Quem foi Irmã Dulce?
Irmã Dulce foi uma freira que dedicou toda a sua vida em função dos doentes e mais necessitados. Foi graças ao seu amor e esforço que ela iniciou obras sociais que até hoje beneficiam milhares de pessoas em todo o Estado da Bahia. Além disso, após sua morte em março de 1992, surgiram vários relatos de milagres envolvendo a beata.
No entanto, apenas dois milagres foram reconhecidos e comprovados pela Igreja Católica. Contudo, foi o suficiente para Irmã Dulce ser beatificada e, mais tarde, ser canonizada pelo Papa Bento XVI e intitulada como Santa Dulce dos Pobres.
Neste artigo serão aprofundados alguns dos vários milagres extraoficiais e oficiais. Além de mostrar sua trajetória marcada pela fé, caridade e amor incondicional pelo próximo. Para conhecer um pouco mais da sua história, continue a sua leitura.
História de Irmã Dulce
Maria Rita que, mais tarde, se tornaria Irmã Dulce, teve sua vida dedicada aos mais pobres e doentes. Mesmo com inúmeras dificuldades, a freira nunca desistiu de cuidar de quem mais precisava. E isso a tornou conhecida em todo o estado da Bahia, onde nasceu e viveu até a sua morte.
Ainda em vida, ganhou notoriedade em todo Brasil e no mundo. Conheça a seguir, a origem e toda a trajetória da Irmã Dulce, carinhosamente chamada pelo povo baiano de “O Anjo bom da Bahia”. Veja a seguir.
■Origem de Irmã Dulce
No dia 26 de maio de 1914, em Salvador, na Bahia, nasceu Maria Rita de Souza Lopes Pontes, que mais tarde ficou conhecida como Irmã Dulce. De uma família de classe média, ela e seus irmãos foram criados pelos seus pais, Augusto Lopes Pontes e Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes.
Maria Rita, teve uma infância feliz e alegre, adorava brincar, principalmente jogar bola e era torcedora fiel do clube de futebol Esporte Clube Ypiranga, time formado por trabalhadores. Em 1921, quando tinha 7 anos, sua mãe faleceu e ela e seus irmãos passaram a ser criados somente pelo pai.
■ A vocação da Irmã Dulce
Desde muito nova, Maria Rita sempre se mostrou generosa e disposta a ajudar os mais pobres. Durante a sua adolescência, ela passou a cuidar dos enfermos e de quem morava nas ruas. A sua casa, em Nazaré, no centro da capital, ficou conhecida como A Portaria de São Francisco.
Ainda nesse período, ela já manifestava o seu desejo de servir à igreja. Contudo, em 1932, ela se formou em magistério. Nesse mesmo ano, Maria Rita, entrou para Congregação das Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, no estado de Sergipe. No ano seguinte, fez os votos para se tornar freira e em homenagem a sua mãe, passou a se chamar Irmã Dulce.
■ Missão de Irmã Dulce
Irmã Dulce, tinha como missão de vida ajudar as pessoas mais carentes e doentes. Apesar de ter lecionado no colégio da Congregação, na Bahia, decidiu em 1935 dar início ao seu trabalho social. E isso aconteceu na pobre comunidade Alagados, um local muito precário feito com palafitas, no bairro de Itapagipe, às margens da Baía de Todos os Santos.
Lá, ela inicia o seu projeto, criando um posto médico para atender aos operários da região. No ano seguinte, Irmã Dulce fundou a União Operária de São Francisco, primeira organização católica de operários do estado. Surgiu então, o Círculo Operário da Bahia. Para manter o espaço, a freira recebia doações além do que arrecadava dos cinemas São Caetano, Roma e Plataforma.
■Socorro aos doentes
Para abrigar os doentes das ruas, Irmã Dulce invadiu casas, de onde foi expulsa por diversas vezes. Só foi em 1949, que a freira teve o consentimento para instalar cerca de 70 doentes no galinheiro que pertencia ao Convento Santo Antônio, do qual fazia parte. Desde então, a estrutura só cresceu e transformou-se no maior hospital da Bahia.
■Expansão e Reconhecimento
Para expandir suas obras, Irmã Dulce pedia donativos para empresários e políticos do Estado. Assim, em 1959, no local do galinheiro, ela inaugurou a Associação de Obras Irmã Dulce e, posteriormente, construiu o Albergue Santo Antônio, que anos depois deu lugar ao hospital que recebe o mesmo nome.
Assim, Irmã Dulce ganhou notoriedade e reconhecimento nacional e de personalidades de outros países. Em 1980, na sua primeira visita ao Brasil, o Papa João Paulo II encontrou a freira e a incentivou para que não desistisse de suas obras. No ano de 1988, ela recebeu a indicação para o Nobel da Paz, pelo então presidente do Brasil, José Sarney.
■Segundo encontro de Irmã Dulce com o Papa
Na sua segunda visita ao Brasil, em outubro de 1991, o Papa João Paulo II surpreendeu Irmã Dulce no convento Santo Antônio. Já muito doente e debilitada ela o recebeu para aquele que seria seu último encontro.
■Devoção a Irmã Dulce
No dia 13 de março de 1992, a irmã Dulce faleceu aos 77 anos. Devido a sua devoção e dedicação em prol das pessoas carentes e dos doentes que ela cuidou por mais de 5 décadas, a freira baiana já era considerada por seu povo uma santa e chamada “O anjo bom da Bahia”.
Para homenageá-la, uma multidão compareceu no seu velório na igreja Nossa Senhora da Conceição da Praia, na Bahia. Em 22 de março de 2011 ela foi beatificada pelo padre enviado de Roma, Dom Geraldo Majella Agnelo. Somente em 13 de outubro de 2019, foi canonizada pelo Papa Bento XVI.
Milagres oficiais de Irmã Dulce
Para o Vaticano, somente dois milagres são comprovados e atribuídos à Irmã Dulce. Pois, para ser considerada uma graça reconhecida, a Igreja Católica leva em consideração se o apelo foi alcançado rapidamente e por completo, além da sua duração e se é preternatural, ou seja, algo que não pode ser explicado pela ciência.
Além disso, os relatos passam por uma perícia minuciosa, através dos seguintes passos: perícia médica, estudiosos em teologia e o consenso entre os cardeais que dão o seu aval final que comprovam a autenticidade do milagre. Conheça a seguir, os milagres reconhecidos pela Irmã Dulce.
■José Mauricio Moreira
Quando tinha 23 anos, José Mauricio Moreira descobriu o glaucoma, uma doença que, aos poucos, deteriora os nervos ópticos. Com isso, ele passou a fazer cursos e treinamento, para conviver com a cegueira iminente, o que aconteceu anos depois. Catorze anos depois, sem conseguir enxergar, Mauricio sofria dores devido a uma conjuntivite viral.
Foi esse momento que o fez pedir à Irmã Dulce que, desde sempre, ele e toda a sua família eram devotos, para que ela aliviasse a sua dor. Convicto que não voltaria a ver novamente, Maurício colocou a imagem da freira sobre seus olhos e na manhã seguinte, além de ser curado da conjuntivite, ele voltou a enxergar.
O que mais chamou atenção dos médicos, foi que haviam sido feitos exames recentes que constataram a impossibilidade de enxergar novamente. Os nervos ópticos de Maurício ainda estão deteriorados, contudo, a sua visão é perfeita.
■Cláudia Cristina dos Santos
Em 2001, Cláudia Cristina dos Santos, grávida de seu segundo filho, deu à luz na Maternidade São José, no interior de Sergipe. Após o nascimento do bebê, aconteceram complicações que a fizeram passar por 3 cirurgias, para conter o forte sangramento, além de retirar o útero. Mesmo com esses procedimentos, não houve sucesso.
Já desenganada pelos médicos, a família foi orientada a chamar um padre para fazer a extrema unção. No entanto, quando o padre José Almí chegou, ele orou para Irmã Dulce curar Cláudia. Então, um milagre aconteceu rapidamente a hemorragia parou e ela restabeleceu sua saúde.
Milagres extraoficiais de Irmã Dulce
Segundo a OSID (Obras Sociais Irmã Dulce), nos arquivos do Memorial de Irmã Dulce, há mais de 13 mil relatos de graças atendidas pela freira. O primeiro testemunho chegou logo após sua morte, em 1992. Contudo, mesmo sem a oficialização do Vaticano, estes milagres também são atribuídos à santa.
Neste tópico, separamos alguns milagres que são tidos como "extraoficiais" em que houve a intercessão de Irmã Dulce. Confira abaixo.
■ Milena e Eulália
Milena Vasconcelos, grávida do seu único filho, teve uma gestação tranquila e o parto ocorreu sem intercorrências. Contudo, ainda se recuperando da cesárea, no hospital, horas depois, Milena teve complicações e devido uma forte hemorragia precisou ir para a UTI. Os médicos fizeram o possível para conter o sangramento, mas não tiveram sucesso.
Sua mãe, Eulália Garrido, foi informada que não havia mais nada a ser feito e que sua filha teria pouco tempo de vida. Foi então que, Eulália, pegou uma figura Irmã Dulce que, Milena guardava em sua bolsa e colocou embaixo do travesseiro da filha e disse que a santa iria interceder por ela. Pouco tempo depois, a hemorragia foi contida e Milena e seu filho passam bem.
■Mauro Feitosa Filho
Aos 13 anos, Mauro Feitosa Filho, foi diagnosticado com tumor cerebral, mas não se sabia se era maligno. No entanto, devido ao tamanho e por ter se espalhado, a cirurgia poderia causar muitos danos ao cérebro, além de não poder ser totalmente removido. Seus pais o levaram para São Paulo, onde ocorreria o procedimento.
Porém, uma infecção acometida por Escarlatina, uma rara doença infecciosa, Mauro precisou se recuperar para ser operado. Nesse período, uma conhecida da família que também mora em Fortaleza, apresentou a Irmã Dulce, para a família que, até então, não a conhecia. Os pais do menino passaram a rezar pela santa e cerca de dez dias depois a cirurgia foi marcada.
A estimativa para a operação ser realizada seria de cerca de 19 horas. Porém, os médicos se surpreenderam, quando ao extrair o tumor, perceberam que ele era pequeno e estava solto dentro da cabeça de Mauro. A cirurgia durou 3 horas e hoje, aos 32 anos, ele está bem e para homenagear a santa, sua filha recebeu o nome de Dulce.
■ Danilo Guimarães
Devido à diabetes, Danilo Guimarães, que na época tinha 56 anos, precisou ser internado, por uma infecção no pé que rapidamente se espalhou pelo corpo, fazendo com que ficasse em coma. Os médicos informaram aos familiares que Danilo não teria muito tempo de vida.
As providências para realizar o enterro foram tomadas. Contudo, sua filha Danielle se lembrou de uma matéria sobre Irmã Dulce. Cética, ela e sua família oraram para a santa. Para sua surpresa, no dia seguinte, o pai saiu do coma e já conversava. Danilo sobreviveu por mais 4 anos, porém ele faleceu em decorrência de um infarto.
Dia e oração de Irmã Dulce
Irmã Dulce, foi amada e adorada por toda a Bahia, e posteriormente, por todo o país. Para consagrar a sua vida de devoção e abnegação àqueles que mais precisaram foi criada uma data que celebra a sua obra e trajetória, além de uma oração para quem deseja que ela interceda em um momento de dificuldade. Veja a seguir.
■Dia de Irmã Dulce
No dia 13 de agosto de 1933, Irmã Dulce iniciou a sua vida religiosa, no convento de São Cristóvão, em Sergipe. E é por essa razão que a data 13 de agosto foi escolhida para celebrar a sua vida e obra. Pois, foi graças ao seu altruísmo e empatia para com as milhares de pessoas pobres e doentes, que ela se tornou a Santa Dulce dos Pobres.
■Oração à Irmã Dulce
Conhecida como Santa Dulce dos Pobres, Irmã Dulce possui incontáveis milagres extra oficiais e, somente dois reconhecidos por sua intercessão. Contudo, ela é rogada por aqueles que se sentem excluídos e que estão em condições de vulnerabilidade. A seguir, confira sua oração completa:
Senhor Nosso Deus, recordando a vossa Serva Dulce Lopes Pontes, ardente de amor por vós e pelos irmãos, nós vos agradecemos pelo seu serviço a favor dos pobres e dos excluídos. Renovai-nos na fé e na caridade, e concedei-nos a seu exemplo vivermos a comunhão com simplicidade e humildade, guiados pela doçura do Espírito de Cristo, Bendito nos séculos dos séculos. Amém”
Qual é o legado deixado por irmã Dulce?
Irmã Dulce deixou um legado belíssimo, pois toda a sua obra foi e sempre será para ajudar quem mais precisa. Com coragem e determinação, ela foi em busca de apoio para construir estruturas que pudessem dar abrigo aos necessitados e cuidar de pessoas doentes que não tinham como pagar pelo seu tratamento.
O seu amor e devoção pelos mais vulneráveis e excluídos tornaram-na alguém admirada em todo o país. Com o passar do tempo, o seu projeto se expandiu e graças ao seu esforço, hoje o complexo hospitalar Santo Antônio que começou em um galinheiro, se transformou no maior do estado da Bahia, atendendo cerca de 3,5 milhões de pessoas por ano gratuitamente.
Além disso, Irmã Dulce, 27 anos após a sua morte, foi canonizada pelo Papa Bento XVI, após ser comprovada a sua intercessão por aqueles que clamaram pela cura de sua enfermidade. Portanto, é inegável a importância da Santa Dulce do Pobres, não só para o povo baiano, mas para todo o Brasil.