre ela. A calmaria de lidar com a terra, com o cultivo de plantas, o florescer, podem ser pontos importantes para a evolução de um quadro clínico.
Confira agora os benefícios sobre esse contato e como eles funcionam no tratamento de doenças psíquicas!
■Transformações impostas pelo desenvolvimento
No princípio da humanidade, éramos apenas natureza. Para comer, o alimento era colhido, não comprado. Para morar, era usado o que já se tinha, não construído. Para aquecer-se era fogo, não energia elétrica. Claro que o avanço tecnológico possibilitou que chegássemos até aqui, mas o contato com a natureza sempre foi nosso princípio.
Com o desenvolvimento do mundo, esse contato foi se perdendo, ficando distante e, em alguns casos, até inexistente. Condomínios fechados tomaram o lugar de bosques, o oxigênio teve sua qualidade reduzida e os alimentos começaram a passar pela indústria. E o mais importante foi perdido, esse contato entre seres e solo. A natureza é, além de provedora, um grande manto sagrado.
■A importância do contato com a terra
A terra tem uma importância muito grande quando falamos sobre o tratamento de doenças, já que ela, além de ajudar na produção de anticorpos, o que faz com que nosso corpo consiga se defender de uma forma mais efetiva do ataque de doenças e vírus, ela também tem ação antioxidante, o que contribui para retardar o envelhecimento.
Além disso, esse contato com a terra, a natureza, traz uma outra qualidade de oxigênio para os nossos pulmões, o que nos deixa mais relaxados e calmos. O cultivo de plantas auxilia, ainda, no desenvolvimento motor de crianças e adultos. Por promover todos esses benefícios, esse contato ajuda no tratamento de doenças psíquicas e até cardiovasculares, como a pressão alta.
■Proximidade com a natureza no dia a dia
A principal vantagem de se ter um jardim ou horta é aliviar o estresse como a atividade sugere. Quando falamos sobre jardim, embora seja igualmente satisfatório, o intuito é preservar sua beleza. Não queremos colher as flores de um jardim, porque ficam melhores ali, adornando a paisagem e nos encantando com a variedade de cores e odores.
Porém, uma horta tem uma dinâmica diferente, sendo mais ativa, promovendo o cultivo, cuidado, colheita e até a alimentação dos vegetais e hortaliças cultivados. E essa praticidade é ideal quando falamos sobre a hortoterapia, porque ensinar sobre esse ciclo é um dos pilares da atividade.
Hortoterapia passiva, ativa, sua importância e como praticar
Existem algumas formas de se praticar a hortoterapia, isso porque entende-se que nem todos os pacientes têm condições físicas ou psíquicas para lidar com uma horta ou cuidar de uma.
O contato com a natureza é imprescindível nas duas formas, porém elas se diferem pelo modo como são praticadas e como os pacientes são inseridos nesses espaços naturais. Confira agora mais sobre os modos de hortoterapia e como podem ser aplicados no cotidiano!
■O que é a hortoterapia
A hortoterapia é uma técnica que insere pacientes de tratamentos psíquicos em espaços de recreação ao ar livre, usando como base a horta. Antes do início da interação desses pacientes com frutos e vegetais, ele é ensinado, de maneira prática e rápida, a cuidar daquela horta, quais são as precauções que deve tomar e o comprometimento que deve ter.
A grande sacada da técnica é que esses pacientes são responsáveis por todo o cultivo, desde o plantio, à responsabilidade de regar, aparar folhas com vermes, colocar adubo e fazer a manutenção para que esteja sempre saudável. Conforme os vegetais vão crescendo, os pacientes falam sobre os progressos e conversam sobre como ajudar o colega, caso as coisas não estejam tão bem.
No fim do ciclo, que é definido pelo tempo de amadurecimento de cada vegetal ou hortaliça, os alimentos são colhidos e consumidos pelos pacientes em grupo, sendo a grande cereja do bolo para quem passou meses dedicando-se à atividade.
■A hortoterapia passiva
Dentro da hortoterapia, existem a hortoterapia ativa e a hortoterapia passiva. A terapia feita de modo passivo é usada em casos mais específicos ou, na maior parte das vezes, em pessoas que estão iniciando esse módulo de tratamento. Nela, o paciente entra em contato com a natureza, mas não para modificá-la.
A hortoterapia passiva usa-se mais dos estímulos sensoriais para a eficácia do tratamento. O paciente é colocado na natureza, pode tocá-la, sentar no chão, sentir o ar no rosto, mas não precisa, necessariamente, interagir com ela. Ele não cultiva uma horta em primeiro momento, apenas vê uma, sentir seu cheiro e tocá-la. É usada, principalmente, em pacientes com algum problema motor.
■A hortoterapia ativa
No módulo de hortoterapia ativa, o paciente é mais autônomo, interage com a horta, planta, rega, colhe e faz tudo que o tratamento disponibiliza. Ele aprende sobre os processos da natureza e então, somente depois disso, coloca a ‘mão na massa’.
É válido dizer que, tanto a ativa quanto a passiva são fundamentais para a melhora do paciente e uma não é melhor do que a outra, são apenas modalidades diferentes. O paciente em contato com a natureza, manuseando-a ou não, já tem uma melhora significativa em seu quadro clínico, pois a sensação que essa terapia propõe é muito maior que a interação praticada.
■A importância da hortoterapia
Tendo se popularizado muito nos últimos anos, a hortoterapia se mostra muito eficaz no tratamento de várias doenças psíquicas, uma vez que promove um bem-estar físico, além do aumento das capacidades motoras e até o melhoramento da autoestima.
Ela se mostra muito eficaz, pois hortas podem ser cultivadas em espaços menores, o que facilita a interação do paciente com a natureza, até mesmo dentro de sua rotina. Além disso, essa promoção do aumento da imunidade e da criação de anticorpos melhora, e muito, a qualidade de vida desse paciente. Os estímulos psíquicos, principalmente aliviando o estresse, são parte fundamental da eficácia do tratamento.
■Onde praticar hortoterapia
Como forma de terapia ocupacional, a hortoterapia é usada em grande parte das clínicas de atendimento. Grande parte desse tipo de tratamento se dá em grupo, já que é mais proveitoso para o paciente ver seu progresso, juntamente com o dos colegas. Propor esse espaço para debate é algo muito importante no final do tratamento.
Existem grupos atuantes, principalmente na cidade de São Paulo, que promovem uma horta coletiva, visando a melhoria da qualidade de vida através dos alimentos orgânicos. Porém, outra alternativa é praticar o cultivo da horta com alguns amigos, o que pode ser muito proveitoso e tão significativo quanto. Faça um diário de evolução e, principalmente, se divirta!
■Formas de incluir a hortoterapia na vida
Talvez a ideia de cultivar uma horta ou até mesmo fazer hortoterapia possa parecer distante da sua realidade conturbada e corrida na cidade. Mas saiba que ela pode ser feita de maneira simples, não comprometendo muito tempo da sua rotina diária.
Normalmente quando pensamos em horta, pensamos em algo mais elaborado, com uma variedade de, pelo menos, três vegetais e um espaço aberto e arejado para que sejam plantadas, certo? Mas, não é necessariamente assim. Caso sinta o desejo de começar, comece com duas mudas em vasos pequenos e plante, se puder, na sua varanda. O importante é o compromisso de cuidar, não o tempo ou espaço.
Formas de aplicação da hortoterapia
Não existe um único intuito com a hortoterapia, sendo cada tratamento específico para um tipo de enfermidade. As aplicações mais comuns foram classificadas pela psicologia, porém, não são as únicas, já que a hortoterapia traz inúmeros benefícios. Confira agora as principais classificações e como são aplicadas de acordo com cada diagnóstico!
■Terapia horticultural
A terapia chamada de horticultural trabalha com uma metodologia um pouco mais regrada, tendo seus objetivos e metas traçados junto com o terapeuta, mas a ideia não deixa de ser o contato com a natureza, sendo a parte mais importante de toda a terapia e como ela é desenvolvida.
Na terapia horticultural, o paciente recebe essas metas para que se organize e consiga fazer as coisas que planejou, mesmo que sejam pequenas. Muitas doenças psíquicas, como a depressão, por exemplo, trazem um sentimento de incapacidade e impotência para quem as têm. Com pequenas conquistas, o paciente pode se sentir mais feliz e motivado.
■Horticultura terapêutica
Quando falamos sobre a horticultura terapêutica, estamos falando sobre boa parte da hortoterapia e as aplicações que pode ter, sejam elas em seu modo passivo ou ativo. Esse tratamento consiste no aproveitamento integral da experiência. A meta aqui é viver a experiência, não apenas traçar objetivos e metas.
Esse tipo de terapia pode ser usado para pessoas que estão com algum tipo de transtorno relacionado ao cognitivo ou nos primeiros passos de um quadro evolutivo de depressão. Pode ser usada também por quem sofreu algum trauma e está passando por esse processo intenso. Vale dizer que não é em 100% dos casos que são entendidos assim. Cada caso é um caso.
■Horticultura social
Sendo uma das modalidades mais encantadoras, a horticultura social, como o nome mesmo diz, tem o intuito de promover espaços sociais entre os pacientes, dando noções sobre respeito, progresso e, principalmente, sobre empatia e cuidado ao próximo.
Durante as dinâmicas de horticultura social, vários pacientes ficam juntos, escolhem suas plantas, opinam nos cuidados que a do colega pode ter, conversam e trocam experiências, não somente sobre hortaliças e frutas. Esse processo é muito importante para o desenvolvimento de pessoas com fobias sociais ou algum tipo de déficit cognitivo.
■Horticultura vocacional
Um pouco diferente dos outros tipos de terapia propostos, a horticultura vocacional é um programa inserido dentro da terapia hortícola, que usa o aprendizado com frutas e hortaliças para que o paciente se aventure profissionalmente.
Em um primeiro momento, a atividade deve ser encarada mais como um hobby, não uma atividade remunerada. Mas esse tipo de capacitação profissionalizante pode ser fundamental na construção do paciente depois do tratamento psíquico, sendo assim, imprescindível para o desfecho do acompanhamento, que pode durar semanas, meses ou até anos.
Os efeitos benefícios da hortoterapia
Os benefícios da hortoterapia são muitos, não só psíquicos, mas também cognitivos, sociais e até físicos. Isso porque o fazer uma horta não é somente isso, mas é se preparar, aprender, conversar sobre isso e, quando ela está pronta, manusear e cuidar com muita dedicação. Confira agora os benefícios de uma terapia tão simples e eficaz como a hortoterapia!
■Benefícios cognitivos
No campo cognitivo, a hortoterapia estimula o melhor funcionamento do cérebro, pois cria uma rotina. Mas não é qualquer rotina, mas sim uma em que o paciente sinta prazer em executar, disciplinando de forma conciliadora e gentil.
Dessa forma, ela auxilia na capacidade de memorização, estruturando pensamentos mais concisos e coesos. Foca muito na capacidade de concentração e na atenção, sendo visíveis nas primeiras semanas. Além disso, condiciona no cumprimento de metas, o que é de grande valia dentro do tratamento.
■Benefícios psicológicos
Os benefícios no campo psicológico são muitos, já que a hortoterapia deixa a pessoa mais relaxada, fazendo com que a estabilidade possibilite o aprendizado de uma série de outras habilidades, além de promover o autocontrole, o que, em grande parte dos casos, é importante para a qualidade de vida em sociedade do paciente.
Além disso, ela melhora o humor, reduz drasticamente as crises de ansiedade e ataques de pânicos, controla estresse, auxilia para o aumento de autoestima, dá suporte no controle da depressão e também traz um conforto social maior.
■Benefícios sociais
Promovendo benefícios também para a sociabilidade do paciente, a hortoterapia promove a interação e o trabalho em equipe, o que os ajuda a criar uma conexão, já que, muitas vezes, uma pessoa tem dificuldade em fazer amizade por não conseguir puxar um assunto ou não achar nada em comum com o outro, mas a horta é o assunto em comum, abrindo margem para o estreitamento de laços.
Além disso, as relações geradas dentro de hortoterapia são mais saudáveis, pois os pacientes são ensinados a respeitar o espaço do outro, a ouvir e a falar apenas quando o outro quer escutar. O trabalho em equipe também é favorecido nessa dinâmica, pois grande parte dos trabalhos é realizado no coletivo.
■Benefícios físicos
Como um acréscimo, a hortoterapia auxilia também no funcionamento físico do corpo, já que o contato com a terra estimula a produção de anticorpos, que ajudam no aumento exponencial da imunidade. Com a diminuição do estresse, esse tipo de terapia ajuda no controle de doenças cardíacas.
A hortoterapia também ajuda no desenvolvimento de habilidades motoras, as finas, que são as mais delicadas, e também com as grossas, as que exigem mais sincronização. A noção espacial também é aumentada, auxiliando assim, na coordenação de movimentos precisos.
Outras terapias alternativas benéficas à saúde mental
A hortoterapia é incrível pelos benefícios que traz para a vida de quem a pratica, mas não é a única alternativa para quem quer diminuir a medicação ou até eliminá-la. Existe uma série de técnicas que trabalham com recreação e o poder de mente.
Confira algumas técnicas que podem ser alternativas para quem quer testar uma nova terapia ocupacional!
■Yoga
A famosa yoga é uma técnica que tem por objetivo trabalhar com o corpo e a mente simultaneamente. Com exercícios que envolvem concentração e também a movimentação do corpo, ela auxilia no bom funcionamento de ambos, melhorando quase que de forma instantânea algumas dores e aliviando o estresse.
Por conta desse alívio do estresse, a yoga é uma grande aliada quando falamos sobre tratamentos terapêuticos, já que promove uma circulação melhor de sangue, aumenta a capacidade de concentração, diminui a ansiedade, auxilia no autocontrole e ensina muito sobre lidar consigo mesmo e com os outros, já que algumas atividades são propostas em grupo.
■Meditação
A meditação é uma técnica milenar que visa equilibrar as emoções e restaurar a paz que habita em cada um de nós. Além disso, promove o alívio do estresse e da rotina acelerada, fomentando assim o bom fluxo sanguíneo e a capacidade cognitiva.
Conexão de mente corpo feita pela meditação é, sobretudo, espiritual, independentemente de cunho religioso, o que, por si só, promove uma melhoria instantânea na qualidade de vida de quem a pratica. A meditação, ainda tem uma fácil execução, o que pode ajudar quando falamos sobre muitos afazeres e pouco tempo.
■Acupuntura
A acupuntura é uma técnica chinesa bastante conhecida, sendo uma medicina alternativa que lida com o bem-estar através de pequenas e finas agulhas inseridas pelo corpo do paciente. A ideia é eliminar a tensão causada pelo desgaste diário dessa forma.
É importante ressaltar ainda que a técnica não é feita a esmo e nem tem o intuito de machucar, já que as partes onde as agulhas são inseridas foram estudadas previamente e possuem uma relação direta com outras várias áreas do corpo, fazendo uma grande conexão emocional e física com o paciente. É importante procurar um profissional de qualidade.
■Reflexologia
Quando falamos sobre medicina alternativa, a reflexologia é um grande exemplo do poder das pseudociências e como elas podem ser aplicáveis em nossa vida. A técnica consiste em, basicamente, estudar os pés, correlacionar cada área deles com uma parte do corpo e começar a fazer o tratamento.
Com massagens com cremes especiais e óleos, as massagens em pontos específicos do pé podem melhorar, e muito, a qualidade de vida dos pacientes, pois realmente promovem resultados nas áreas em correlação.
A hortoterapia pode ser praticada por qualquer pessoa?
A hortoterapia pode sim, ser praticada por qualquer pessoa, independente de idade, gênero ou capacidades motoras e cognitivas. De forma recreativa e orgânica, ela deve ser uma atividade para se exercer durante a rotina mesmo, sendo entendida mais como um hobby.
Os benefícios são incontáveis e a qualidade de vida melhora muito, porque, de forma simples e rápida, cuida do corpo, da mente e ainda desenvolve potencialidades do cérebro, que podem se aprimorar ainda mais ao longo do tempo.