Significado geral de Mabon
Mabon é um festival pagão que celebra o equinócio de outono, celebrado aproximadamente no dia 21 de setembro no Hemisfério Norte e 21 de março no Hemisfério Sul.
Considerado um Sabbat menor, Mabon é o segundo e penúltimo festival da colheita da Roda do Ano, o calendário pagão, e marca a chegada a um ponto de equilíbrio, em que o dia e a noite possuem mesma duração.
A partir de então, a escuridão começa a derrotar a luz do dia, resultando em dias mais frios e curtos. Neste artigo, apresentaremos os principais significados, costumes e as práticas rituais deste festival de outono.
Além de apresentar sua mitologia, daremos dicas de como celebrá-lo, além de feitiços e rituais para serem praticados nesta época de Ação de Graças. Continue lendo para entender sobre a magia presente nesta data tão poderosa e se alinhar com sua energia.
Lughnasadh, Lammas ou Festival da Primeira Colheita
Seguindo a Roda do Ano, Lughnasah é o primeiro festival da colheita. Ao celebrar a abundância decorrente da colheita, a roda gira e chega a Mabon, um período em que a segunda e penúltima grande colheita acontece. A seguir, introduzimos o conceito da Roda do Ano e apresentamos os costumes de Mabon. Confira.
■A Roda do Ano para os pagãos
A Roda do Ano é uma espécie de calendário constituído por 8 festivais sazonais que marcam o passeio do sol durante o ano. Na Wicca, uma religião neopagã baseada no reavivamento da Bruxaria segundo Gerald Gardner, estes festivais são chamados de Sabbats.
As celebrações dos Sabbats estão relacionadas aos ciclos da natureza dados a partir da relação entre o princípio feminino, a Deusa, e o princípio masculino, o Deus, cuja união sagrada gera todas as coisas e permite que os ciclos das estações sejam percebidos.
Os Sabbats são divididos em dois grupos: os Sabbats Maiores, que possuem datas fixas e são inspirados nos grandes festivais celtas, e os Sabbats Menores, sem datas fixas e que ocorrem nos inícios astronômicos das estações, chamados de solstícios e equinócios.
■Mabon, o Equinócio de Outono
Mabon é o Festival de Ação de Graças da Segunda Colheita, o qual coincide com o Equinócio de Outono. O nome deste festival vem do deus homônimo da mitologia galesa, considerado a criança da luz e filho da Deusa Mãe Terra.
Há pouca evidência de que esse festival foi praticado pelos celtas, pois a palavra Mabon foi incluída por volta dos anos 1970 e faz parte do reconstrucionismo pagão. De acordo com os mitos da Wicca, Mabon é o período em que o princípio masculino da divindade, o Deus representado pelo Sol, está a definhar.
É um momento de equilíbrio, em que a Deusa é vista como a Rainha da Colheita e o Deus morre com o ceifar da colheita.
■Costumes e Tradições
Em Mabon, é costume colher frutas silvestres para preencher uma cornucópia, um símbolo de abundância associado a este Sabbat. Além disso, é importante refletir sobre o que foi concebido e plantado em Imbolc e Ostara, respectivamente e qual sua relação com a colheita.
Mabon é tempo de agradecer pelas coisas que foram colhidas e de observar as mudanças visíveis na natureza ao redor. Por isso, é comum sair para caminhar em parques ou bosques, além de procurar áreas ou projetos que precisam ser completados.
■A cornucópia como símbolo da festividade
A cornucópia é um símbolo tradicional da festividade do equinócio de outono. Oriunda da mitologia greco-romana, seu nome significa “chifre da abundância” em latim e representa atributos como a fertilidade, riqueza e abundância.
Na Antiguidade, ela era representada por um vaso em forma de chifre, preenchido com muitas frutas e flores que se espalham a partir dele. Além disso, a cornucópia é um símbolo de equilíbrio, já que contém uma forma fálica, representando a energia masculina e a uma cavidade que simboliza o feminino.
■Videira e Amora Negra
Nos países europeus, o outono é um período de colheita de frutos como a uva e a amora negra. Por isso, tanto a videira quanto a amoreira são símbolos deste Sabbat. A videira é uma planta que contém em si outra simbologia do Sabbat, o equilíbrio, já que possui energias masculinas e femininas ao mesmo tempo.
No Ogham, um alfabeto medieval utilizado para escrever a língua irlandesa, tanto a videira quanto a amoreira são representadas pela letra Muin. Além disso, ambas representam os ciclos que se repetem.
■Angus, o Deus do amor homenageado no Equinócio
Angus, deus do amor, verão, juventude e inspiração poética, é uma das divindades associadas ao Equinócio. De acordo com a mitologia irlandesa, Angus é membro de uma raça sobrenatural chamada os Tuatha Dé Danann.
Na versão escocesa de seu mito, Angus possui uma harpa dourada com cordas de prata que, ao ser tocada, faz com que jovens sigam a música pelos bosques.
■Reiki Celta
No Reiki Celta, uma forma de Reiki que incorpora as sabedorias contidas nas plantas e árvores britânicas, o período de Mabon pode ser utilizado para alcançar um equilíbrio energético. Como qualquer técnica de Reiki, são utilizadas as mãos para transmitir, mas o diferencial desta técnica é o uso do Ogham, o alfabeto celta-irlandês.
■A energia Muin no Reiki Celta
Em Mabon, a energia trabalhada no Reiki Celta está presente no Ogham Muin, a décima primeira letra deste alfabeto. Considerada uma das letras mais misteriosas do alfabeto, ela representa a videira ou arbustos espinhosos como a amoreira.
O significado desta letra é incerto, mas neste Sabbat, ele é utilizado para representar a colheita e o equilíbrio das energias.
Sabbat Mabon na Wicca, costumes e tradições
Na Wicca, o Sabbat Mabon assume um significado especial, já que ele faz parte dos 8 festivais solares que integram a prática desta religião. Nesta seção, apresentaremos os conceitos wiccanos sobre o equinócio de outono, bem como seus alimentos e rituais. Confira.
■O Conceito de Sabbat Mabon na Wicca
Na Wicca, Mabon está atrelado ao conceito de ação de graças. É um período de descanso após o trabalho decorrente da segunda colheita e de agradecer por todas as dádivas colhidas ao longo do ano.
Por anunciar o inverno, Mabon é período para se preparar para dias mais escuros. É o momento para aproveitar os frutos do seu trabalho ao longo do ano e renovar as esperanças que você teve durante Ostara e Imbolc.
O Deus está padecendo, mas, ele deixou dentro da Deusa a sua semente. Em breve, ela dará à luz ao sol novamente.
■Rituais e significados
Por ser uma celebração do outono, os rituais de Mabon estão relacionados às cores laranja, vermelha, amarela, marrom e verde. É geralmente erguido um altar de Mabon, incluindo flores e frutas típicas da estação e seus símbolos como a cornucópia, simbolizando a fatura da colheita.
Dependendo de sua espiritualidade, há diversas formas de praticar seus rituais, desde acender uma vela em ação de graças e fazer uma caminhada para perceber as mudanças da estação, até rituais mais complexos praticados num espaço ritual específico como um círculo.
O importante é se conectar com a energia de equilíbrio deste período e aproveitar a fartura típica desta estação.
■Como fazer o ritual Mabon
Para celebrar um simples ritual de Mabon deixe uma maçã no centro do seu altar. Nele, ao Sul, deixe uma vela vermelha, laranja ou amarela. No Oeste, um cálice com vinho ou suco. No Norte, folhas colhidas por você ou um cristal.
Finalmente, deixe incenso de cravo ou olíbano no Leste. Sente-se de frente para o altar, acenda a vela e o incenso. Agradeça por todas as coisas que você colheu ao longo do ano e medite sobre os frutos do seu trabalho. Em seguida, escreva num papel aquilo que você quer que saia da sua vida. Queime-o na chama da vela.
Beba parte do conteúdo do cálice, coma metade da maçã e deixe a vela e o incenso queimarem até o fim. Finalmente, verta a bebida e a metade da maçã na natureza como libação aos deuses.
■Alimentos ou preparos recomendados
Os alimentos sagrados de Mabon são as frutas da estação. Como exemplos, tem-se a uva, amora e a maçã, conhecida por seus poderes relacionados à vida, imortalidade, cura e regeneração.
Além disso pratos como o crumble de maçã, purê de batata doce, sementes torradas de abóbora, geleia de amora, torta de maçã e milho assado são típicos deste festival. Para beber, aposte em chás de ervas, sucos como maçã e uva e, caso você possa consumir, vinhos tintos.
Feitiços tradicionais de Mabon na Wicca
Mabon é um período em que você pode praticar feitiços para aproveitar a egrégora do festival. A seguir, você terá acesso a feitiços pessoais fáceis de serem feitos e indicados para essa época. Confira.
■Feitiço para proteção própria
O feitiço para proteção própria deve ser praticado sempre que você desejar se sentir mais seguro e quiser afastar os perigos físicos e espirituais da sua vida. Para fazê-lo, pegue um pote de vidro com tampa da cor âmbar (pode ser uma garrafa) e preencha-o até a metade com sal.
Em seguida, acrescente dentro dele um papel com o seu nome, data de nascimento e símbolo do seu signo astrológico, dois paus de canela, um punhado de alecrim seco e 13 cravos-da-índia. Complete o vidro com sal e tampe-o, deixando-o num lugar que ninguém veja ou toque.
■Feitiço para atrair ajuda doméstica
Se você estiver passando por problemas em casa, faça este feitiço para atrair ajuda. Desenhe, num papel, a letra do alfabeto ogham chamada Muin, que está associada a este Sabbat, utilizando um lápis ou caneta de tinta preta.
Deixe esse papel em prato fundo de vidro, madeira ou porcelana. Em seguida, cubra o papel preenchendo seu prato com grãos de cereais ou sementes de abóbora.
Deixe o prato na parte mais alta da sua casa (em cima de uma estante, prateleira etc.), mantendo-o longe de olhos curiosos até a ajuda chegar. Quando obter a ajuda, jogue as sementes ou grãos na natureza.
■Feitiço para obter harmonia em casa
Para obter harmonia em casa, deixe uma vela branca no ponto central do seu lar. Antes de acendê-la, saia de casa com duas varetas de incenso de lótus, sândalo, alecrim, cedro, mirra ou olíbano.
Acenda os incensos e entre com pé direito na sua casa, seguindo por cada canto dela seguindo a direção dos ponteiros do relógio, o sentido horário. Enquanto caminha pela casa, imagine uma luz branca enchendo seu lar de energia positiva e harmonia. Quando terminar o passeio pela casa, acenda a vela branca e repita:
"De inverno a verão,
De noite e de dia,
Faço minha oração,
E trago para este lar harmonia!"
Recite este encantamento por 13 vezes e depois deixe a vela branca e os incensos queimarem por completo.
■Agradecimento aos deuses, universo e a natureza
Para agradecer aos deuses, universo e a natureza, você pode fazer este feitiço rápido. Num dia em que você tenha tempo, prepare uma comida deliciosa. Dê preferência para algo que você realmente goste. Não precisa ser algo elaborado, desde que lhe dê prazer. Se possível, utilize algum ingrediente típico da época como símbolo da colheita.
Faça um chá e pegue uma porção da sua comida, se dirigindo para um local em que você não seja incomodado. Coma sua comida lentamente e agradeça por todas as coisas que aconteceram na sua vida, reservando um pedaço dela.
Beba parte do chá, deixando um pouco dele. Quando terminar, deixe a bebida e a comida separada na natureza como uma libação para os deuses.
■Oração para Mabon
"Sagrado seja teu nome, Senhora da Colheita,
Cujos frutos da terra adornam minha mesa.
Agradeço a comida e as dádivas a mim concebidas,
E peço para que me resguarde em teus braços,
Pois, sei que o Deus das Sementes está de partida.
Ilumina meu caminho,
Desperta o meu equilíbrio,
Pois, assim como a luz e escuridão estão iguais,
Peço harmonias para animais e pessoas com quem convivo.
Senhor de Mabon,
Que sua semente se desenvolva,
Protegida do frio e dos perigos do inverno,
Pois, sou teu filho/ tua filha e por teu brilho solar espero.
Que todos estejam a salvos,
Pessoas e animais,
E que na terra a bondade seja feita,
Desata os laços de todo o mal,
Pois, estamos alegres com as dádivas desta segunda colheita!"
As outras sete celebrações Pagãs
Mabon é um dos 8 festivais do calendário pagão. Em religiões como a Wicca, Mabon compõe, juntamente com Yule, Ostara, Litha, Samhain, Imbolc, Beltane e Lughnasadh, a Roda do Ano que faz parte das práticas dessa religião. A seguir, entenda seus costumes e suas relações com a Deusa e o Deus.
■Samhain
Samhain (pronuncia-se ‘sôuin’) é um dos grandes Sabbats das bruxas, celebrado no dia 30 de abril no Hemisfério Sul, Samhain coincide com o Halloween no Hemisfério Norte, que ocorre no dia 31 de outubro, na véspera do Dia de Todos os Santos.
Neste festival, o Deus Cornífero está morto e, por representar o Sol, os dias passam a ser mais escuros, pois o Sol nasce cada vez mais tarde e se põe cada vez mais cedo, na metade mais escura do ano.
Em Samhain, o véu entre os mundos está mais tênue e, por isso se celebra os antepassados, já que se acredita que os espíritos daqueles que partiram podem caminhar entre os vivos novamente.
■Yule
Yule é a celebração do Solstício de Inverno. Após padecer em Samhain, o Deus do Sol renasce novamente em Yule como a Criança da Promessa. Seu nascimento acontece no Meio do Inverno e traz consigo a lembrança de que dias mais claros e longos virão e que a luz sempre voltará.
Como símbolo de que a luz e a vida retornarão em breve, é comum decorar a casa com pinheiros, uma vez que eles permanecem verdes até mesmo durante o frio do inverno, guirlandas e acender fogueiras. Nas tradições neopagãs, é comum também presentear os entes queridos nessa data.
No hemisfério Norte, Yule é celebrado próximo ao Natal, enquanto no Hemisfério Sul ele ocorre aproximadamente no dia 21 de junho.
■Imbolc
Imbolc é o nome de um dos quatro grandes festivais sazonais gaélicos e seu nome significa “dentro do ventre”. Este festival acontece no ponto central entre o solstício de inverno e o equinócio da primavera, no dia 31 de julho no Hemisfério Sul e 2 de fevereiro no Hemisfério Norte.
Ele é o Sabbat dos novos começos e está associado à deusa celta do fogo, da fertilidade, poesia, Brigid. Neste festival, a Deusa está repousando sob a terra após o parto do Deus e começa a dar os primeiros sinais de que a vida voltará a brotar novamente.
Como parte de sua celebração tradicional, era comum acender fogos e confeccionar uma boneca representando a deusa Brigid, utilizando feixes de trigo e de aveia.
■Ostara
Ostara marca a chegada da Primavera. Consequentemente, é um Sabbat menor. Após dar à luz ao Deus em Yule e recuperar suas forças no Imbolc, a Deusa em seu aspecto de Donzela passa a caminhar sobre a Terra, afugentando através dos seus passos o frio do inverno e despertando com sua caminhada as flores da primavera.
É chegado o momento de arar a terra para semeá-la e se preparar para colher aquilo que deseja. Em Ostara, noite e dia possuem a mesma duração e é, portanto, um dia de equilíbrio. No Hemisfério Norte, Ostara acontece aproximadamente no dia 21 de março, ao passo que no Hemisfério Sul, 23 de setembro é a data aproximada.
■Beltane
Beltane é um Sabbat Maior que marca o início do Verão, quando finalmente dias mais quentes e claros chegam. Durante Beltane, há o encontro da Deusa com o seu Consorte, o Deus Cornífero e, a partir desta união, a Deusa gerará um filho que trará a promessa de luz novamente no inverno.
Neste Sabbat, são executados ritos de fertilidade que geralmente ocorrem após uma dança mágica ao redor do Mastro de Beltane e a coroação da Rainha De Maio. No Hemisfério Norte, Beltane é celebrado no dia 30 de maio, ao passo que a sua data no Hemisfério Sul é o dia 31 de outubro.
■Litha
Litha é o Sabbat Menor em que se celebra o solstício de verão. Ele é precedido por Beltane e seguido por Lammas. Litha marca o ápice do verão, momento em que o sol alcança o ponto mais alto, resultando no dia mais longo do ano.
A Deusa está grávida do Deus do Sol e o Deus está no ápice de sua virilidade. É um momento de fertilidade, abundância, alegria e celebração. No entanto, a partir do girar da Roda do Ano, pouco a pouco o sussurro das sombras se faz presente, pois, a partir de Litha, os dias ficarão mais curtos.
Tradicionalmente são acesas fogueiras para representar o Sol neste dia. Litha é celebrado por volta do dia 21 de junho no Hemisfério Norte e 21 de dezembro no Hemisfério Sul.
■Lammas
Lammas ou Lughnasadh é um Sabbat Maior. Ele é o primeiro da Série de três festivais da colheita, juntamente com Mabon e Samhain, respectivamente. Nele, são celebrados os resultados da união do Deus e da Deusa, cujos frutos são percebidos na abundância da primeira colheita.
É momento de colher aquilo que foi plantado em Ostara e agradecer a abundância típica desta época do ano. A Deusa se apresenta como a Matrona dos Cereais e o trigo e outros grãos são os símbolos deste Sabbat.
Tradicionalmente, assa-se neste dia o pão de Lammas com os grãos da colheita para atrair abundância. Lammas é celebrado no dia 01 de agosto no Hemisfério Norte e no dia 02 de fevereiro no Hemisfério Sul.
Por que os Wiccas recomendam comemorar o Sabbat Mabon?
Praticantes da religião Wicca recomendam comemorar o Sabbat Mabon por dois principais motivos. O primeiro deles é a reconexão com a natureza. Celebrar Mabon é um momento de se alinhar com os ciclos naturais, aproveitando, assim, para alcançar maior equilíbrio.
Lembre-se que nesta data, o dia e a noite possuem mesma duração, momento ideal para trazer esta energia para sua vida. Como segundo motivo, está a oportunidade de agradecer aos deuses pela colheita, reconhecendo as suas graças e compartilhando-as com aqueles que precisam de alimento e de segurança.
Mabon é também um momento ideal para reflexão. Sob sua luz minguante, é possível ainda completar planos feitos quando o sol estava em seu esplendor, lembrando a si mesmo de seus sonhos.
Assim, você poderá se preparar para os dias mais escuros e frios que estão por vir, reconhecendo os frutos do seu trabalho que manterão acesa a esperança de dias melhores.
Entusiasta dos saberes tradicionais e milenares, escreve sobre o tema nas horas vagas.