O que é Constelação Familiar Sistêmica?
Constelação Familiar Sistêmica é uma espécie de terapia integrativa, que tem por finalidade trabalhar questões emocionais internas que estejam relacionadas às relações ou ao histórico familiar, com as quais o paciente possa ter dificuldade de lidar ou até alguns traumas relacionados.
A técnica da Constelação Familiar para acessar esses sentimentos e sensações é por meio da representação desses familiares por coisas ou pessoas, de forma que o paciente consiga associar as figuras aos sentimentos e conseguir expor suas sensações livremente para tratamento.
Sendo assim, a terapia trabalha muito mais com energia do que com ideias, pois tenta recriar situações para transformá-las. A ideia é a de que fazemos parte de um sistema, e analisando o todo, é possível atingir o equilíbrio.
Continue a leitura para entender os principais aspectos da Constelação Familiar, como sua origem, seus benefícios, e até suas contraindicações.
História da Constelação Familiar
A Constelação Familiar nasceu após a viagem que Bert Hellinger fez à África, em que estudou por mais de 20 anos as relações familiares e desenvolveu a ideia de que todos são parte de um sistema familiar intrínseco, que carrega energia entre gerações, e em que os padrões de comportamento se repetem, ainda que inconscientemente.
Então, a terapia de Constelação Familiar veio tomando força durante todo o século XX e começo do XXI, e atualmente tem se popularizado muito, sobretudo a partir do advento da internet, sendo hoje considerada a cura do futuro para todos os tipos de doenças, de mentais, as físicas e emocionais. A seguir estão pontos essenciais sobre a história da Constelação Familiar. Confira.
■Bert Hellinger
Bert Hellinger, criador da Constelação Familiar, nasceu em 1925 na Alemanha, e antes de partir em sua viagem missionária, pertenceu ao exército nazista. Sempre teve relação com a Igreja Católica, tendo cursado teologia e filosofia.
Após o término da 2ª Guerra Mundial, partiu para a África do Sul em missão católica, onde foi diretor de colégios, se graduou em artes e largou o ofício de ser padre para estudar psicologia e as relações humanas com as tribos Zulu.
Em 1960, retornou aos Estados Unidos, onde continuou seus estudos e casou-se duas vezes. Escreveu mais de 15 livros sobre temas relacionados ao amor, destino e espiritualidade. Morreu em 19 de setembro de 2019, com 93 anos.
■Relação com psicodrama
O Psicodrama foi desenvolvido pelo médico romeno Jacob Levy Moreno (1892-1974) e compreende uma terapia em grupo, em que várias pessoas participam, assumindo papéis representativos das questões psicológicas de uma pessoa em especial, o paciente da terapia, no caso.
A relação com a constelação familiar existe, pois em um primeiro momento, ambas possuem essa característica de integrar pessoas alheias aos problemas pessoais da pessoa sob tratamento. Além disso, há um aspecto teatral em ambas, que precisam dessa representação para suscitar os sentimentos que precisam ser tratados através da espontaneidade.
■O diz a ciência sobre a Constelação Familiar
A psicologia convencional não aceita a Constelação Familiar como método de psicanálise terapêutica convencional, e recomenda seu uso apenas como forma auxiliar, não excluindo a necessidade de terapia. Contudo, no Brasil até o SUS vem acolhendo essa modalidade de terapia como forma alternativa a ser disponibilizada para a população.
No mais, de uma forma geral, a medicina e as ciências convencionais já vem adotando os métodos de cura energética e espiritual como auxiliares, e a Constelação Familiar entra nesse vácuo com grande autoridade.
■Não substitui a terapia
É preciso entender que a constelação Familiar não substitui a terapia convencional. Isso acontece primeiro porque ambas possuem técnicas absolutamente diferentes, e, por isso, jamais vão tocar da mesma forma em assuntos que exigem abordagens diferentes.
Isso porque a Constelação Familiar foca nas relações familiares, e ainda que muitas questões emocionais possam ter a ver com a criação que a pessoa recebeu, é possível tratar de outros pontos de vista, sobretudo quando a pessoa já tem um quadro de depressão ou transtorno mental.
Leis do amor
Bert Hellinger, criador da terapia da Constelação Familiar, entendia que as relações familiares se baseiam em três regras básicas, que poderiam ser chamadas de 3 ordens do amor.
De acordo com ele, a lei do pertencimento, a lei da hierarquia e a lei do equilíbrio eram responsáveis por delimitar a forma como a pessoa se sentia em relação ao afeto recebido e como iria se projetar no mundo de acordo com aquilo que recebeu de sua família. Acompanhe a seguir a definição de cada uma das três ordens do amor.
■Lei do pertencimento
A lei do pertencimento diz que todos têm direito a pertencer a um sistema familiar, e que na hipótese de algum elemento ser excluído, haverá desequilíbrio no grupo.
Assim, por pior que possa ser a atitude de algum dos membros da família, não pode haver jamais a sua exclusão ou afastamento. Nesse caso, a tendência é que os membros restantes comecem a agir como aquele que foi excluído, além de que o sistema começa a forçar energeticamente o retorno daquele que foi excluído.
■Lei da hierarquia
A lei da hierarquia diz que nas relações familiares há uma ordem hierárquica que se forma de forma cronológica, em que cada geração é hierarquicamente superior à seguinte. Isso significa que dentro da família existem papéis e sensos de autoridade que devem ser respeitados.
A quebra dessa ordem, como a eventual assunção de obrigações que competem aos pais pelos filhos, geram desequilíbrios nas relações, que não devem ocorrer para o bem da harmonia familiar. É possível sim que filhos ajudem seus pais, desde que isso não seja entendido como obrigação.
■Lei do equilíbrio
A lei do equilíbrio determina que existe uma razão entre dar e receber que deve estar sempre em equilíbrio. Assim, por mais que alguns estejam mais aptos a dar (afeto, carinho, condições materiais) e outros a receber, em uma relação em que há desequilíbrio, não tem como dar certo.
Essa proporção, contudo, pode variar. No relacionamento entre pais e filhos, é natural que os pais deem mais e os filhos recebam mais. No relacionamento amoroso, contudo, como não existe a hierarquia, é essencial que haja o equilíbrio, do contrário, é provável o abandono ou traição por parte da pessoa que só recebe.
Como funciona a Constelação Familiar
A Constelação Familiar acontece através da representação de cenas que toquem sentimentos profundos do constelado no que se refere às suas relações familiares. Para isso, há uma verdadeira dramatização de situações específicas, para que as situações se aproximem o máximo possível da realidade e a pessoa possa de fato revelar o que a faz sentir de uma certa maneira.
Em seguida, há uma racionalização dos sentimentos expostos, para que ela possa seguir e evoluir perante aquelas situações que a fazem sofrer. A seguir estão os principais elementos da Constelação familiar, como o papel da consteladora ou constelador, e as terapias em grupo ou individuais.
■A consteladora ou constelador
O constelador ou consteladora sistêmica é o profissional que conduz todo o processo, e que tenta estabelecer, ao fim da terapia, um ponto de vista sobre o sistema que seja saudável para todos os envolvidos na situação. A ideia é que, a partir dos elementos trazidos pelo constelado, o constelador projete a situação do ponto de vista de todo o sistema, para sanar as eventuais dores surgidas.
Há alguns pressupostos para a atuação do constelador, que são ausência de intenção, empatia (ou amor), e verdade. É preciso que o constelador tenha essas questões muito claras dentro de si, para que possa oferecer uma solução não enviesada, que venha para restabelecer a harmonia perdida.
■Constelação Familiar em grupo
A Constelação Familiar em grupo ocorre quando, para além do constelador e do constelado, há a participação de um grupo de pessoas para representar os familiares do constelado.
Assim, com a visualização da pessoa em si, e com a reprodução de atitudes e diálogos, é mais fácil que o constelado tenha acesso às sensações puras que lhe fazem sofrer.
■Constelação Familiar individual
A Constelação Familiar Individual conta apenas com a participação do constelador e do constelado. Assim, há da mesma forma um processo de criação por parte do constelador a partir dos elementos fornecidos pelo constelado, mas nesse caso há o uso de objetos ou apenas da imaginação para reproduzir a cena. Não há participação de outras pessoas.
Para quem não é indicada a Constelação Familiar
Apesar dos benefícios que uma terapia de Constelação Familiar pode trazer, é preciso entender que ela funciona através do contato com sentimentos profundos, muitas vezes difíceis de lidar. Por essa razão, é imprescindível que a pessoa a ser constelada esteja minimamente saudável mentalmente.
As doenças ou fragilidades da mente podem ser muito perigosas se estiverem fora de controle, e acessar sentimentos difíceis pode ser um gatilho para piorar essa situação.
A seguir estão descritas as situações para as quais a Constelação Familiar não é recomendada, como para pessoas em depressão intensa, pessoas com quadros psicopatológicos, assim como para pessoas que sofrem de esquizofrenia, e até pessoas sob efeito de drogas e álcool. Acompanhe.
■Pessoa em depressão intensa
A depressão intensa em geral está relacionada aos sentimentos que a pessoa cultiva, muitas vezes por fatos ocorridos que ela tem extrema dificuldade em trabalhar internamente. Pode ser a perda de uma pessoa ou de algo que lhe era muito valioso, como algumas oportunidades.
Assim, a Constelação Familiar em uma pessoa que sofre de depressão profunda não é recomendada, pois muito provavelmente tocará nessas feridas profundas que já estão debilitando a pessoa. É preciso recuperar essa pessoa um pouco antes para poder trabalhar as questões de frente.
■Pessoas com quadros psicopatológicos
Pessoas com quadros psicopatológicos não podem fazer a terapia de Constelação Familiar, pois há uma interação profunda não só com os sentimentos sensíveis, que podem desencadear todo tipo de reação quando vem à tona, mas também com outras pessoas, gerando um risco para essas pessoas que estão ali apenas para auxiliar.
A pessoa que sofre de distúrbio psicopatológico já está por definição em uma situação de vulnerabilidade mental constante, e não pode se expor ao risco que uma experiência transformadora nesse nível pode oferecer, para ele, e para as demais pessoas envolvidas.
■Pessoas sob efeito de drogas e álcool
Pessoas sob efeito de drogas e álcool também possuem uma vulnerabilidade excessiva em relação aos pensamentos e sentimentos com os quais não conseguem lidar. Em geral, o vício vem para esconder uma dor que a pessoa não pode suportar.
Assim, fazer a terapia em pessoas sob efeito de drogas e álcool também não é recomendado, pois além dos efeitos que o contato com esses sentimentos pode gerar na pessoa, pode trazer consequências para terceiros, com possíveis quadros de agressividade, violência e inconsequência.
■Crianças sem autorização
A terapia de Constelação Familiar pode ser feita em crianças, mas apenas com autorização dos pais. Mesmo assim, Bert Hellinger dizia que a terapia era recomendada apenas para crianças acima dos 8 anos, idade em que já há uma compreensão maior dos fatos que a cercam.
Ainda que o tratamento das questões familiares seja para melhorar a qualidade de vida, é sempre muito importante preservar as crianças dos obstáculos que ainda não estão prontas para enfrentar, sobretudo em se tratando de saúde mental.
■Gestantes
A terapia de Constelação Familiar também não é indicada para gestantes. Isso porque a terapia pode ser muito intensa psicologicamente e até fisicamente, uma vez que o objetivo é atingir uma catarse para transformar a forma como a pessoa lida com certas questões.
Assim, nas gestantes, tanta intensidade física e emocional pode representar risco de sangramentos e até um aborto espontâneo. Por essa razão, deve ser evitada.
Quais são os benefícios
A terapia de Constelação Familiar pode trazer inúmeros benefícios se for desenvolvida corretamente. A saúde mental e emocional são os elementos que de fato afetam a nossa vida, pois quando não observadas, são também a causa de outras doenças físicas.
Libertar a mente de pensamentos e padrões negativos, sobretudo em relação a forma como você se enxerga e vive o seu afeto é sem dúvida uma das maiores conquistas que o ser-humano pode conseguir. Acompanhe a seguir alguns dos principais benefícios que a terapia de Constelação Familiar pode oferecer, como revelar questões fundamentais, resolver conflitos sem julgamentos e trazer equilíbrio à vida.
■Revela questões fundamentais
Muitas vezes, a parte mais difícil de tratar uma dor da alma é identificá-la. Isso não só porque a mente apaga as memórias dolorosas como mecanismo de defesa, mas porque a própria pessoa não quer tocar nesses sentimentos sozinha por medo do que está por vir.
A Constelação Familiar, contudo, permite esse contato com questões fundamentais com o apoio de um grupo de profissionais capacitados, que saberão conduzir esses padrões de comportamento para algo mais sadio, de forma que a pessoa poderá identificar seus traumas sem medo.
■Põe fim a padrões problemáticos
O princípio maior da terapia de Constelação Familiar é tocar sentimentos e padrões de comportamento acerca de questões de difícil enfrentamento, como uma possível rejeição sofrida em razão do pai e da mãe, que no entanto a pessoa permanece reproduzindo.
Assim, no momento em que há o contato com os sentimentos e com a energia que emana desse momento, que fica se repetindo no inconsciente da pessoa, há possibilidade de reverter a forma que a pessoa enxerga essa situação e extinguir de uma vez por todas esses padrões problemáticos.
■Resolve conflitos sem julgamentos
A maioria das pessoas sente uma espécie de vergonha de seus sentimentos ocultos que causam dor, ou porque se sentem culpadas, ou porque se sentem rejeitadas, e acabam omitindo essas informações de si e dos outros, para não sentirem dor.
Nessa terapia, contudo, o objetivo maior é resolver essas questões e transcender esses pensamentos negativos, de forma que os consteladores e outros participantes são orientados a não sentir nada em relação às informações que vierem a surgir, para que a pessoa possa resolver seus conflitos sem julgamentos.
■Traz equilíbrio à vida
Uma vez que as questões psicológicas e traumas familiares estão resolvidos, fica muito mais fácil dar equilíbrio à vida, na medida em que você passa a compreender que sentimentos e dores são normais, e que é preciso trabalhar esse mundo interno para alcançar a paz.
Por isso, a terapia de Constelação Familiar é altamente recomendada para qualquer um que queira no mínimo uma vida mais feliz, com maior capacidade de enfrentamento de problemas e maior capacidade de valorização das situações positivas também.
■Mudanças energéticas
Ainda que a Constelação Familiar seja acompanhada pela psicologia, na essência se trata de uma terapia energética, na medida em que a ideia é acessar os traumas de antepassados e identificar a energia, geralmente negativa, presente em alguns padrões de comportamento.
Assim, o objetivo é transmutar essas energias, passando de energias de baixa vibração, como medo e culpa, para energias de alta vibração, como acolhimento, aceitação e gratidão. Os benefícios dessa mudança são perceptíveis em todos os níveis, desde as relações até a saúde física.
A Constelação Familiar realmente ajuda?
O trabalho de tratamento dos aspectos do eu interior é o que de fato transforma uma pessoa e aumenta as chances de viver a paz e a felicidade. A Constelação Familiar com certeza ajuda aquelas pessoas que se entregam ao processo e desejam de fato ver suas questões internas mais difíceis sendo resolvidas.
Isso pode ser constatado tanto de um ponto de vista científico, entendendo que qualquer terapia que tenha por finalidade o contato e tratamento dos sentimentos mais profundos já é por si só muito positiva, quanto espiritual energético, na medida em que a pessoa se liberta dos padrões energéticos dos antepassados e passa a ser livre para construir seus padrões positivos.
Graduada em direito, larguei a profissão para me dedicar ao que realmente me interessou em tudo isso: as palavras. Viajante e mais madura, começo a entrar no mundo mágico da espiritualidade com a fé de que o sobrenatural é o nosso guia na Terra para alcançar a iluminação. O conhecimento é a chave e a busca é o caminho. O Amor é a verdade.