O que é empatia?
Nos últimos tempos, com um maior desenvolvimento da chamada Psicologia Positiva e a disseminação de conceitos que enaltecem a necessidade de se olhar mais para o próximo, o termo “empatia” ganhou bastante destaque.
A empatia, em termos gerais, é a capacidade psicológica de se pôr no lugar do outro, sentir o que o outro sente e, com isso, agir com maior benevolência, transformando a compaixão, sentimento que é gerado pela empatia, em atitudes de ajuda a alguém que eventualmente esteja precisando de socorro.
Nesse artigo nós destrinchamos todo o significado e implicações que a empatia pode ter na vida das pessoas. Vamos desde o significado basilar da palavra, até as suas consequências. Continue lendo e saiba tudo agora mesmo!
Significado de empatia
Para iniciarmos o nosso estudo da melhor maneira possível, temos cinco tópicos que vão descrever em detalhes o que de fato significa empatia.
Veja agora o significado da palavra, a sua origem, uma compreensão correta do termo e as diferenças e similaridades que existem entre empatia e simpatia, e empatia e compaixão. Confira!
■No dicionário
Segundo os dicionários de língua portuguesa, o termo empatia é um substantivo feminino que possui os seguintes significados:
“Faculdade de compreender emocionalmente um objeto (um quadro, por exemplo); ou capacidade de projetar a personalidade de alguém num objeto, de forma que este pareça como que impregnado dela”.
Apesar da descrição “fria” que os dicionários entregam à palavra, temos um vislumbre do real significado de ser empático que, segundo as simplificações dadas pelas pessoas, é a capacidade de “colocar-se no lugar do outro”, como dissemos na introdução.
■Origem da palavra
A palavra que em português brasileiro escreve-se e fala-se “empatia”, tem origem no termo grego “empathea”, que significa literalmente “paixão” ou “amor que queima”.
Essa constatação deixa claro que aqueles que citaram o termo pela primeira vez estavam apenas descrevendo o que de fato sentiram. Um “amor ardente” pelo próximo, depois de uma assimilação completa da realidade da outra pessoa e a consequente geração da compaixão.
■Compreensão
Para compreender de forma mais prática o termo e a manifestação da empatia no próprio ser, vamos imaginar um exemplo de situação em que a empatia aflora em um indivíduo.
Digamos que José está assistindo um jogo de futebol em um estádio. De repente, um homem negro que está ao seu lado começa a ser xingado com ofensas racistas. Imediatamente José conecta-se psicologicamente com aquele homem e se sente ofendido e humilhado juntamente com ele.
Essa reação que em um primeiro momento parece ser totalmente química é a empatia propriamente dita, e agora José está incomodado como se o ofendido fosse ele. A partir daí, possivelmente José terá desenvolvido sentimentos como a compaixão e ajudará aquele homem negro a sair daquela situação vexatória.
■Empatia e simpatia
A empatia é, como dissemos, uma atividade natural gerada pelas faculdades mentais que dá ao ser humano a capacidade de se colocar no lugar do outro, sentir o que o outro sente e então ajudar aquela pessoa a partir do entendimento da realidade alheia.
Já a simpatia é um sentimento e também a capacidade de se conectar emocionalmente com outras pessoas, a partir de pontos como afinidade, afeição, atração, parentesco, convergência de ideais e outros.
Podemos dizer que a empatia e a simpatia conversam entre si e que de alguma forma a empatia pode gerar simpatia e vice-versa.
■Empatia e compaixão
Ao falar de empatia e compaixão, estamos falando basicamente de causa e efeito. Todas as definições desses dois sentimentos os relacionam, colocando a empatia como fator causador da compaixão, quase como se fossem a mesma coisa.
Enquanto na empatia o ser humano consegue “entrar” na vida do outro, na compaixão as pessoas são banhadas por uma vontade de ajudar, de diminuir a dor alheia e até de sofrer no lugar da outra pessoa, principalmente se o outro for alguém a quem o empático ama muito.
Portanto, pode-se dizer que a empatia gera a compaixão e a compaixão gera o altruísmo, que é o termo designado para toda e qualquer ação de ajuda ao próximo, seja ela grande ou pequena.
Tipos de empatia
Para quem não sabe, a empatia possui três vertentes, que na verdade se conectam a um mesmo ramo. São elas: empatia cognitiva, emocional e compassiva.
Abaixo você vai entender quais são as características de cada uma dessas vertentes e porque é importante "dividir" a empatia!
■Cognitiva
O termo “empatia cognitiva” não se refere a um outro tipo de empatia, mas sim a uma característica da empatia que conhecemos. Como o nome já denuncia, o lado cognitivo da empatia é aquele que está relacionado à racionalidade, a um entendimento mais aprofundado do problema do outro.
Com isso, podemos dizer que esse lado mais racional da empatia é aquele que mais “bate” no empático, uma vez que a pessoa sente mais profundamente o gosto amargo da gravidade do problema alheio. Por outro lado, ao saber exatamente do que o outro precisa, ações de ajuda podem ser otimizadas.
■Emocional
A chamada empatia emocional é tida por muitos como a verdadeira empatia, pois nesse estágio ou módulo, o empático sente as emoções que o outro sente, além de entender o seu problema.
Se uma pessoa altamente empática se depara com uma situação de luto, em que um ente querido de um amigo faleceu, por exemplo, além dos termos lógicos que a partida de alguém assim gera, essa pessoa pode vir a chorar e desesperar-se em luto juntamente com o amigo, aflorando o lado emocional da empatia.
■Compassiva
Já a empatia compassiva é a última etapa dessa onda empática que toma conta do ser das pessoas. Nessa “região” do sentimento, a pessoa em questão sente-se no dever de efetivamente fazer algo pelo outro, porque a compaixão já foi gerada, e por isso o termo “compassiva”.
Segundo especialistas, o que se sente na compaixão não é sem motivo, uma vez que o cérebro recompensa aquele que ajuda o próximo com a liberação de ocitocina, o chamado hormônio do amor, que provoca uma sensação de prazer no indivíduo.
■Razão para dividir a empatia
Essa “divisão” que o termo empatia sofre, é importante para um melhor entendimento do seu significado. A partir de um olhar mais atento para as características e esse verdadeiro processo que compõe a empatia, sabemos o porquê da sua ocorrência e afastamos um certo “misticismo” que existe em torno da palavra.
Como desenvolver a empatia
Se você chegou até aqui, certamente é alguém que se importa em entender porque deve ser mais empático(a) e provavelmente quer saber como fazer isso.
Por isso, nessa última seção do nosso artigo preparamos um compilado de tópicos que descrevem o que deve ser feito para desenvolver uma real empatia. Veja!
■Sua perspectiva em relação ao outro
Como vimos nos tópicos e seções anteriores a esta, a ocorrência da empatia é um processo natural da mente humana, a menos que o indivíduo tenha problemas como psicopatia e outros transtornos psicológicos.
Dessa forma, é seguro dizer que ela acontece “automaticamente” e, por isso, não apenas a empatia, mas também as suas consequências como a compaixão, o altruísmo ou simplesmente o “amor ao próximo”, surgem a partir de uma melhor percepção da situação alheia, ao invés de “só olhar para o próprio umbigo”.
■Respeitar a opinião alheia
No mundo de hoje muito se fala de empatia, como citamos no início deste artigo. Contudo, e infelizmente, nunca se viu tanta hipocrisia e egoísmo como se vê atualmente.
Por esse motivo é ainda mais evidente o entendimento de que não há como se dizer empático(a) sem demonstrar respeito pelo que os outros dizem e/ou pensam. A empatia é um dos principais contrapontos ao egoísmo, e como sabemos, os egoístas só pensam em si próprios e só dão ouvidos ao que eles mesmos têm a dizer.
■Reconhecer as emoções
Um dos maiores desafios do ser humano é reconhecer as suas emoções. Podemos dizer seguramente que se fosse mais simples o reconhecimento e entendimento das emoções, muitas das tragédias ocorridas ao longo da história jamais teriam se concretizado.
Com isso, para se tornar um ser mais empático, é imprescindível navegar dentro de si e entender as sensações, pois só assim é possível entender verdadeiramente o outro. Afinal, não há como entender o que uma pessoa está sentindo se você nunca sentiu aquilo, ou pelo menos não sabe descrever aquela emoção.
■Saiba se comunicar
Outro grande problema que tem potencial de destruir a humanidade é a má comunicação. Apesar de hoje em dia dispormos dos mais variados tipos de comunicadores que geram diferentes formas de comunicar-se, está cada vez mais difícil de falar com as outras pessoas, o que é irônico e trágico ao mesmo tempo.
Contudo, quem deseja se tornar uma pessoa empática precisa desenvolver a comunicação. Não há como saber o que está dentro do coração de um terceiro sem que haja essa troca.
■Disposição a ajudar e a fazer o bem
Muitas pessoas sentem a reação cerebral instintiva que podemos chamar de empatia cognitiva, que é basicamente a primeira etapa do sentimento ocorrendo ali, no meio da “sopa” de substâncias da massa encefálica humana.
Porém, a maioria das pessoas não demonstra nada do que sentiu, “cortando” o movimento de empatia iniciado. Isso acontece, na maioria das vezes, por pura falta de disposição em fazer o bem e ajudar as pessoas.
Se você deseja pôr em prática a empatia, esteja disposto a “colocar a mão na massa” e ajudar as pessoas. Do contrário, a sua “empatia” será apenas um tema para que você escreva textos para colocar nas redes sociais e parecer “bonzinho”.
■Cultive a curiosidade sobre o desconhecido
Demonstrar empatia por pessoas e/ou por meio de situações cotidianas, talvez seja muito fácil e não mereça ganhar a alcunha de “empatia de fato”. Não que isso não seja importante, muito pelo contrário.
Mas acontece que sentir a dor de uma pessoa que você não conhece o suficiente é até mesmo mais gratificante. Por isso, procure conhecer novas pessoas e “entre” na vida delas para entender as suas visões de mundo e ajudar da melhor maneira que puder. No final, você será o mais beneficiado(a).
■Experimente a vida de outra pessoa
Dentre as “fases” da empatia, temos a empatia emocional, que é o “meio do caminho” entre a empatia cognitiva, que é a reação química inicial e que gera o processo, e a empatia compassiva, que é o estágio final, em que o indivíduo já se encontra envolto em compaixão pelo próximo.
Com isso, nós entendemos que grande parte da empatia é estar no lugar de outra pessoa. Não adianta arrogar-se de ser empático(a) se você não deseja estar no lugar do outro. Viva, mesmo que mentalmente, a situação do seu próximo, pois só assim você vai desenvolver a verdadeira empatia.
■Cada pessoa deve ser tratada de uma determinada forma
Somos quase oito bilhões de indivíduos vivendo em um planeta que já não comporta a vida humana como antes. Essa quantidade absurda de indivíduos, aliada a consequente falta de recursos, gera os mais variados tipos de problemáticas e gargalos sociais.
Por isso, se você deseja ser empático, precisa esquecer os padrões e ter em mente que cada ser humano é diferente do outro. E o fato de sermos únicos, cria demandas diferentes no que diz respeito ao tratamento.
Ao se conectar com uma pessoa, analise os pormenores de sua personalidade e “personalize” a forma como você se relaciona com esse ser. Tratar uma pessoa conforme é a sua persona, é empatia em estado puro.
■Escute abertamente
O julgamento, apontamentos e olhares tortos são gatilhos que desencadeiam problemas como comportamento antissocial e até doenças como ansiedade e depressão. Por isso, pessoas que escutam as outras abertamente são joias raras hoje em dia.
Portanto, se você pretende desenvolver uma empatia maior, seja uma dessas pessoas que escuta sem julgar, que deixa o outro desabafar. Mesmo aqueles que cometeram graves erros, precisam falar alguma coisa, mesmo que isso não os isente da culpa. Por isso, ao conversar com uma nova pessoa, deixe o indivíduo falar e só escute, deixando a empatia fluir em você.
■Inspire a ação
Por fim, para ser verdadeiramente empático, é preciso causar inspiração nas pessoas com quem você venha a ter contato. A empatia é o estopim que gera a compaixão e todos os outros sentimentos ligados ao chamado amor ao próximo.
Dessa forma, fica explícito que alguém que provoca esse sentimento precisa de ajuda. A ajuda que essa pessoa está demandando, por sua vez, pode ser uma inspiração, uma “mão” para sair do fosso em que se meteu. Seja essa inspiração, essa voz firme, esse ombro amigo, esse porto seguro.
Por que é importante ter empatia?
Sem a empatia nós nos assemelhamos aos animais, seres que agem apenas por instinto. Contudo, diferente dos animais selvagens que, pelo menos em sua maioria, possuem um cérebro limitado a uma cognição instintiva, nós temos uma mente dotada de infinitas ligações que geram muitas possibilidades.
A interação entre os seres humanos surge dessas possibilidades e nos dá lugar de destaque em meio à fauna desse planeta. Afinal, não é possível dizer afirmativamente que uma formiga ama a “família” ou o seu “próximo”, mesmo que instintivamente seja capaz de morrer para protegê-los.
A partir desse entendimento vemos que ser empático é ser humano e ser humano é o mínimo que se espera do homo sapiens sapiens. Com o passar dos séculos a humanidade tem perdido a sensibilidade e o amor ao outro, mas nunca é tarde para recuperar essas características.
Professor de História, técnico em Recursos Humanos e Redator Web.