Significado geral do Yule para Wicca
O Yule é o festival em que o solstício de inverno é celebrado. Nesse dia o inverno chega ao seu ápice e, com isso, tem-se a noite mais escura do ano. A partir dessa data, a Roda do Ano passa a girar rumo à metade mais clara do ano, com a promessa de que o sol brilhará e que dias mais claros, quentes e longos virão.
Na Wicca, o Yule marca um ponto importante de sua cosmologia, já que é nessa data que o Deus Sol, chamado de a Criança da Promessa, nasce a partir da Deusa. Com isso, pouco a pouco o inverno começa a ser afastado do planeta, migrando, assim, para a outra metade do globo terrestre.
Neste artigo, apresentamos os segredos desse festival, apresentando suas característica e tradições, além de apontar suas origens. Mostramos também, dicas de como celebrá-lo, bem como um ritual que pode ser praticado por você nessa época do ano. Confira.
Yule, sua origem, tradição e simbologia
O Yule é celebrado durante o solstício de inverno, ou seja, o primeiro dia do inverno de acordo com o calendário astronômico. Como consequência, sua data ocorre em meses diferentes, a depender do hemisfério em que você está. Entenda sua origem, simbologia, bem como suas tradições, a seguir.
■O que é Yule
Yule é um festival de origem pagã, que ainda é celebrado por religiões e cultos neopagãos ao redor do mundo. De acordo com a Wicca, uma forma de bruxaria moderna, o Yule marca o ponto de celebração do retorno do sol.
De acordo com a tradição, após ter padecido em Samhain, o Deus do Sol renasce através da Deusa, em sua forma de Criança da Promessa. Seu nascimento traz consigo a lembrança de que a luz sempre voltará para triunfar sobre a escuridão e que, em breve, os dias serão mais ensolarados novamente.
Nessa época, é comum decorar a casa com galhos de pinheiros ou outras árvores perenes, já que elas permanecem verdes até mesmo durante o frio do inverno, simbolizando a vida que resiste. Objetos como guirlandas decoram os lares e fogueiras são acesas para representar o calor do sol.
Além disso, é comum presentear os entes queridos durante solstício de inverno. Isto soa familiar para você, não? Descubra o porquê, a seguir.
■Origem do Yule
Para traçarmos a origem histórica do Yule, é preciso viajar para a parte germânica da Europa há mais de mil anos. Celebrado há muito tempo pelos povos germânicos, o solstício de inverno era conhecido por Jul, um período de festejo e alegria.
A partir das celebrações germânicas, começou a se criar o hábito de decorar árvores e fazer o tronco de Yule, cujas origens e simbologias serão descritas ainda neste artigo. Na tradição germânica, o Yule era celebrado durante 12 dias, por volta do solstício de inverno entre os meses de dezembro e janeiro.
No entanto, esse solstício é um tema de rituais e celebrações que ocorriam basicamente em todas as partas da Europa, pois romanos, gregos e os celtas também o celebravam.
Na tentativa de cristianizar os chamados povos pagãos, a partir do século 10, o Yule passou a ser absorvido e sincretizado pela Igreja Católica, que manteve muitos dos costumes que vemos hoje no Natal, adaptando-os para a realidade cristã.
■A tradição e o significado do Yule
Yule é um período de celebração. Com a chegada da noite mais longa do ano, a escuridão alcançou o seu ápice e, a partir de então, começará a dar espaço para dias com mais luz. O retorno da luz não é percebido apenas com a presença do sol e de dias mais claro: esse conceito se expande para diferentes áreas da vida.
Muitas tradições do Yule são de origem germânica, mas, no caso da Wicca, acredita-se que a mitologia celta também é essencial para compreender essa época do ano.
De acordo com o mito, no Meio de Inverno há a batalha entre o Rei do Carvalho, representante da luz do novo ano, e o Rei do Azevinho, o símbolo da Escuridão. Após batalharem entre si, o Rei do Carvalho sai vitorioso, garantido dias mais claros e temperaturas mais altas ao longo do ano.
■Diferenças no Hemisfério Norte e Sul
O Yule possui diferenças significantes a depender do hemisfério. Por depender da ocorrência de estações, ele ocorre datas distintas. No hemisfério norte, Yule é celebrado próximo ao Natal, enquanto no hemisfério sul ele ocorre aproximadamente no dia 21 de junho.
Em muitas regiões do hemisfério norte, o Yule é um período de escassez e de frio, permeado pela neve e escuridão. No hemisfério sul, embora as temperaturas fiquem mais baixas, não se percebe com a mesma intensidade as mudanças na natureza e parte da cosmologia pagã do hemisfério norte. Por isso, preste atenção na natureza ao seu redor e pratique esse ritual se inspirando nela.
■Simbologia e associação da celebração pagã
A simbologia da celebração do Yule parte da crença do renascimento do sol neste dia. Durante os dias mais frios do inverno, a presença da luz solar é muito escassa em muitas regiões da Europa e da América do Norte.
Por isso, essa data é muito significativa para os povos dessas regiões, simbolizando a vida que em breve acordará do sono. Grande parte da simbologia que vemos no Natal tem origem nesse festival, que originalmente também marcava o nascimento de uma criança divina.
Yule e o Solstício de Inverno
O Yule é um festival que ocorre durante o solstício de inverno. Entenda qual o significado do solstício e sua relação com as energias deste período a seguir.
■A origem da palavra Solstício
A palavra solstício se origina do latim ‘solstitium’, composto das palavras ‘sol’ (sol) e ‘sistere’ (ficar parado), se referindo ao momento em que o sol parece alcançar a parte mais ao norte ou mais ao sul de seu percurso celeste.
Em cada solstício, acontece o período em que se tem mais tempo de luz solar (conhecido por solstício de verão) ou menos tempo de luz solar (no caso do solstício de inverno).
■Solstício de inverno e continuação da vida
Por acontecer no dia mais curto do ano, o solstício de inverno aponta para o período em que, aos poucos, os dias se tornarão mais longos e, consequentemente, as noites serão mais curtas.
Em breve, a primavera acontecerá e o frio do inverno será rompido pela vida que voltará a brotar. Por isso, o solstício de inverno é tão importante, já que a vida continuará.
■Desbloqueio e cura no solstício de inverno
Durante o solstício de inverno, existe uma energia ligada ao renascimento e ao nascimento que pairam no ar. Por isso, muitas culturas acreditavam que essa data é um período ideal para se curar e renovar as energias.
■Fortalecimento para lidar com as dificuldades
Além de promover a cura, o Yule é uma época para lidar com as dificuldades trazidas pelas temperaturas mais baixas. Por isso, é um momento ideal para promover renovação energética e fortalecer o seu corpo.
O ritual de Yule e seus materiais
Celebrar o Yule é uma maneira de se conectar com os ciclos da natureza. Por isso, mostramos nesta seção dicas de como celebrar a data, decorando sua casa com seus símbolos. Além disso, apesentamos um ritual simples que pode ser praticado para honrar esse dia. Confira.
■A Tora de Yule
A Tora de Yule se origina nas celebrações pré-cristãs do norte da Europa. Consistindo num pedaço de um tronco ou galho de uma árvore, a Tora de Yule era mantida na lareira para ser queimada no décimo segundo dia de celebração do festival de inverno. Parte dela era guardada para acender o fogo da lareira e queimar a próxima tora no ano seguinte.
Na Wicca, ela simboliza o Deus Sol que renasceu, e funciona como uma espécie de amuleto de proteção para a casa. Tradicionalmente feito de carvalho, o tronco de Yule é decorado com velas e fitas nas cores deste festival: vermelho, verde e dourado.
Ela deve ser queimada no ano seguinte, quando será feita uma nova tora. Essa prática pode ser um ritual simples para decorar a sua casa e alinhar a sua vida com a energia do inverno.
■A Árvore de Yule
A árvore do Yule é um costume absorvido pelo Natal cristão. Simbolizando a vida e a volta da primavera, ela deve ser uma árvore natural, preferivelmente conífera, que será decorada com temas do festival. Árvores coníferas como o pinheiro simbolizam a esperança de que o frio será rompido e que, em breve, tudo aquilo que padeceu no inverno poderá renascer novamente.
Você pode decorar a sua árvore e deixá-la no centro da sua casa. Lembre-se que o Yule acontece em junho no hemisfério sul.
■O ritual principal de Yule
Para realizar o ritual de Yule, trace um círculo ao seu redor. No centro do círculo, deixe um pequeno caldeirão ou recipiente à prova de fogo e fixe uma vela amarela nele, representando o sol.
Então, continue montando seu altar em torno do caldeirão: deixe um cristal de citrino e um prato com folhas de louro e alguns cravos-da-Índia no Norte, uma vela vermelha no Sul, incenso de olíbano ou mirra no Leste e uma taça com água, vinha ou suco no lado Oeste.
Então, acenda o incenso e a vela vermelha enquanto diz:
"Acendo a chama do Fogo Sul
Dissipo o Ar do Leste
Chamo a energia da Terra do Norte
E a Água do Oeste."
Então, chame pelo Deus Sol, enquanto acende a vela amarela no seu caldeirão:
"Chamo pelo Deus do Sol,
Com chama desta vela
Assim como esta Luz rompe a escuridão,
Assim fará o som, tornando a vida mais bela.
Pois hoje é Yule e nasceu a Criança da Promessa."
Então, concentre-se, enquanto pensa em todas as coisas que você deseja atrair. Finalmente, pegue uma folha de louro e escreva nela o seu desejo. Pegue um ou dois cravos-da-índia e ponha-os sobre a folha, enrolando como se fosse uma trouxinha. Então, queime na chama da vela dentro do caldeirão.
Beba um pouco do líquido na sua taça e medite. Agradeça a presença do Deus e desfaça o círculo.
A Roda do Ano Wicca e os demais festivais celebrados
A Roda do Ano faz parte da cosmologia da religião Wicca e marca a mudança das estações do ano e a relação do Deus Cornífero e da Deusa.
Ao todo, são 8 festivais conhecido por Sabbaths, os quais divididos em dois grandes grupos: Sabbaths Maiores (Lammas, Samhaim, Imbolc e Beltane) e Sabbaths Menores (Mabon, Yule, Ostara e Litha). Conheça seus principais significados abaixo.
■O que é a Roda do Ano
A Roda do Ano é um conjunto de 8 festivais sazonais que compõem a cosmologia de religiões neopagãs. Na Wicca, uma religião contemporânea baseada no reavivamento da Bruxaria segundo os ensinamentos de Gerald Gardner, chamam-se os 8 festivais sazonais de Sabbaths.
Eles marcam os ciclos da natureza de acordo com a relação entre a Deusa, o princípio feminino, e o Deus Cornífero, o princípio masculino. É justamente com essa união sagrada que tudo é gerado e, com isso, os ciclos das estações são demarcados e percebidos.
A Roda do Ano é dividida em dois grupos de 4 festivais: os Sabbaths Maiores, inspirados nos festivais celtas celebrados e com datas fixas, e os Sabbaths Menores que ocorrem nos momentos em que as estações começam, períodos estes sem datas fixas e conhecidos por solstícios e equinócios.
■Os festivais para pagãos, bruxos, wiccanos, druidas e celtas
Os festivais que compõem a chamada Roda do Ano compreendem parte do calendário de celebrações de muitos praticantes de religiões neopagãs. Ao todo, os rituais solares são 8 festivais, que acontecem na seguinte ordem: Samhain, Yule, Imbolc, Ostara, Beltane, Litha e Lammas. Entenda os seus significados, a seguir.
■Samhain
Samhain é um Sabbath Maior. Esse festival marca a morte do Deus Cornífero, momento em que os dias passam a ser mais escuros, já que o sol nasce cada vez mais tarde e se põe cada vez mais cedo, período conhecido como a metade mais escura do ano.
No Samhaim, celebram-se os antepassados e nesse dia, acredita-se que o véu e o portal entre os mundos estão mais tênues. Consequentemente, os espíritos estão livres para caminhar na Terra entre os vivos durante a noite dessa data.
No hemisfério norte, Samhain é conhecido popularmente como Halloween, que acontece no dia 31 de outubro, na véspera do Dia de Todos os Santos. No hemisfério sul, celebra-se o Samhain no dia 30 de abril.
■Imbolc
Imbolc é um dos quatro Sabbaths Maiores. Seu nome significa “dentro do ventre” em gaélico. Ele ocorre exatamente no ponto central entre o solstício de inverno e o equinócio da primavera e, por isso, sua data acontece no dia 31 de julho no hemisfério sul e 2 de fevereiro no hemisfério norte.
Imbolc é o Sabbath dos novos começos e seu folclore e suas tradições são ligados à deusa celta Brigid, senhora da fertilidade, poesia e do fogo. Nessa época, a Deusa ainda repousa sob a terra para se recuperar do parto do Deus e começa a mostrar os primeiros sinais de que a vida irá brotar novamente.
Parte de sua celebração antiga consistia em acender fogueiras e confeccionar uma boneca utilizando feixes de trigo e aveia para representar a deusa Brigid.
■Ostara
Ostara é o Sabbath menor que marca o início da Primavera. Nesse período, a Deusa está em seu aspecto de Donzela e passeia pela Terra, afugentando com o seu caminhar o frio do inverno e trazendo do sono as flores da primavera. Ostara é o momento de arar a terra para semeá-la.
Nesse dia, tanto a noite quanto o dia possuem a mesma duração sendo, portanto, um dia sagrado para o equilíbrio. No hemisfério norte, Ostara é celebrado aproximadamente no dia 21 de março, ao passo que no hemisfério sul, 23 de setembro é a data aproximada.
■Beltane
Beltane é um Sabbath Maior na Wicca. Nesse dia, o Verão se inicia de acordo com a antiga tradição, já que os dias se tornam cada vez mais claros e quentes. Durante Beltane, a Deusa encontra seu Consorte, o Deus Cornífero para, a partir dessa união, gerar um filho que trará a promessa de luz durante o solstício de inverno.
Ritos tradicionais de Beltane envolvem a fertilidade. Tradicionalmente, ergue-se um Mastro de Beltane, ao redor do qual uma dança mágica é performada. Além disso, há a escolha e coroação da Rainha De Maio. No hemisfério norte, Beltane é celebrado no dia 30 de maio, ao passo que a sua data no hemisfério sul é o dia 31 de outubro.
■Litha
Litha é o Sabbath Menor que marca o solstício de verão. Nesse festival, chega-se ao ponto da Roda do Ano em que o verão alcançou o seu ápice, quando o sol está em seu ponto mais alto, fato este que torna esse dia o mais longo do ano. O Deus está no pico de sua masculinidade e a Deusa está grávida de seu filho. É um momento de alegria, abundância, fertilidade e celebração.
Contudo, à medida que o Verão chega ao ápice, a Roda do Ano continua a girar e, a partir de Litha, os dias ficarão mais curtos. Por isso, acende-se tradicionalmente fogueiras durante o Litha para representar o sol e seu esplendor. Litha é celebrado por volta do dia 21 de junho no hemisfério norte e 21 de dezembro no hemisfério sul.
■Lammas
Lammas é um dos quatro Sabbaths Maiores. Também chamado de Lughnasadh, esse festival marca o primeiro festival da Colheita na Wicca. Nesse período, os resultados do casamento sagrado da Deusa e do Deus são celebrados na forma dos frutos colhidos e na abundância da primeira colheita.
É momento de colher o que plantamos em Ostara e agradecer a riqueza e abundância típicas deste período. A Deusa se mostra como a Rainha dos Grãos e, por isso, o trigo e outros grãos fazem parte da simbologia deste Sabbath.
De acordo com a tradição, o pão de Lammas é preparado com os grãos da colheita como um ritual para atrair prosperidade. Lammas é celebrado no dia 01 de agosto no hemisfério norte e no dia 02 de fevereiro no hemisfério sul.
■Mabon
Mabon é a celebração do equinócio de outono. Considerado um Sabbath Menor, os festejos de Mabon marcam o segundo festival da colheita. É um momento de equilíbrio, pois, como acontece em todo equinócio, a Roda do Ano está centrada em um ponto em que o dia e a noite têm a mesma duração.
Após o equinócio de outono, a escuridão começa a ganhar força e os dias se tornam mais curtos e frios, uma vez que o Deus Cornífero está em sua fase moribunda. Nessa época, é comum colher frutas silvestres e preencher uma cornucópia, símbolo de abundância associado a esse período.
Ademais, Mabon traz consigo um período de reflexão sobre aquilo que foi concebido em Imbolc e plantado em Ostara, de modo a estabelecer qual a relação desses períodos com os frutos da presente colheita. Mabon é celebrado por volta do dia 21 de setembro no hemisfério norte e 21 de março no hemisfério sul.
Quais os benefícios de realizar o ritual principal do Yule para Wicca?
Ao realizar o rito de Yule, você estará se conectando com as energias desse período. Por ser uma época mais fria, marcada com dias mais escuros, celebrar esse dia traz consigo a lembrança de que a luz sempre retornará, independente de quão frio ou nebuloso o tempo lá fora pareça.
Além disso, celebrar o Yule te colocará em contato com os ciclos e os espíritos da natureza, relembrando os ecos das suas raízes ancestrais e honrando as tradições milenares que foram perpetuadas ao longo das eras.
Desta maneira, você será capaz de reconhecer o seu lado divino e ajudará a trazer o significado tão relevante dessa data para os dias atuais, com a promessa de dias mais calmos, iluminados e felizes.
Entusiasta dos saberes tradicionais e milenares, escreve sobre o tema nas horas vagas.