Quais são os símbolos de amor?
Coração, aliança, flores e até bombons são alguns dos símbolos que remetem instantaneamente ao nobre sentimento do amor na cultura contemporânea. No entanto, o amor é almejado desde os primórdios da humanidade e, por esse motivo, possui diversas outras representações que surgiram ao longo dos séculos.
O cupido, a maçã, as rosas e a pomba são apenas alguns dos símbolos que surgiram em sociedades antigas e que permanecem até os dias atuais como referência ao amor. Para muitos, o coração pode ser apenas uma imagem, mas a verdade é que cada simbologia guarda uma apaixonante história. Desvende a história por trás desses símbolos nesse artigo!
Coração
O coração é, entre os símbolos associados ao amor, o mais famoso. Porém, nesse caso, a imagem usada para transmitir a ideia de afeto não se assemelha nem um pouco ao formato original do órgão cardíaco. A origem de sua forma tem diversas interpretações, dentre elas, o cálice. Entenda melhor a seguir!
■No século XIV
O formato que conhecemos, hoje, como a representação imagética do coração tem registro na obra “I Documenti D’Amore”, do literato italiano Francesco di Ser Neri da Barberino. Francesco expressa em sua obra a ideia de que o próprio Amor transmite os ensinamentos por meio da Eloquência para o autor, que os transcreve para o livro.
Escrito no século XIV, o livro “I Documenti D’Amore” não é composto apenas por poemas e sonetos, mas também por imagens que completam a transmissão da mensagem refletida na jornada dos personagens alegóricos criados por Francesco. Nesta obra, são registrados alguns dos símbolos relacionados ao amor e, dentre eles, há o coração.
■Na Líbia
Na Líbia, por volta do século VII, um elemento era associado ao amor. Nessa época, o coração passou a estampar as moedas que corriam na cidade de Cirene. Isso aconteceu devido à semente de silphium, que possuía o formato de coração.
Na época, a silphium era tão valiosa que chegou a ultrapassar o preço do ouro e, por esse motivo, passou a ilustrar as moedas. A erva era usada como método contraceptivo, além de possuir usos afrodisíacos. Acreditava-se que os usos da erva relacionados às práticas sexuais, além do formato de coração presente na semente, foram responsáveis pela associação do símbolo ao amor.
■Para os gregos
A ideia que surgiu Grécia Antiga, fruto do famoso filósofo Aristóteles, contribui para a relação do significado de amor associado ao coração. Para Aristóteles, o recanto do corpo humano em que residem as emoções é o coração. Por este motivo, o amor, uma das principais emoções abordadas pela filosofia, conecta-se com o órgão.
Assim, o filósofo foi responsável por propagar a ideia de que as emoções não surgiam na cabeça, e sim no peito, mas os gregos já valorizavam o coração. Até então, acreditava-se, na sociedade grega, que o coração era o primeiro órgão criado no corpo humano.
■Para os hebraicos
O conceito de que o coração guarda as emoções já existe há mais de 3 mil anos. Os hebreus acreditavam que todas as emoções, inclusive o amor, tinham sua origem no coração. Acredita-se que essa associação tenha ocorrido devido ao aperto sentido no peito por indivíduos que se assustam, que sentem angústia ou uma forte paixão.
Contudo, a sensação que deu origem a essa ideia se explica biologicamente de outra forma. O que acontece com o corpo perante as fortes emoções é causado devido à descarga de adrenalina, que aumenta a pressão arterial e o batimento cardíaco.
Rosas vermelhas
Dar ou receber rosas pode ser considerado um gesto de amizade ou de amor. Entretanto, o significado atribuído ao gesto difere e pode ser interpretado analisando a cor das rosas. Dentre todas as cores, as mais comumente associadas ao amor são as vermelhas. Entenda o porquê abaixo!
■Para os greco-romanos
Na cultura grega, a deusa que representava o amor, a beleza e a sexualidade era conhecida como Afrodite. A mesma divindade foi assimilada pela cultura romana, ganhando o nome de Vênus, porém ainda possuindo os mesmos atributos. Tanto a Afrodite grega quanto a Vênus romana possuíam como um de seus símbolos as rosas vermelhas.
Segundo o mito de Afrodite, por onde a deusa passava, nasciam rosas vermelhas, que perfumavam o ambiente, criando uma atmosfera apaixonante. Além disso, as rosas vermelhas também eram usadas em práticas ritualísticas, como uma parte das oferendas feitas para a deusa do amor.
■Na literatura clássica
A ideia de que as rosas vermelhas seriam um dos símbolos relacionados ao amor persistiu após a Grécia Antiga e se refletiu, também, na literatura clássica. Shakespeare menciona, em uma de suas mais famosas peças, “Romeu e Julieta”, as rosas como uma referência ao amor imutável que o apaixonado Romeu sentia por Julieta.
Assim, enquanto as rosas brancas são usadas para representar a pureza e a inocência, as rosas vermelhas são usadas, na literatura clássica, como uma grande referência de beleza e amor passional. As rosas vermelhas já foram mencionadas por Luís de Camões, Oscar Wilde e pelo próprio Shakespeare como símbolos do amor.
■Cleópatra e Marco Antônio
A escolha das rosas vermelhas se dá devido ao seu aroma, mais intenso que o presente nas demais cores da flor. Por esse motivo, as rosas vermelhas são usadas não só como presentes, mas também como uma forma de perfumar o ambiente. A prática remete ao Egito Antigo, época em que, segundo relatos históricos, Cleópatra preenchia seu quarto com pétalas de rosas vermelhas.
Assim, o uso das flores pela famosa rainha do Egito tinha propósito aromático e romântico. Além disso, os mesmos relatos mencionam o uso das flores especialmente em momentos em que Cleópatra recebia seu amante, Marco Antônio, em seus aposentos reais.
Cupido
O cupido é uma figura infantil alada, com bochechas rosadas e um ar de travesso, portando o arco em miniatura e flechas capazes de induzir a paixão. Conheça a origem de um dos mais famosos símbolos do amor aqui!
■Na mitologia romana
Para os romanos, Cupido era a divindade que personificava o Amor. Sua figura era descrita ora como uma criança, ora como um jovem de armadura, fazendo alusão ao seu pai, o Deus da guerra. Filho de Vênus, Cupido possuía a capacidade de fazer brotar o amor e a paixão em quem quisesse, desde que o seu alvo fosse atingido por uma de suas flechas.
Além disso, a alegoria mitológica também serve como uma referência à imprevisibilidade da paixão e do amor, que pode surgir sem um motivo para tal e tomar conta de suas vítimas, como o veneno de uma flecha mágica.
■Eros na mitologia grega
Na mitologia grega, Cupido recebe o nome de Eros. A divindade grega era um dos filhos de Afrodite com o Deus Ares, sendo a união entre o belo amor e a intensidade da guerra. Segundo a mitologia, Eros, Deus do erotismo, possuía um temperamento ardiloso e se mantinha sempre em busca de novos alvos para suas flechas apaixonadas.
Inicialmente, Eros é retratado como uma criança, simbolizando a juventude eterna proporcionada pelo amor. Entretanto, sua mãe descobre que, a partir do momento em que ganha um irmão, Eros pode amadurecer, deixando de ser mimado. Já adulto, o deus casa-se com Psiquê e gera o prazer, sua filha chamada Hedonê.
■Na atualidade
Na atualidade, a figura do cupido é uma referência ao amor passional e brincalhão. Sua representação é focada na ideia de que o amor e a paixão são sentimentos que surgem inesperadamente e que causam intensas mudanças emocionais em quem os sente.
Assim, as representações do cupido no cinema e nas animações geralmente precedem cenas cômicas, em que inimigos sucumbem à paixão, causando estranhamento. Além disso, o cupido é apresentado nos dias atuais como a própria representação do amor, que pode ser fugaz e causar mudanças radicais na vida dos apaixonados em questão.
Pomba
A figura da pomba se relaciona a diversos símbolos, desde o significado de esperança e da paz, até o amor. Assim, a representação do animal ligada ao sentimento tem sua origem na mitologia grega e no cristianismo. Entenda melhor a seguir!
■No cristianismo
A origem da conexão simbólica da figura da pomba com o amor se deu no cristianismo, graças à passagem bíblica que apresenta Noé em sua arca, avistando uma pomba branca pelos céus. O animal que carrega um ramo de oliveira no bico indica o fim do dilúvio e, para o cristianismo, é um símbolo do amor de Deus para com suas criações.
Para além da passagem bíblica do dilúvio, também existem outras citações presentes no cristianismo que atribuem para os símbolos de amor e de divino ao animal em questão. No “Cântico dos Cânticos”, livro poético do antigo testamento que celebra o amor, a expressão “pomba” é usada como a forma que o protagonista se refere à sua amada.
■Na mitologia grega
Na mitologia grega, as pombas são associadas à deusa Afrodite. Contudo, essa relação tem origem numa crença mais antiga. A deusa mesopotâmica Ishtar também era associada ao amor e à paixão, assim como Afrodite, e possuía a pomba como um de seus maiores símbolos.
Na Grécia Antiga, a deusa Afrodite passou a representar essa divindade da Mesopotâmia, recebendo um novo nome, mas ainda permanecendo com a pomba como sua maior representação. Nos templos da deusa do amor, Afrodite, foram encontradas esculturas em forma de pombas, e, segundo a mitologia, oferendas em forma de pombas de mármore eram feitas à deusa.
Cisne
Os cisnes são figuras esguias e elegantes. Mas, para além do reino animal, sua representação também se dá de forma sugestiva na mitologia grega, transformando o animal em um dos símbolos do amor e da fidelidade. Descubra a história desta associação a seguir!
■Na mitologia grega
Na mitologia grega, era comum a ocorrência de animais como representações de divindades ou mesmo de sentimentos, como o amor. Em um dos mitos gregos, o próprio Zeus se transforma em um cisne para seduzir a rainha de Esparta, conseguindo enganá-la e produzir com a rainha quatro filhos.
Outro Deus grego que tem sua associação aos cisnes é Apolo, conhecido como divindade da beleza, da música e da poesia. Segundo a mitologia grega, Apolo possuía um carro celeste puxado por cisnes e tinha, como uma companhia permanente, um cisne macho.
■Símbolo de fidelidade
Cisnes têm sua representação relacionada à ideia de fidelidade. As aves são um dos símbolos desse sentimento, porque, a partir do momento em que escolhem um parceiro, negam-se a se relacionar com outro de sua espécie, mesmo no caso de morte do seu companheiro.
O símbolo de fidelidade é atribuído aos cisnes devido ao comportamento leal demonstrado, quando um dos companheiros adoece, ou em sua morte, que pode resultar no triste fim do sobrevivente. Assim, os cisnes que são acometidos pela “viuvez” podem adoecer e apresentar comportamento triste, podendo até definharem de tristeza.
Maçã
O fruto proibido possui diversos símbolos que atravessam os séculos. A maçã pode representar tanto o desejo proibido quanto o amor, dependendo da cultura em que se apresenta. Descubra as histórias relacionadas à maçã a seguir!
■Mitologia romana
Um dos símbolos do amor na mitologia romana é a maçã. A fruta era associada à deusa Vênus e, por consequência, associada também à divindade grega Afrodite. Oferendas com maçãs eram comumente feitas em nome de Vênus, por aqueles que desejavam entrar em contato com a energia amorosa representada por ela.
Assim, a ideia se perpetua até a atualidade, uma vez que existem inúmeras opções de simpatias e poções que podem ser feitas usando a fruta como um dos ingredientes. Os praticantes de esoterismo que utilizam a maçã podem buscar tanto o amor próprio quanto o amor romântico.
■Mitologia celta
Um dos símbolos do amor, a maçã, carrega consigo uma história cheia de mistérios e magia. Na mitologia celta, a maçã é símbolo de fertilidade, conhecimento, transcendência e até imortalidade. No entanto, os simbolismos celtas não se restringem ao fruto. A macieira, árvore que dá origem às maçãs, era considerada a Árvore do Outro Mundo.
Então, para os celtas, as maçãs eram associadas ao mundo das fadas. Segundo as lendas gaélicas, os seres feéricos usavam as maçãs para atrair e seduzir os mortais, levando-os para o mundo das fadas.
■Mitologia nórdica
Para os povos germânicos, a representação da fruta maçã vai além do símbolo do amor. Na mitologia nórdica, as maçãs são associadas à deusa da juventude, Iduna. As lendas relatam que esta guardava uma maçã mágica em sua taça e, ao bem-aventurado que comesse da fruta, seria concedida a benção do rejuvenescimento instantâneo.
Além disso, a deusa nórdica também era responsável pela imortalidade dos demais deuses do panteão, oferecendo uma maçã por dia para cada um deles. Desta forma, os deuses sempre estariam rejuvenescendo.
Amor infinito
Dentre todos os símbolos associados ao amor, existem os que expressam o amor infinito. A ideia de um amor que se perpetua pela eternidade é comum em diversas culturas e pode ser vista tanto no oito deitado quanto no ouroboros. Conheça, a seguir, a história dos símbolos do amor infinito!
■Oito deitado
O símbolo do oito deitado, conhecido também como Lemniscata, é a representação matemática do infinito. Já esotericamente, o oito deitado é o símbolo que expressa a jornada de evolução física e espiritual, podendo também ser interpretado como a imagem que simboliza a eternidade por meio da morte e do renascimento, como um ciclo ininterrupto.
Assim, sua utilização como um dos símbolos do amor é feita para representar a ideia de amores que são capazes de ultrapassar barreiras impossíveis e de resistir a grandes mudanças, como a morte.
■Ouroboros
O ouroboros é um símbolo que aparece em diversas mitologias. Na mitologia nórdica, recebe o nome de Jörmungandr, representando a serpente que engole o mundo no dia do Ragnarok (apocalipse nórdico). Na mitologia grega, o ouroboros é a representação de uma serpente que engole a própria cauda, simbolizando o início e o fim como partes do mesmo.
Assim, há a associação do símbolo de ouroboros com os símbolos do amor. Neste caso, o ouroboros pode ser usado para demonstrar o amor que atravessa a eternidade e que resiste a todas as transformações profundas, permanecendo intacto.
■No cristianismo
A releitura feita pelo cristianismo dos símbolos de origem pagã que representam o infinito tem como intuito expressar o amor de Jesus Cristo. Nas práticas cristãs, ele é representado como um dos maiores exemplos de amor eterno pela humanidade, tendo atravessado até a morte em nome deste amor.
Assim, as representações do infinito como símbolo de amor eterno religioso são mais comumente usadas na atualidade como formas de expressar a conexão do indivíduo com a sua fé cristã. Isso pode ocorrer, por exemplo, em tatuagens.
Os símbolos representam apenas o amor romântico?
Embora sejam associados ao amor romântico e aos apaixonados, os símbolos que representam o amor não se restringem apenas a estes significados. Essa ideia pode ser observada no dia de São Valentim, em que são comemoradas todas as formas de amor, desde a amizade até o amor fraternal.
Assim, outro exemplo desse conceito está presente no dia das mães. Nessa data, as mães são presenteadas com rosas vermelhas e cartões que carregam o símbolo de corações, representando o amor. Então, apesar de o amor romântico ser a forma mais famosa de amar, é importante lembrar que outros laços podem carregar tanto ou mais amor quanto o presente em casais.
Jornalista cultural apaixonada pela arte de sonhar e pela descoberta dos mistérios da alma.