O que é a espinheira-santa?
A espinheira-santa é uma planta muito conhecida pela medicina popular e reconhecida cientificamente como uma erva medicinal capaz de auxiliar no tratamento de diversas doenças, principalmente do estômago e do intestino. Isso, graças a inúmeras propriedades que atuam como um protetor gástrico, cicatrizante, anti-inflamatório, antiespasmódico e antibacteriano.
Por essa razão, a espinheira-santa se tornou uma das plantas medicinais mais estudadas e hoje, é possível encontrá-la em diversas composições farmacológicas. No entanto, o chá feito com as folhas secas e as raízes é a forma mais comum de consumo.
Neste artigo, serão aprofundados os seus fundamentos, como a sua origem e composição, além de apresentar os diversos benefícios para a saúde. Aprenda também como usar a espinheira-santa e os cuidados necessários, pois apesar de natural, o consumo indiscriminado dessa erva pode causar alguns efeitos desagradáveis. Para saber tudo sobre essa erva milagrosa, leia este artigo.
Significado da espinheira-santa
Nativa do Brasil, a espinheira-santa é uma planta medicinal popularmente conhecida por combater doenças digestivas e tratar lesões da pele. Contudo, é preciso entender a sua história, como, por exemplo, a sua origem e composição que a tornaram um remédio natural poderoso e muito eficaz para a nossa saúde.
Confira a seguir, tudo sobre essa planta que também é conhecida como salva-vidas, espinho-de-deus, erva cancerosa, entre outras. Saiba mais, abaixo.
■Composição da espinheira-santa
A composição da espinheira-santa é muito rica e não é à toa que a planta recebe esse nome, pois ela contém taninos, que atuam no organismo com efeito analgésico e antisséptico. Além de ácidos tônico e silícico que também agem como um cicatrizante eficaz na cura de feridas estomacais e em lesões na pele, provocadas por eczemas e acnes, por exemplo.
Também são substâncias presentes na planta o fridenelol, um óleo essencial que funciona como um protetor gástrico, e a epigalocatequina, um antioxidante que auxilia na cicatrização de úlceras e na redução do suco gástrico, no estômago.
■Origem da espinheira-santa
A espinheira-santa é oriunda do Brasil, contudo não há um consenso sobre a sua origem exata. Acredita-se que a planta surgiu no Paraná, sobretudo, pela espécie se adequar bem em matas ciliares, ou seja, florestas ou sub-bosques que nascem às margens de rios.
No entanto, foi somente nos anos 90 que a espinheira-santa passou a ser extraída e estudada cientificamente. Desde então, o seu cultivo se estendeu pelo país e ela pode ser encontrada com mais facilidade no sul, centro-oeste e sudeste.
■Da família Celastraceae
As plantas da família Celastraceae englobam cerca de 98 gêneros e mais de 1.000 espécies de plantas herbáceas, arbustos, lianas e árvores geralmente de pequeno porte, sendo encontradas em florestas tropicais e subtropicais. Contudo, os gêneros mais comuns de serem encontrados, principalmente no Brasil são Maytenus, Celastrus e Euonymus.
Como é o caso da espinheira-santa, que pertence à classe Maytenus e recebe o nome científico de Maytenus ilicifolia. Com ampla distribuição pelas florestas brasileiras, ela é popularmente conhecida por seu uso medicinal e amplamente estudada e utilizada pela indústria farmacêutica.
■Também conhecida
Por ser cultivada em vários estados brasileiros, a planta espinheira-santa recebeu diversos nomes, principalmente dados pelos índios, que acreditavam ser uma erva milagrosa e posteriormente o seu reconhecimento se estendeu por todo o país.
Sendo assim, a espinheira-santa é também conhecida como cancorosa, cancorosa-de-sete-espinhos, cancerosa, cancrosa, coromilho-do-campo, erva-cancerosa, cangorça, espinheira-divina, limãozinho, espinho-de-deus, maiteno, pau-josé, salva-vidas, sombra-de-touro e marteno.
■Medicina popular
Na medicina popular, a espinheira-santa é muito utilizada, principalmente pelas tribos indígenas. E recebeu esse nome por ter folhas que parecem espinhos e ser considerada “um santo remédio”. O seu uso, no entanto, tinha a finalidade de tratar tumores e, por essa razão, em alguns lugares, essa planta é conhecida como erva-cancerosa.
Entretanto, a erva se tornou bastante conhecida por tratar doenças do sistema digestivo, como, por exemplo, feridas estomacais causadas por úlceras, gastrite, além de aliviar dores, em caso de má digestão. Logo, o chá feito com as folhas, casca e raízes se tornou popular e já foi comprovada a sua eficácia em diversas outras comorbidades.
■Sua árvore
A espinheira-santa é cultivada em solos úmidos e argilosos. Sua árvore costuma ramificar desde a sua base, produzindo pequenos frutos vermelhos e pode chegar até 5 metros de altura.
O seu plantio, geralmente ocorre em locais de clima tropical, com temperatura variando entre 20º C a 30º C. Além disso, ela tende a se desenvolver bem em matas mais abertas e se adapta à exposição direta ao sol.
Contudo, o plantio da espinheira-santa é lento, podendo levar de 4 a 6 anos. A sua colheita, geralmente é feita no início da primeira, onde a planta deve ter, pelo menos, 50 centímetros. Para garantir que a planta nasça todos os anos, a poda deve ser feita acima da ramificação e na metade de sua copa.
Benefícios da espinheira-santa
Muito conhecida pela medicina popular e comprovada cientificamente, a espinheira-santa possui inúmeros benefícios para a saúde, combatendo doenças principalmente relacionadas ao estômago e intestino. Além disso, ela se mostrou eficaz no tratamento contra o câncer, e também é um excelente cicatrizante natural, melhorando a aparência da pele, seja devido a acne ou lesões mais graves.
Para entender melhor os benefícios da espinheira-santa, listamos abaixo as principais enfermidades para as quais essa erva pode ser de grande ajuda e proporcionar qualidade vida. Continue a leitura.
■Combate problemas de estômago
A espinheira-santa contém diversas substâncias anti-inflamatórias, antioxidantes e analgésicas que combatem problemas de estômago. Essas propriedades atuam como um protetor gástrico, além de tratar a gastrite, azia, úlceras e má digestão.
Além disso, a espinheira-santa ajuda a diminuir a produção do ácido no estômago, aliviando a queimação e a dor estomacal, muitas vezes, provocadas por uma alimentação desbalanceada. Portanto, é de extrema importância que a espinheira-santa seja utilizada em conjunto com práticas saudáveis, para assim, evitar o surgimento de doenças que possam se agravar com o tempo.
■Auxiliar no tratamento do câncer
Ainda em estudos, a espinheira-santa apresentou bons resultados para auxiliar no tratamento do câncer, principalmente, localizados no pulmão, fígado e mama. Presente na composição da planta, a triterpenoide pristimerina ajuda a diminuir a proliferação das células cancerígenas no organismo.
No entanto, é imprescindível que a interação da espinheira-santa com o tratamento para o câncer seja feita sob supervisão médica. Em hipótese alguma a medicação deve ser interrompida para fazer uso somente da planta. Além disso, é preciso analisar as condições clínicas do paciente, pois a erva pode potencializar doenças crônicas, como, cardíacas e renais.
■Melhorar o funcionamento intestinal
A prisão de ventre é um mal que pode acometer crianças e adultos devido aos efeitos colaterais de medicamentos, falta de ingestão de fibras, proteínas e líquidos. Ademais, o sedentarismo também pode agravar a constipação intestinal.
Sendo assim, para quem tem dificuldade de evacuar, consumir a espinheira-santa, seja em forma de chá, cápsula ou extrato fluido pode melhorar o funcionamento intestinal. Isso acontece graças à mucilagem, uma enzima que atua no organismo como um laxante natural.
■Combater o H. pylori
O H. pylori é uma bactéria que afeta a mucosa intestinal e estomacal, gerando inflamação e os sintomas mais comuns são: fortes dores no estômago, gastrite, evoluindo na formação de úlceras e até câncer.
Por conter ação antibacteriana, a espinheira-santa é muito útil para combater o H. pylori e assim, diminuir o desconforto causado por essa bactéria que se aloja no intestino e no estômago.
■Tem ação diurética
Devido à presença de triterpeno, uma substância presente na espinheira-santa, ele tem ação diurética, ajudando no tratamento de doenças do sistema urinário, pois aumenta a produção de urina, eliminando a retenção de líquido e as impurezas que causam infecções.
Contudo, não consuma a planta em grande quantidade, pois eliminar líquidos demais tende a levar à perda de minerais indispensáveis para o funcionamento do organismo, além de provocar um quadro de desidratação.
■Ajudar na cicatrização da pele
Além dos inúmeros benefícios para o organismo, a espinheira santa também pode ajudar na cicatrização da pele, pois ela contém propriedades antibacterianas e analgésicas. Logo, essa planta atua em lesões, melhorando a aparência de cicatrizes, eczemas e acne.
No entanto, antes de começar a fazer compressas com o chá da espinheira-santa, é importante consultar um médico ou se já tiver predisposição para desenvolver alergias, evite o uso da planta.
■ Combater infecções bacterianas
Analisada em laboratório, a espinheira-santa mostrou-se eficaz no combate a infecções bacterianas, graças às substâncias antimicrobianas, como a friedelina e maitenina. Essas propriedades ajudam no tratamento de doenças pulmonares, causadas pela bactéria Staphylococcus aureus, que também pode afetar a pele e os ossos.
Da mesma forma, essa planta ajuda a tratar outras duas bactérias que podem afetar o sistema urinário, gengivas e pele, são: Streptococcus sp. e Escherichia coli. Além disso, a espinheira-santa pode agir contra o fungo Aspergillus nigricans, que provoca aspergilose, uma doença respiratória que se desenvolve ao inalar o fungo.
■Alivia os gases
Os gases são, muitas vezes, provocados pelo consumo de alimentos que podem provocar irritação ou, até mesmo, a inflamação no intestino, como é o caso da ingestão do glúten e da lactose. Logo, a má absorção no organismo aumenta os gases, causando dores e desconforto, se não eliminados.
Sendo assim, a espinheira-santa pode ser de grande ajuda, pois ela contém ação antisséptica e carminativa, eliminando a fermentação gastrointestinal e consecutivamente, a produção de gases. Contudo, é de extrema importância seguir uma dieta balanceada, além, claro, de identificar através de exames, se há alguma intolerância alimentar.
Como usar a espinheira-santa
O chá feito com as folhas secas, cascas e raízes da espinheira-santa geralmente, é a forma mais comum de consumo. No entanto, hoje, já é possível encontrar em farmácias, cápsulas e extrato fluido dessa erva, porém é importante fazer o seu uso corretamente para não trazer malefícios para a saúde.
Outra possibilidade de uso são compressas feitas para tratar acne e feridas na pele. Neste tópico, aprenda como usar a espinheira-santa desde o preparo do chá até o jeito certo de fazer compressas com a erva. Confira a seguir.
■Receita de chá de espinheira-santa
Para obter todas as propriedades da planta espinheira-santa, opte por fazer o chá com as folhas desidratadas. Faça a infusão com os seguintes ingredientes:
- 1 colher de chá de espinheira-santa (folhas secas);
- 250ml de água.
Modo de preparo:
Em uma panela coloque a água e a espinheira-santa, e ao levantar fervura, aguarde de 3 a 5 minutos. Desligue o fogo, tampe e deixe em infusão por mais 15 minutos. O chá pode ser consumido até 3 vezes ao dia. Contudo, nas refeições principais, beba, pelo menos 30 minutos antes.
■Cápsulas de espinheira-santa
A espinheira-santa também pode ser encontrada através de cápsulas que contêm o extrato seco da planta. A dosagem é em torno de 380mg a 500mg, e podem ser ingeridas até duas cápsulas, 3 vezes ao dia, respeitando um intervalo de 8 horas, antes das refeições principais. Além disso, ao fazer o uso da cápsula de espinheira-santa, evite mastigá-la ou abri-la.
■ Extrato fluido de espinheira-santa
Outra opção de consumir a espinheira-santa é na forma de extrato fluido. O seu uso geralmente é recomendado nos casos de pessoas que possuem alguma reação alérgica ao chá. Logo, para usar o extrato é preciso diluir cerca de 200 ml de água em 15 a 20 gotas e beber até 3 vezes ao dia, depois das refeições principais ou de acordo com a orientação médica.
■Compressas de espinheira-santa
A compressa é muito utilizada para amenizar lesões, dores musculares, hematomas, entre outros problemas externos. Com alto poder cicatrizante e analgésico, as compressas de espinheira-santa são excelentes para tratar feridas, acnes, eczemas ou diminuir cicatrizes. Para isso, basta fazer o chá da planta e aplicar no local afetado.
Sendo assim, ferva 150ml de água e acrescente uma colher de chá de espinheira-santa, deixe apurar 15 minutos. Espere ficar em uma temperatura agradável e, então, aplique o preparado sobre o local afetado. O uso pode ser feito todos os dias e não há contraindicações.
Cuidados e contraindicações
A espinheira-santa, apesar de trazer inúmeros benefícios para saúde, requer alguns cuidados, além de ser contraindicada, em alguns casos. Por isso, o mais indicado é que, antes de consumir essa planta, um médico ou um fitoterapeuta seja consultado, sobretudo se já estiver fazendo tratamento com medicação. Além disso, o consumo em excesso pode trazer sérios efeitos colaterais. Saiba mais a seguir.
■Efeitos colaterais
Os efeitos colaterais mais comuns ao fazer uso da espinheira-santa são: náusea, boca seca, cefaleia, paladar alterado, letargia e dores gastrointestinais. Isso se dá devido ao uso excessivo da planta e de não seguir a recomendação correta, principalmente, a de não consumir essa erva por mais de 6 meses.
Ademais, a espinheira-santa pode provocar alergia. Por isso, é fundamental, antes de fazer de ingerir ou fazer compressa, procurar um médico ou um fitoterapeuta para orientar e analisar, de forma segura, se não ocorrerá alguma reação.
■Quem não pode
A espinheira-santa é contraindicada em casos de gravidez e para pessoas que estão em tratamento para infertilidade, pois contém propriedades abortivas, além de causar contrações uterinas. Ademais, não é recomendado às mulheres que estejam amamentando, pois há ativos que reduzem a produção do leite materno. Crianças menores de 12 anos também não devem fazer a ingestão da espinheira-santa.
É importante ressaltar que existem duas espécies de plantas que podem ser facilmente confundidas com a espinheira-santa, são elas: Mata-olho (Sorocea bonplandii) e a conhecida como a falsa espinheira-santa (Zollernia ilicifolia). A ingestão dessas plantas pode ser prejudicial à saúde.
Espinheira-santa é apenas para fins medicinais?
Apesar de ser popular por seus fins medicinais, o cultivo da espinheira-santa é indicado para compor o sistema agroflorestal, um sistema que tem como objetivo plantar em uma mesma área espécies agrícolas e florestais, visando a sustentabilidade da natureza. Dessa forma, são plantadas ervas medicinais, frutos, grãos e fibra em conjunto com a mata nativa, sem que a floresta seja devastada para a comercialização.
Logo, além da fazer bem para a natureza, com a extração consciente das folhas da espinheira-santa, é possível gerar renda e assim, movimentar a economia, não só para uso medicinal, como também, comercializá-la para ornamentar jardins e integrar projetos de paisagismo.
Agora que você já sabe tudo sobre esse santo remédio, esperamos que faça um bom uso da espinheira-santa, com consciência, sobretudo para a sua saúde. Como vimos, ela pode ser milagrosa, mas em excesso essa erva tende a causar efeitos desagradáveis. Por isso, antes de fazer uso de qualquer erva medicinal, sempre consulte um médico.