O que é psicologia infantil?
A psicologia infantil é um ramo do campo psíquico que cuida exclusivamente das crianças. Nessa primeira etapa da vida, o cérebro se modifica mais do que em qualquer fase da vida e essa mudança constante é analisada nessa área da psicologia, para que esses processos possam ser catalogados e até entendidos de forma mais ampla.
Alguns de seus fundamentos mais básicos podem ser aplicados pelos próprios pais em conjunto com um psicólogo. Porém, quando falamos sobre algum tipo de atraso no desenvolvimento, é estritamente necessário que essa criança seja acompanhada de perto por um profissional para entender exatamente o que está acontecendo. Saiba tudo sobre psicologia infantil, neste artigo.
Significado de psicologia infantil
Como se trata de crianças e elas, normalmente pensam entre a realidade e a fantasia, já que usam de suas imaginações boa parte do tempo, a análise precisa ser feita de uma maneira diferenciada, fazendo com que todo simbolismo infantil possa significar algo. Confira agora como funciona esse campo da psicanálise e para quais crianças é recomendado!
■Definição de psicologia infantil
De forma geral, a psicologia infantil auxilia as crianças a lidar com suas próprias emoções e a entendê-las. Como estamos falando de alguém que está em desenvolvimento, é normal que não saibam o que está sentindo ou porque agem de tal forma. Muito pode ser parte normal do desenvolvimento, mas algumas coisas simplesmente são atípicas.
Com as ferramentas certas, o psicólogo infantil incentiva essa criança a exteriorizar, da maneira que sabe, seus sentimentos e, dessa forma, traçar um plano de ação. Essa exteriorização costuma ser feita de forma lúdica, com desenhos, colagens e até em pequenos teatrinhos. Essa é a forma mais fácil de acessar o subconsciente dos pequenos.
■Como funciona a psicologia infantil
Fazendo com que a criança fale, cante, interprete ou desenhe o que está sentindo, o psicólogo vai, aos poucos, traçando um diagnóstico e, dependendo de qual for, um tratamento específico. A criança, na maior parte dos casos, fica apenas com o profissional no recinto.
A ideia é que ela se sinta segura e, infelizmente, em muitos dos casos, os próprios adultos são a causa das inseguranças das crianças. Quando o psicólogo consegue tirar alguma informação substancial, ele tenta conversar sobre, puxando a criança para a realidade. Esse profissional é capacitado para entender os sinais que a criança pode exteriorizar.
■Como é a atuação do psicólogo infantil
Diferente de um psicólogo de adultos, que se reserva ao fato de não ser amigo de seu paciente, apenas alguém que está apto a ajudar; os psicólogos infantis assumem a postura totalmente contrária, tentando ficar o mais próximo daquela criança, incentivando-a a fazer o que gosta para que fale mais abertamente.
A postura que esse profissional assume é a de confidente e, normalmente, é elegida pela criança. Claro que os vínculos mais fortes são evitados. Mas, para que a criança fale, ela precisa estar em um ambiente que considere divertido e que goste de ir. A ideia é nunca agir forçosamente com os pequenos.
■Atuação da Terapia Cognitivo-Comportamental
Uma técnica bastante usada por psicólogos infantis é a terapia cognitivo-comportamental, que consiste na criação de cenários e sentimentos, para que a criança se expresse da forma que mais gosta: fantasiando e brincando, mesmo que falando sobre hábitos e atitudes reais.
A técnica em adultos é feita apontando comportamentos que se repetem e que são nocivos. O psicólogo promove o policiamento desses hábitos, fazendo com que vá mudando aos poucos. Porém, com as crianças, com essas situações ficcionais, ele vai estimular a criança a falar sobre seus comportamentos e como seria interessante fazer um pouco diferente. Ou ainda, buscam juntos uma solução.
Benefícios da psicologia infantil
Os benefícios desse tipo de tratamento são muitos, já que ele auxilia no entendimento dessa criança como ser pensante, além de resolver boa parte das questões criadas ainda na infância. A psicologia infantil pode ser muito importante em alguns acompanhamentos, como em caso de adoção ou perda de algum ente querido.
Confira agora os principais benefícios da terapia infantil e como elas podem auxiliar na vida adulta dessa criança!
■Alívio do sofrimento na criança
Muitas vezes, a criança começa a passar por um tratamento psicológico porque teve alguma mudança brusca de temperamento ou uma ruptura no desenvolvimento. A família pode saber a causa, como um luto, uma mudança na estrutura familiar ou até um abuso. Porém, em vários casos, os pais não fazem ideia do que aconteceu.
Nesse caso, a terapia entra para ajudar a criança a lidar com esse momento traumático e tirá-la desse espaço de agonia, já que a criança responde de maneira diferente a cada situação. Essa característica parte do cérebro em desenvolvimento. A terapia, para os pais, pode ser a luz no fim do túnel.
■Causas de comportamentos atípicos
Algumas crianças tendem, de acordo com o desenvolvimento, adquirir hábitos e manias atípicas, que não faziam parte das coisas que faziam e, de modo geral, tendem a ser nocivas com o passar do tempo. Alguns tiques, crises agressivas e até mesmo o costume de se machucar.
Nesses casos, o psicólogo tenta desenhar um cenário maior ao redor da criança, já que as causas para isso podem ser as mais variadas, como bullying ou a rejeição sentida pela chegada de um novo membro da família, por exemplo. Muitas vezes, é uma tarefa árdua chegar na causa, já que pode ser a combinação de vários elementos.
■Suporte no aprendizado da criança
Em cada país é pré-concebido um nível de desenvolvimento infantil. No Brasil, por exemplo, espera-se que a criança inicie o processo de alfabetização aos 6 anos de idade. Porém, cada criança tem um "funcionamento" único, sendo um pouco complicado essa noção de idade certa para aprender tais coisas.
E, para corrigir esse déficit, os psicólogos infantis atuam no auxílio do aprendizado de crianças que não conseguem acompanhar o desempenho da média. Muitas vezes, é só questão de tempo. Porém, há casos que é necessário um acompanhamento rigoroso, já que o déficit é causado por algo maior.
■Reforço a profissionais que atuam com criança
Também usado como um reforço na aprendizagem, ainda há um campo específico dentro da psicologia infantil, chamado de psicopedagogia, voltado exclusivamente para atender demandas de ensino na formação das crianças. Um psicopedagogo pode, muitas vezes, ser professor em escolas ou em salas especiais.
Essas salas estão presentes em grande parte das escolas e auxiliam no desenvolvimento de alunos que têm alguma dificuldade ou atraso de aprendizagem. As técnicas usadas para o ensino são mais lúdicas e criadas de forma individual para cada aluno, adequando-se assim ao nível educacional de cada criança. Sempre, claro, respeitando o tempo individual deles.
■Desenvolver estratégias para lidar consigo
Entender e lidar com os próprios sentimentos, principalmente neste período de desenvolvimento, pode ser um grande desafio para as crianças. Muitos dos comportamentos atípicos desenvolvidos na primeira infância podem, e têm, relação direta com não saber lidar consigo.
Para a criança, é muito complicado lidar com as emoções, porque ainda não sabem seus nomes e é muito abstrato explicar um sentimento para alguém. Como você explicaria a raiva para alguém que nunca sentiu? Esse é um desafio considerável que os psicólogos infantis enfrentam.
■Orientação direcionada aos pais
Engana-se quem pensa que esse processo é passado apenas pelas crianças, já que os pais devem ser orientados, também, sobre como lidar e continuar a evolução do quadro dessa criança. Isso porque muitos comportamentos exteriorizados pela criança são apenas reflexo de uma criação disfuncional, fazendo que a solução seja outra.
Além disso, os pais precisam estar trabalhando juntamente com os psicólogos infantis para continuar em casa, as técnicas usadas com a criança e, claro, observar os progressos do tratamento. Os pais e tutores, de modo geral, são parte imprescindível do tratamento e da futura alta médica.
■Recursos para a criança e para os familiares
No tratamento, o psicólogo infantil insere uma série de elementos no cotidiano da criança que, até aquele momento, não eram conhecidos. Dessa forma, a família e todo o entorno da criança precisa se habituar com novas atividades, que podem ser bem proveitosas para ser feita em família.
Cada processo é documentado e passado para o tutor responsável, assim como cada elemento. Por exemplo, um jogo ajuda na memorização da criança, os pais são avisados da utilidade e como deve ser jogado. Providenciam um e seguem o processo em casa. Uma espécie de lição de casa.
Em casos mais graves, como abusos, por exemplo, a família é orientada sobre como proceder em como, por exemplo, devem conversar sobre o assunto com a criança.
Sinais que apontam a necessidade da psicologia infantil
As crianças, muitas vezes, são indiferentes ao que sentem, por isso é fundamental que sejam observados de perto. Há alguns sinais que mostram que a criança não está bem psicologicamente e estar atento a isso pode ser decisivo na hora de tratar, já que quanto mais cedo o diagnóstico, mais rápido a assistência qualificada é dada.
Confira agora os principais sinais que as crianças apresentam quando não estão bem e como identificá-los!
■Introspecção e Isolamento
Para muitas crianças, o primeiro sinal de que algo não vai bem é o afastamento e até o isolamento completo. Como não sabem lidar com seus sentimentos, o isolamento é utilizado para se afastar de algo que faz mal ou que não sabe verbalizar completamente. Ele pode ser causado por vários fatores, sendo cada caso um caso.
Um divórcio, uma mudança abrupta na rotina, a perda de um ente querido, uma mudança de escola ou até uma agressão sofrida podem desencadear nesse tipo de comportamento. A rejeição também pode ser um fator nessa somatória. Fique atento se a criança está falando menos, perguntando menos ou se tornando evasiva quando questionada.
■Alterações de peso
Nem sempre a perda de peso se dá por algum problema físico. Muitas vezes, a criança está sofrendo com alguma desordem psíquica, que afeta seu peso. Repare se seu filho está perdendo peso e como está a rotina de alimentação dele. Está comendo menos? Recusa-se a almoçar ou a jantar?
Isso pode estar ligado com depressão infantil ou até mesmo com o bullying. Muitas crianças sofrem de pressão estética pelos próprios coleguinhas e, não sabendo muito bem como falar com os pais, param de comer. É um comportamento perigoso, porque uma criança é um ser em desenvolvimento e precisa de todos os nutrientes para se desenvolver bem.
■Dificuldade de concentração
Várias causas podem levar à perda significativa de concentração em uma criança. Pode ser, por exemplo, só uma mudança de rotina que ainda está sendo aceita pelas crianças. Ou, em casos mais graves, ser alguma síndrome ou doença psíquica que exige um tratamento com medicamentos e terapia.
De qualquer forma, é importante perceber esse comportamento e estar sempre alerta do que acontece com seu filho. Volte em lições simples, que ele tem prazer em fazer e faz rápido. Ele mostra o mesmo desempenho de antes? Demora mais para responder perguntas ou até mesmo o tempo de lição de casa aumentou? Esses são sinais de que algo pode não estar indo tão bem.
■Problemas com o sono
Crianças com rotina dormem bem. Pelo menos, essa é a ideia. E, quando algo as afeta psicologicamente, um dos primeiros sinais é através do sono. A criança passa a dormir menos ou ter um sono todo conturbado e recheado de pesadelos. Esse é um sinal importante de que é necessário procurar um profissional.
Há casos, também, de crianças que triplicam as horas de sono ou que passam o dia sonolentas, mesmo tendo dormido as horas recomendadas para cada faixa etária. Esse pode ser um sinal de depressão, por exemplo. É fundamental conversar e entender os sentimentos da criança, além de buscar, juntamente com um profissional, quais as causas disso.
■Agressividade
Não é normal uma criança ser ou se tornar agressiva. Muitas vezes, os pequenos começam a demonstrar essa agressividade com brincadeiras com os colegas, com os pais e até com os animais de estimação. Esse é um comportamento perigoso e, quase sempre, está atrelado a alguma situação atípica no cotidiano daquela criança.
A criança pode, por exemplo, estar sofrendo bullying na escola ou de algum familiar; ela pode estar sendo exposta à violência dentro de casa ou até mesmo sofrendo essas violências. Cada criança age de formas diferentes a situações parecidas, então a investigação é muito necessária para firmar um diagnóstico.
■Compulsões e obsessões
Compulsões e obsessões podem indicar que algo não está bem e que requer atenção. É normal, por exemplo, uma criança desenvolver fases, onde ela se apaixona por um determinado desenho animado e quer sua festa de aniversário temática dele, por exemplo. Porém, quando ela se torna obsessiva por coisas pouco usuais, como um objeto, é um sinal de alerta.
Além disso, as crianças podem desenvolver compulsões, sejam eles alimentares ou cognitivas, como fazer repetitivamente a mesma coisa, de forma exaustiva e em looping. Diante desse cenário, é fundamental que os pais busquem o acompanhamento de um profissional, porque esse novo "hábito" pode ser fuga de algo maior.
■Violência
A violência em uma criança é o indicativo de que algo está bem errado. Diferente da agressividade, que se mostra de maneira mais branda, seja em brincadeiras de mau gosto ou até mesmo em respostas 'mal-educadas', a violência é realmente preocupante, porque causa vários problemas em cadeia.
Uma criança violenta é uma criança que deixa de ser querida em espaços sociais por coleguinhas, professores e até familiares. Isso causa o isolamento da criança, gerando a revolta, que leva a mais violência, fazendo um círculo eterno de disfuncionalidade, sendo comprometedor no desenvolvimento da criança.
■Tristeza
A tristeza também pode ser um sinal de que algo não está bem com aquela criança. Normalmente, uma criança é falante e feliz, embora chore com mais frequência que um adulto. Quando uma criança assume uma postura de tristeza diante de qualquer situação, é importante procurar ajuda profissional.
As causas podem ser muitas, como perda, abandono ou até a preocupação por coisas que acometem os adultos. É importante garantir que crianças sejam crianças, independente de qualquer coisa. A depressão infantil é mais comum do que se pensa e, infelizmente, é muito presente nas crianças brasileiras.
■Dificuldade para fazer amigos
Quando uma criança tem dificuldade em fazer amigos, é importante procurar ajuda profissional, já que essa é toda a estrutura social daquela criança e como ela se comporta no mundo. Os primeiros amigos são algo importante para que aquela criança se desenvolva com segurança.
Normalmente, as causas dessa dificuldade são mais voltadas para a estrutura familiar. O pouco convívio com outras crianças nos primeiros anos de vida podem ser um fator, por exemplo. Uma criança que convive com outras 4 crianças da mesma faixa etária desde o início de sua vida é mais predisposta a fazer amizades que uma que viveu rodeada de adultos.
■Medo excessivo
O medo é muito importante para o desenvolvimento de uma criança, já que, na falta de discernimento sobre as coisas, o medo a auxilia a não entrar em situações que a colocam em risco, como descer uma escada ou mexer no aspirador de pó. Esse é o medo normal.
Porém, quando a criança começa apresentar medo de muita coisa, sempre dependendo dos pais ou tutores para realizar tarefas simples, é um sinal de alerta para que se busque a ajuda profissional de um psicólogo infantil. O medo em demasia pode ser a exteriorização de várias coisas, inclusive de abuso sexual.
Há limite de idade para procurar a psicologia infantil?
Cada caso é um caso, porém, depois dos 18 anos, o psicólogo normalmente o encaminhará para um terapeuta convencional. Porém, vale dizer que a mente nem sempre acompanha a idade do corpo, então há casos de que um psicólogo acompanha a criança até que ela entre na vida adulta.
Na dúvida, consulte um terapeuta infantil e, caso ele diga que esta não é a faixa etária do seu filho ou a necessidade dele, ele mesmo fará um encaminhamento para um profissional que atenda essa demanda.
Não há, também, uma idade mínima para o início do tratamento. Há crianças que começam seus acompanhamento com meses de vida e ele dura até a adolescência. O importante é buscar pelo acompanhamentos, o resto é feito depois que os psicólogos já entendem o caso.